Por *Fernando Ringel (@FernandoRingel)
Quem lembra como era a vida na época da inflação fora de controle? Plano Cruzado, Bresser, Verão, entre muitos outros, como o estabanado Plano Collor, até chegarmos à estabilidade econômica com o Plano Real. A confusão era tanta que ninguém lembra qual era o nome da moeda em cada ano das décadas de 1980 e início dos 1990.
Desde 1985 foram: Cruzeiro, Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro (de novo), Cruzeiro Real e, finalmente, Real. Isso porque não estou colocando nessa conta a Unidade Real de Valor (URV), que serviu como transição entre o Cruzeiro Real, que tinha nota de até 50 mil, e o Real, como utilizamos até hoje.
Estatísticas não ficam na fila do caixa
Como a inflação aumentava os preços diariamente, a ideia era sempre gastar tudo hoje porque amanhã estaria mais caro. Veja a loucura, gastar tudo era uma forma de economizar! Há quem diga que esse é um dos motivos para que muita gente tenha se acostumado a viver sem um “pé de meia”. São dramas que nem sempre as estatísticas captam. Quando a inflação sobe e desce, na verdade, são pessoas levantando e caindo. Não são apenas números, é gente.
Isso dá uma noção sobre a responsabilidade da pessoa em cargo público, que como se fosse pai ou mãe, sempre diz que “tudo vai dar certo”. Para que alarmar a população com algo que talvez nem aconteça? Não é apenas “papo de político”, mas parte do trabalho. Para não despertar feras como a inflação, o mercado precisa que o governo tenha firmeza nas decisões, enquanto caminha com a delicadeza de uma bailarina sobre a corda bamba.
Para que serve a Bolsa de Valores?
Além de um clube exclusivo para empresas com negócios na casa das centenas de milhões de reais, a Bolsa é uma alternativa para captar dinheiro sem fazer empréstimo. Vende-se ações, frações da empresa, e o comprador passa a ser sócio dela. Assim, eu ou você podemos ganhar dinheiro na divisão de lucros, como ocorre nas cooperativas de crédito, ou revender as ações compradas. Como o dinheiro na bolsa é a soma do investimento de cada acionista, nada impede que as pessoas simplesmente passem a investir em outro lugar. Crises podem acontecer, criando motivo para esse tipo de debandada e, quando isso acontece, pode-se alastrar “infectando” todo o mercado. É aí que a Bolsa cai. Por isso, ao menor sinal de crise, que seja uma possibilidade futura, as pessoas tendem a vender suas ações para garantir os lucros que obtiveram ou pelo menos resgatar parte do que investiram.
Portanto, a Bolsa de Valores é um termômetro sobre os humores do mercado em relação à economia e política fora e dentro do país.
Se você compra em real, por que interessa a cotação do dólar?
Como nem tudo é produzido no Brasil, embora você plante milho ou arroz no seu sítio, algum agrotóxico, vitamina e ferramenta acabam vindo de outros países. O dólar é a principal moeda de comércio internacional porque os Estados Unidos são a maior economia do mundo, aí tudo acaba vindo ou passando por lá. Um espirro deles resfria a gente.
Assim como a cotação do dólar e a Bolsa de Valores são termômetros sobre política e economia, há mais um, anônimo, que sabe direitinho se o governo vai bem ou não. Quem? Ora, a pessoa aí da sua casa que vai ao supermercado e tem que comprar todo o necessário sem gastar mais do que tem. Às vezes, essa pessoa entende de política e economia sem se dar conta disso. Como? É só olhar para uma nota de 50 reais, hoje ela compra menos coisas que mês passado?
Então o nome disso é inflação, o que indica que algo está errado no país. Nem sempre a culpa é toda do governo, mas inflação é aquela gripezinha que começa leve e, se não cuidar, te deixa de cama. Se os mesmos 50 reais compram mais hoje do que compravam no passado, então fica claro de que as coisas estão indo bem, mas tem que ir com calma.
Qualquer um pode ficar doente e isso pode acontecer com a economia também. Por esta razão, está sendo discutido um fundo de estabilização na Petrobrás. Assim como na sua casa, imprevistos acontecem e se o preço do petróleo aumentar no mercado internacional, com esse “pé de meia”, por exemplo, os preços nos postos não vão aumentar tanto como tem acontecido.
Os impostos que você paga tem a mesma função do salário que você recebe, então deve-se pensar antes de fazer dívida. Governos vem e vão, mas a realidade é que as contas nunca vão fechar se a gente gastar mais do que ganha. A teoria econômica ensina, a política teima em aprender devagar, mas se tem alguém que sabe como fazer o dinheiro render, é a dona de casa. No supermercado ou na Bolsa de Valores, dinheiro é dinheiro em qualquer lugar.
* Fernando Ringel – jornalista, comunicador e professor do curso “Produção para Rádio nos Pacotes Sony e Adobe”. Ele também tem bacharel em Publicidade e Propaganda.