O Brasil se junta a um dos maiores empreendimentos da astronomia moderna, o Legacy Survey of Space and Time (LSST), um projeto internacional de US$ 1 bilhão que visa mapear o céu do Hemisfério Sul durante a próxima década. Através de um acordo de cooperação com o SLAC National Accelerator Laboratory, da Universidade Stanford, o Brasil, representado pelo Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LineA), contribuirá para a iniciativa que envolve 43 grupos de pesquisa de 28 países.
O supertelescópio, com 8,4 metros de diâmetro, localizado em Cerro Pachón, no Chile, é equipado com a maior câmera digital do mundo, capaz de capturar imagens em ultradefinição com 3,2 bilhões de pixels. O telescópio escaneará o céu todas as noites, permitindo a observação detalhada de estrelas, galáxias e asteroides, com o objetivo de entender melhor a energia escura que acelera a expansão do universo.
A partir da próxima semana, começam os testes com a câmera do telescópio, e as primeiras imagens estão previstas para setembro. O Brasil terá um papel fundamental ao gerenciar um centro de dados para armazenamento e processamento das informações geradas, um projeto liderado pelo LineA desde 2021. O centro, conhecido como Independent Data Access Center (IDAC), será parte de uma rede mundial de centros de dados.
Além de garantir a participação de 170 brasileiros, 80% dos quais são jovens pesquisadores, o acordo permitirá que 26 instituições de ensino de 12 estados brasileiros integrem o Grupo de Participação Brasileiro (BPG-LSST). O diretor do LineA, Luiz Nicolaci da Costa, destaca que o projeto proporcionará acesso privilegiado aos dados para jovens cientistas, promovendo uma mudança de paradigma na forma como o universo é estudado.
O Observatório Vera C. Rubin, nos EUA, lidera a operação do LSST, com financiamento conjunto da Fundação Nacional de Ciência dos EUA (NSF) e do Departamento de Energia dos EUA (DOE). O Brasil participa do projeto desde 2015, e a continuidade da iniciativa dependerá da obtenção de recursos estimados em R$ 6 milhões anuais para o custeio da equipe e desenvolvimento de software especializado.
Ao longo de dez anos, o LSST produzirá um catálogo colossal de até 37 bilhões de objetos celestes, permitindo uma exploração sem precedentes do universo. A participação do Brasil nesse projeto de vanguarda promete impulsionar o desenvolvimento de novas tecnologias no campo da ciência de dados e inteligência artificial, além de ampliar nossa compreensão do cosmos.