Na terça-feira (19/12/23), uma cliente procurou a oficina de Cláudio Danker, no bairro Itoupavazinha, em Blumenau, para verificar a lavadora de roupas dela, que estava cheia de manchas, as quais ela inicialmente acreditava serem de óleo. No entanto, ao chegar na casa de Bruna Aparecida Nasato, de 40 anos, na Rua Júlio Moser, o profissional constatou que se tratava de piche, o mesmo material usado nas obras envolvendo o asfalto.
Cláudio levou o eletrodoméstico até sua oficina, onde precisou desmontá-lo e lavá-lo completamente com querosene. Para comprovar a situação, ele registrou fotos e vídeos, que foram mostrados para Bruna. Depois de consertada e limpa, ele devolveu a lavadora e percebeu que uma vizinha dela estava com o mesmo problema. “Hoje (20) mais três pessoas me procuraram para fazer a manutenção da lavadora. Em uma delas, o piche acumulado na válvula trancava a entrada de água. Na outra máquina, a mesma sujeira”, relatou o profissional.
Bruna possui um salão de beleza e usa a máquina de lavar roupa diariamente. No final da tarde de segunda-feira (18), em um dia muito quente, ela deixou uma quantidade de roupa no eletrodoméstico e foi até a academia. Ao retornar, ela se assustou com a água suja e manchas que pareciam ser de óleo. Foi quando entrou em contato com Cláudio para que ele avaliasse o que havia acontecido com a máquina de lavar.
“Comecei a verificar nas redes sociais e vi que alguns vizinhos estavam postando sobre água suja, até que começaram a mencionar o piche”, relatou Bruna. Primeiro, ela achou que era apenas falta de água, mas logo percebeu que os canos estavam entupidos e suspeitou que a bomba de água da máquina havia estourado, pois ficou toda preta por dentro. Para evitar que o piche entrasse na caixa de água, o filho de 16 anos usou uma solução caseira (vídeo).
Segundo Bruna, o SAMAE teria negado que o problema tivesse partido da autarquia. A suspeita é de que o óleo tenha parado na tubulação da rede de água após o descarte inadequado de alguma empresa.
“Se isso for verdade, não sabemos, mas estamos em busca de respostas e soluções, pois quem arcará com todo esse prejuízo?”, questionou a moradora, preocupada com o impacto no sistema hidráulico (e nos equipamentos) de sua residência. O que ela precisa mesmo é o retorno da normalidade no abastecimento e da qualidade da água.
Além disso, moradores do Loteamento Milani e de outras áreas da região teriam relatado problemas semelhantes. Entramos em contato com a prefeitura mostrando a situação e pedindo um retorno.
Samae investiga possível ato criminoso na rede de abastecimento de água
Equipes do Samae estão trabalhando para identificar o resíduo escuro que chegou por meio da rede de água em aproximadamente 30 residências no bairro Itoupavazinha. A suspeita é de crime ambiental, já que de acordo com amostras coletadas, o dejeto encontrado se assemelha a piche, ou seja, o asfalto em forma líquida.
O resíduo não faz parte dos produtos utilizados na produção de água, como também na manutenção da rede. Amostras já foram enviadas para laboratório para identificação completa do resíduo.
Paralelamente a isso, o Samae segue produzindo os relatórios necessários e irá tomar as medidas cabíveis. Independente disso, Samae irá visitar todas as residências para fazer levantamento dos prejuízos e dentro da comprovação dos danos, a autarquia irá indenizar os moradores.
As fotos e os vídeo demonstram a dimensão da situação que estão enfrentando.