Dengue, zika e chikungunya são problemas sérios no Brasil, e todo ano o Aedes aegypti faz estragos. Pensando nisso, a UFSC Blumenau está desenvolvendo tecidos que ajudam a afastar o mosquito.
O trabalho faz parte do projeto “Têxteis sustentáveis no controle do Aedes aegypti”, que recebeu R$ 986 mil de financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc). A proposta é clara: criar tecidos sustentáveis e resistentes à lavagem que possam ser usados como aliados no controle da dengue.
A pesquisa é liderada pela professora Andrea Krause Bierhalz, do Departamento de Engenharia Têxtil, com uma equipe que inclui Cristiane da Costa, Fernanda Steffens, Odinei Hess Gonçalves, Rita de Cássia Siqueira Curto Valle, José Alexandre Borges Valle e Joziel Aparecido da Cruz. Com duração de dois anos, o projeto vai além da inovação: busca oferecer uma solução simples e prática para a saúde pública.
O problema e a solução
Os repelentes naturais têm um grande desafio: o efeito deles é temporário, e a eficácia diminui ainda mais após lavagens. Para contornar isso, os pesquisadores estão encapsulando os compostos em partículas nanométricas que serão fixadas às fibras do tecido. Essa técnica deve prolongar o efeito, mesmo depois de várias lavagens.
Os testes de repelência serão feitos em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que conta com laboratórios preparados para avaliar o efeito real dos tecidos. Os mosquitos usados nos testes são criados em laboratório para garantir a precisão dos resultados, como idade, estado fisiológico e ausência de vírus da dengue.
Raízes da pesquisa
O projeto nasceu no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Têxtil (PGETEX), a partir do trabalho da mestranda Quesli Martins. Ela testou tecidos tratados com óleo de neem e quitosana e conseguiu até 75% de repelência contra mosquitos. O estudo inicial abriu portas para novas possibilidades, como o uso de diferentes compostos e métodos para aumentar a eficácia dos tecidos repelentes.
Financiamento e novos equipamentos
O financiamento da Fapesc foi um marco importante para o projeto. Apenas seis propostas foram aprovadas em todo o estado, e a aprovação foi recebida com entusiasmo pela equipe. Do valor total de R$ 986 mil, metade será usada para a compra de equipamentos, incluindo um medidor de nanopartículas e um aparelho para testar resistência à lavagem e tingimento. Esses equipamentos serão instalados no Laboratório Integrado Têxtil (Lintex), onde poderão beneficiar outras pesquisas.
A outra metade do financiamento será destinada ao custeio, incluindo bolsas de estudo para mestrandos, iniciantes na pesquisa e um pós-doutorando, além de materiais e despesas com viagens para os testes em Minas Gerais.
Por um futuro mais seguro
Os tecidos repelentes desenvolvidos na UFSC Blumenau têm o potencial de ser uma solução prática e sustentável no combate ao Aedes aegypti. Com inovação tecnológica e um olhar para a saúde pública, o projeto promete ajudar na prevenção de doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, de forma acessível e eficiente.