De acordo com o sistema de monitoramento da Rede Hidrometeorologia da Defesa Civil de Santa Catarina, às 13h desta sexta-feira (13/10/23), a Barragem Norte (José Boiteux) estava com 96,74% de sua capacidade de armazenamento tomada. Ou seja, quando chegar a 100%, a estrutura estará contendo 357 milhões de metros cúbicos de água.
Com um volume tão grande que oferece potencial de inundar várias cidades do Vale do Itajaí, começaram a surgir fake news dando conta de que poderia romper. Será mesmo? Segundo Luiz Armando Schroeder Reis, Secretário da Defesa Civil de Santa Catarina, as pessoas estão confundindo romper com verter.
O secretário estava em Blumenau na manhã de hoje (13) acompanhando uma comitiva de Jorginho Mello, governador de Santa Catarina, que estava com o ex-presidente Jair Bolsonaro, além de outras autoridades, inclusive o prefeito Mário Hildebrandt. Estava na agenda um sobrevoo sobre as regiões do Alto Vale atingidas pelas fortes chuvas.
Durante uma coletiva de imprensa, o secretário foi questionado sobre a segurança da Barragem Norte (José Boiteux). Ele abriu a conversa lembrando que Santa Catarina passou por um período de 12 dias de chuva, com três ondas.
Com a elevação do nível do Rio Itajaí-Açu, as barragens de Taió e Ituporanga acabaram vertendo, há três dias seguidos. O secretário disse que a barragem de José Boiteux, que tem capacidade técnica de armazenar 357 milhões de metros cúbicos, nunca verteu e tem conseguido reter 96,5% de água que poderia causar uma grande enchente no Vale do Itajaí.
“Às vezes as pessoas confundem verter com romper. Verter faz parte da segurança da barragem, quando a água passa devagar pela estrutura, porque não tem mais capacidade de conter, e cai na calha do Rio e segue o fluxo, só aumentando o volume que irá descer. Mesmo assim, ainda estamos contendo uma grande quantidade de água nas três barragens (Taió, Ituporanga e José Boiteux)”, tranquilizou o secretário.
Naquele horário (13h), a Barragem Sul (Ituporanga) estava com 117,37% de sua capacidade, e a Oeste (Taió), com 113,39%, portanto ambas vertendo. Reis comentou que a decisão de abrir as comportas é feita de forma técnica, quando há um nível de segurança.
“Eu não posso abrir muito cedo, porque Blumenau ainda tem mais de 10 metros de água. Se eu abrir agora (referindo-se a José Boiteux), inundará a cidade. O mesmo acontece com Taió e Ituporanga. Então às vezes a gente sofre pressão das pessoas para abrir as barragens, mas ainda não é o momento, porque precisam ser levados em conta outros fatores técnicos”, esclareceu Reis.
Em relação ao canal extravasor, onde o fluxo do rio é contínuo, ou seja, não tem algo que fecha, o secretário confirmou que obra em sua totalidade não foi concluída. Mas o canal existe. O fechamento da barragem Norte (José Boiteux) envolveu uma negociação com os indígenas, quando alguns acabaram entrando em conflito com o batalhão de choque da Polícia Militar.
O governo de Santa Catarina disse que engenheiros da Secretaria de Infraestrutura realizaram uma vistoria técnica e confirmaram a segurança de todas as estruturas que compõem a barragem.
Com o cessar das chuvas, os níveis dos rios em José Boiteux, Ibirama, Apiúna, Ascurra, Indaial e Blumenau continuam em recessão, situação que deve se manter ao longo dos próximos dias, mesmo com o vertimento da barragem. É possível que o nível do rio em José Boiteux tenha uma pequena elevação, porém não representa qualquer risco de inundação para o município, garante o governo do Estado.