A Polícia Civil divulgou alguns detalhes da investigação que apurou as circunstâncias do assassinato do empresário Márcio Elizeu Melo, de 45 anos, ocorrido em 29 de janeiro de 2024. A primeira peculiaridade que chamou a atenção das equipes foi o fato de o local ter quatro câmeras de videomonitoramento, mas não nenhuma imagem disponível.
Durante uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (2/02), o delegado Filipe Martins Alves Pereira confirmou que o filho de 18 anos tinha confessado o crime no dia anterior. Segundo a Polícia Civil, o jovem teria oferecido R$ 50 mil em dinheiro e um automóvel a um amigo para executar os próprios pais. Durante os as oitivas levantadas pelos investigadores, a namorada desse amigo teria confirmado essa versão, mostrando que sabia do plano.
O filho saiu de casa por volta das 22h50. A porta dos fundos e uma das janelas ficaram abertas, justamente a que tinha um ponto cego para as câmeras de segurança. Ele se encontrou com o amigo, ambos trocaram de roupas e retornaram à residência com o objetivo de cometer os homicídios. A dupla passou por uma região de mata, e o filho acabou perdendo a faca.
O jovem conhecia bem o layout da casa e compartilhou informações com o amigo. Após entrarem no imóvel pela janela, o filho, com uma camiseta na cabeça para dificultar a identificação, pegou outra faca, e ambos se dirigiram ao quarto do casal para cometer os assassinatos enquanto as vítimas dormiam. Ficou acordado que o filho mataria o pai, enquanto o amigo executaria a mãe.
No entanto, algo inesperado ocorreu, pois o pai escutou um barulho e foi verificar o que estava acontecendo. O amigo, ao perceber isso, atacou o homem com uma facada no pescoço, resultando em uma luta corporal. Após neutralizar a vítima, finalmente conseguiu matá-la.
A mãe de 39 anos acordou devido ao barulho, e o filho entrou no quarto com a camisa na cabeça. Em seguida, ele desferiu um golpe na cabeça e outros seis no tórax da mulher. Acreditando que ela também estava morta, ambos deixaram a casa e retornaram à residência do amigo, que serviu como álibi. Lá, eles tomaram banho e vestiram as mesmas roupas que usavam antes do crime.
Posteriormente, eles voltaram ao local do assassinato e viram a movimentação policial. No entanto, os investigadores notaram várias situações estranhas. Em primeiro lugar, não havia imagens das câmeras de segurança. A mochila usada pelo filho estava vazia quando deixou a casa, e a surpresa dele ao descobrir que a mãe havia sobrevivido.
Na quinta-feira (1), os policiais encontraram imagens de uma câmera que mostravam o momento em que uma pessoa entra na na cozinha. Apesar de usar uma camisa na cabeça, as características físicas levaram a crer que se tratava do filho. Familiares que convivem com ele desde pequeno, o reconheceram pela estatura e maneira de andar.
O jovem foi convocado a prestar esclarecimentos na delegacia, onde estava acompanhado de seu advogado. Durante o interrogatório, que durou cerca de duas horas, diante de todas as evidências, ele confessou o crime e revelou os detalhes.
Segundo a apuração da Polícia Civil, o filho trabalhava na pequena metalúrgica junto com o pai e sentia-se tratado como um mero funcionário em casa. A motivação do crime teria sido uma revolta em relação aos pais, envolvendo as questões do dia a dia.
De acordo com o delegado, o jovem teria revelado que usaria o dinheiro da herança para comprar uma chácara onde pretendia plantar maconha. O lucro da operação seria dividido entre ele e o amigo. Portanto, a Polícia Civil investigará o envolvimento de outras pessoas no assassinato e se tem alguma relação com o tráfico de drogas. Os dois homens envolvidos no assassinato estão presos preventivamente, em mandado expedido pela Justiça.
No que diz respeito à mãe, ela só soube através da polícia a participação do filho no crime. Ela está se recuperando em um hospital, pois foi gravemente ferida, mas seu estado de saúde é considerado estável.
Confira a coletiva: