Setembro Amarelo: A vida é a melhor escolha

Uma ação no Parque Ramiro Ruediger chamou a atenção para um assunto que preocupa cada dia mais. No ano passado, 34 pessoas perderam a motivação por viver.

Foto: Soni Robinson Witte

Quem passou pela manhã da última quinta-feira (15/09/22) no Parque Ramiro Ruediger, percebeu uma movimentação diferenciada. O que estava acontecendo era uma ação ao ar livre dos serviços da Atenção Especializada em Saúde Mental de Blumenau: Serviço de Avaliação em Saúde Mental – SAS e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS II, CAPS AD III e CAPS infantil) que faz parte do Setembro Amarelo.

O mês é voltado a uma série de conscientizações de prevenção ao suicídio que em 2022 tem como tema “A vida é a melhor escolha”.

 

Havia uma faixa alusiva à campanha e as pessoas praticavam a chamada “dança circular” embaladas com música. “O objetivo é chamar a atenção das pessoas sobre essa questão de prevenção ao suicídio e do quanto é importante falarem sobre as suas angústias e tristezas”, disse Deisi Maria Sedrez Theiss, Supervisora dos Serviços de Atenção Psicossocial, que reforçou a importância da comunidade procurar atendimento em saúde quando necessário.

O grupo era formado por servidores e usuários da RAPS – Rede de Atenção Psicossocial, além de pessoas que estavam fazendo a sua caminhada e entraram literalmente na roda. A dança circular reforçava o conceito desse apoio mútuo.

“Quando estamos com uma dificuldade mais séria, sempre temos que procurar ajuda e falar. Seja com alguém que confiamos na nossa casa, família, amigos e profissionais de saúde” comentou Theiss, Assistente Social por formação que trabalha na prefeitura há 20 anos. Atualmente ela coordena os serviços de atenção psicossocial de Blumenau (Serviço de Avaliação em Saúde Mental – SAS e Centros de Atenção Psicossocial CAPS II, CAPS AD III e CAPS infantil), serviços vinculados à Secretaria de Promoção da Saúde.

O CAPS 2 (Rua Norberto Seara Heusi, S/N) fica no bairro Escola Agrícola e atende a população adulta com algum tipo de transtorno psíquico grave e persistente. Já o CAPS AD III (Rua Hermann Hering, 766), no Bom Retiro, é voltado para pessoas dependentes de álcool e outras drogas. O CAPSi atende o público infanto-Juvenil até pouco antes de completar 18 anos e fica localizado no bairro Vila Nova (Rua Alfredo Gunther, 73).

As unidades prestam serviço de atendimento em saúde mental e contam com equipes multiprofissionais, entre terapeutas, psicólogos, assistentes sociais, médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagens, entre outros profissionais. O objetivo é atender pessoas portadoras de sofrimentos psíquicos agudos, crônicos e severos, visando a diminuição, neutralização e desconstrução dos processos crônicos de adoecimento.

Suicídio é um assunto muito sério que merece toda a atenção. Somente em 2021, foram registrados 34 atentados contra a própria vida em Blumenau. “Em momentos de desespero pode ser o primeiro caminho para quando as pessoas se sentirem um pouco incomodadas ou sem coragem para buscar ajuda. Sempre orientamos a população para ir até uma unidade de saúde próxima onde passará por uma avaliação para ver a necessidade de encaminhamento. Isso porque os CAPS são serviços especializados e efetuam acompanhamento de usuários com sintomas graves e persistentes. Também temos todo dia diariamente suporte das equipes multiprofissionais através do acolhimento, caso necessite de intervenção”, destaca Theiss.

Dependendo dos casos, os próprios profissionais nos AGs ou ESF podem atender e resolver determinadas situações menos graves. “Mas se alguém tiver dúvidas, podem entrar em contato conosco (Serviços de Atenção Psicossocial)”, recomenda a profissional de saúde.

A faixa etária com maior número de tentativas de suicídio é de mais de 50 anos, inclusive também do público idoso. As que mais tentam são do sexo feminino e os mais efetivos são os masculinos, ou seja, conseguem tirar a própria vida.

Questionada sobre a principal demanda dos CAPS’s, Theiss disse que acaba sendo de pessoas que sofrem com problemas de saúde mental, como esquizofrenia, transtorno bipolar, dentro do quadro das doenças psiquiátricas.

“Vivemos em um momento muito turbulento com vários distúrbios. A questão financeira, perda ou conflito com algum familiar muito próximo, sofrimentos que a pessoa carrega ao longo de sua vida que a faz perder o sentido dela. A gente costuma afirmar que a pessoa com potencial suicida não quer morrer. Para ela, parece ser a única saída para um problema muito grave que está enfrentando naquele momento. Temos toda uma rede de apoio e pedimos que as pessoas não deixem de procurar um CVV (188) ou um profissional das nossas unidades de saúde. Pode começar com algum familiar que a pessoa confie que muitas vezes pode ajudar nesse encaminhamento especializado”, recomenda.

Problemas de saúde mental não devem continuar a ser um tabu, por isso a busca de um profissional é essencial para orientar e mostrar o quão especial é a nossa vida. Falar dos nossos sentimentos é a melhor solução.