A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta terça-feira (13/08/24) a decisão de manter a poliomielite como uma emergência em saúde pública de interesse internacional. A entidade baseou-se na análise de um comitê de emergência que avaliou a situação em países como Afeganistão, Paquistão, Somália e outros, onde o vírus ainda circula e representa risco de propagação internacional.
De acordo com a OMS, o comitê de emergência, que revisa periodicamente a situação global da poliomielite, decidiu por unanimidade prorrogar as orientações temporárias por mais três meses. Entre os principais fatores considerados estão a vacinação de rotina deficiente em diversos países e a inacessibilidade a serviços de saúde, especialmente em áreas de conflito, como o norte do Iêmen e a Somália, onde grande parte da população não foi imunizada por longos períodos.
Desde a última reunião do comitê, em abril, 12 novos casos de poliovírus selvagem foram notificados, sendo cinco no Afeganistão e sete no Paquistão, totalizando 14 casos em 2024. Além disso, as amostras ambientais que testaram positivo para o vírus nesses países aumentaram significativamente, com o Paquistão registrando 186 casos positivos e o Afeganistão 62 até o momento.
Os casos de poliovírus circulante derivado da vacina também estão em ascensão, com 72 registros em 2024, dos quais 30 ocorreram na Nigéria. A OMS informou que Etiópia e Guiné Equatorial são os mais recentes países a reportar casos desse tipo, a maioria importada do Sudão e do Chade. Essa forma de poliomielite ocorre devido ao uso da vacina oral, que contém o vírus enfraquecido. Em áreas com saneamento inadequado, o vírus pode se espalhar e infectar pessoas não vacinadas, perpetuando sua circulação.
A situação é particularmente preocupante na Faixa de Gaza, onde foram detectadas seis amostras ambientais positivas para poliovírus derivado da vacina em junho de 2024. A OMS, em resposta, anunciou o envio de mais de 1 milhão de doses de vacina para a região, com o objetivo de imunizar cerca de 600 mil crianças de até 8 anos. Em colaboração com o Unicef e a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, serão realizadas duas rodadas de campanha de vacinação, visando conter a disseminação do vírus.
Além da poliomielite, a OMS relatou um aumento significativo nos casos de hepatite A, diarreia e gastroenterite em Gaza, reflexo das condições sanitárias precárias na região, onde esgoto não tratado é despejado nas ruas, agravando o risco de surtos. A entidade destaca que, sem liberdade de circulação para os profissionais de saúde e equipamento médico, será difícil garantir a eficácia das campanhas de vacinação e proteger as crianças de doenças graves.
A poliomielite, classificada como altamente infecciosa, pode causar paralisia irreversível em uma em cada 200 infecções, com uma taxa de mortalidade de 5% a 10% devido à paralisia dos músculos respiratórios. Embora os casos globais tenham diminuído 99% desde 1988, a erradicação completa do vírus ainda enfrenta desafios, especialmente em áreas com baixa cobertura vacinal. A doença continua a ser a única emergência em saúde pública de importância internacional mantida pela OMS, que monitora atentamente o risco de surtos e a propagação do vírus, incluindo a recente preocupação com a MPOX na África.
Fonte: Agência Brasil