O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) divulgou novos dados preocupantes sobre a qualidade da água na bacia hidrográfica do rio Camboriú. O levantamento contínuo, conduzido pelo Programa Qualidade da Água, identificou a presença de resíduos de agrotóxicos, como Bentazona e 2,4 D, na água utilizada para o abastecimento dos municípios de Camboriú e Balneário Camboriú. A revelação foi feita durante uma reunião online na última quinta-feira (15/08/24), organizada pelos Centros de Apoio Operacional do Consumidor e do Meio Ambiente do MPSC.
No encontro, que contou com a participação de promotores de justiça, órgãos de fiscalização, e instituições ambientais, a 3ª Promotoria de Justiça de Camboriú propôs a fiscalização intensiva das áreas rurais do município para investigar o uso e manejo de agrotóxicos nas lavouras. A ação é parte de uma estratégia mais ampla de prevenção e combate à contaminação dos mananciais da bacia do rio Camboriú.
A bacia hidrográfica do rio Camboriú cobre uma área de 220 quilômetros quadrados, sendo o rio Camboriú, com seus 33 quilômetros de extensão, fundamental para o abastecimento de água das cidades mencionadas. A proposta da Promotora de Justiça Greicia Malheiros da Rosa de Souza é estabelecer um trabalho conjunto com órgãos fiscalizadores, com o objetivo de educar os agricultores sobre práticas agrícolas seguras e sustentáveis. A expectativa é que essa força-tarefa leve os produtores a adotarem mudanças no manejo dos agrotóxicos, garantindo tanto a qualidade dos alimentos quanto a preservação dos recursos hídricos.
A promotora destacou que o MPSC, há anos, trabalha em conjunto com diversas entidades, como CIDASC, EPAGRI e Polícia Militar Ambiental, para combater o uso indiscriminado de agrotóxicos na produção agrícola. Essas ações buscam não apenas a segurança alimentar, mas também a proteção ambiental e a qualidade da água para consumo humano.
Além das discussões sobre o manejo de agrotóxicos, o Instituto Água Conecta apresentou um detalhado Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú. O estudo revelou preocupações adicionais, como a elevada carga orgânica e a baixa vazão nas águas superficiais do rio, o que afeta diretamente a qualidade da água captada para consumo.
Os resultados do estudo servirão de base para as próximas ações de fiscalização e sensibilização, que incluem uma reunião agendada para setembro entre a Promotoria de Justiça, a Empresa Municipal de Águas e Saneamento do Município de Balneário Camboriú (EMASA) e os agricultores da região. A iniciativa visa a implementação de práticas que assegurem a integridade dos recursos hídricos e dos alimentos consumidos pela população.