Há 1.354 crianças e adolescentes acolhidos no Estado, de acordo com a Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), do Poder Judiciário de Santa Catarina. Eles estão em situação de medida de proteção e em situação de risco pessoal, social e de abandono. Destes, 283 estão aptos para adoção.
Por incrível que pareça, há quase três mil pretendentes habilitados no Estado. Portanto, pela lógica, não deveria ter ninguém sem família. O paradoxo se impõe pelo seguinte: Muitos desses 283 têm mais de 10 anos, alguns apresentam problema de saúde, outros são grupo de irmãos. Ao mesmo tempo, a maioria dos pretendentes – ainda hoje – procura bebês brancos e saudáveis.
Diante deste quadro, a Corregedoria-Geral da Justiça idealizou o Busca Ativa, um sistema para estimular a chamada “adoção tardia”. O projeto amplia o acesso às informações sobre crianças e adolescentes aptos, mas sem perspectiva de adoção, e aumenta suas chances de encontrar uma família. O sistema funciona por meio de um cadastro na internet – o acesso é permitido apenas aos pretendentes habilitados – e apresenta um resumo biográfico, com fotos e vídeos. Caso queiram conhecê-los, contatam a assistente social para intermediar a aproximação.
Lançado em julho de 2018, o Busca Ativa é concebido a partir da base de dados do Cuida, cadastro único informatizado de adoção e abrigo do Estado. Nestes três anos, o programa foi responsável pela adoção de 58 jovens. “A ferramenta dá visibilidade para os que estão fora do perfil preferido pelos pretendentes tenham chances de adoção”, explica o juiz-corregedor do Núcleo V, Rodrigo Tavares Martins.
No Cuida, por exemplo, a busca é feita de acordo com o perfil indicado pelo pretendente, ou seja, ele mostra somente crianças dentro das especificações contidas nos cadastros. Assim, os habilitados não têm conhecimento de todos que podem ser adotados, tampouco das expectativas destes em terem uma família. Hoje, 86 crianças e adolescentes estão cadastrados no Busca Ativa.
A assistente social Mery Ann Furtado e Silva, secretária da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), da Corregedoria-Geral do PJSC, enfatiza que todo o processo é realizado com muito cuidado, segurança e cautela. “Na adoção, não se pode correr o risco de não dar certo”, diz. “As marcas emocionais do insucesso são de difícil cicatrização, sobretudo para essas crianças e adolescentes que já carregam perdas afetivas e tristes histórias de negligência, abandono e rejeição”.
Ao todo, no ano passado, foram adotadas mais de 700 crianças e adolescentes no Estado, segundo a Ceja. Os interessados em adotar devem procurar o Serviço Social Forense da sua comarca, onde serão informados dos procedimentos necessários para a habilitação. Quem tiver interesse também pode acessar a página específica no site do TJSC, clicando aqui.
Fonte: Tribunal de Justiça de SC