Morreu aos 88 anos nesta quarta-feira (13/01/21), o Cardeal Dom Eusébio Oscar Scheid. O religioso foi mais uma vítima da Covid-19 que agravou o quadro de pneumonia que vinha enfrentando. O exame foi confirmado ontem, um dia antes de falecer.
Scheid morava em São José dos Campos (SP) e estava hospitalizado desde dezembro (2020) com complicações de saúde. Ele foi o primeiro bispo da cidade e também era arcebispo emérito do Rio de Janeiro. Foram 60 anos dedicados à igreja católica, dos quais 39 anos de episcopado.
Uma história dedicada à religião.
Dom Eusébio nasceu no dia 8 de dezembro de 1932 em Luzerna, no oeste de Santa Catarina, próximo de Joaçaba. O filho de Alberto Reinaldo Scheid e de Rosália Joana Scheid, cursou o ensino fundamental e o ensino médio no Seminário dos Padres do Coração de Jesus em Corupá (SC).
Religioso da Congregação dos Padres do Coração de Jesus (Dehonianos), fez a sua profissão religiosa em 2 de fevereiro de 1954. Estudou Filosofia em Brusque, em Santa Catarina (1954) e na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, Itália (1955-1957), onde também estudou Teologia (1957-1964). Foi ordenado presbítero no dia 3 de julho de 1960, em Roma, pelas mãos de Dom Inácio João Dal Monte, OFM, bispo de Guaxupé. Continuou os estudos de pós graduação e recebeu os títulos no grau de mestre e doutor em Cristologia.
Foi eleito bispo de São José dos Campos (SP), no dia 18 de fevereiro de 1981, pelo Papa João Paulo II, quando adotou o lema “Deus é bom”. Sua ordenação episcopal foi em São José dos Campos, no dia 1º de maio de 1981, pelas mãos de Dom Carmine Rocco, núncio apostólico no Brasil, Dom Geraldo Maria de Morais Penido e Dom Honorato Piazera SCJ. Nesta diocese, fundou o Instituto de Filosofia Santa Teresinha, e instalou a residência teológica Padre Rodolfo Komorek.
Em 23 de janeiro de 1991 foi transferido para a Arquidiocese de Florianópolis, onde permaneceu por dez anos. Nesta arquidiocese, onde tomou posse no dia 16 de março do mesmo ano, criou o Seminário de Teologia Convívio de Emaús e o Seminário de Filosofia Edith Stein, inaugurou o Instituto Social João Paulo II e instituiu a Escola de Ministérios. Também presidiu a criação das dioceses de Criciúma e Blumenau.
Arcebispo do Rio de Janeiro
No dia 25 de julho de 2001 foi transferido para a Arquidiocese do Rio de Janeiro, sucedendo o Cardeal Eugenio de Araujo Sales. Tomou posse em 22 de setembro do mesmo ano. Tornou-se cardeal em 21 de outubro de 2003, quando o Papa João Paulo II presidiu o Consistório Ordinário Público para a criação de 30 novos Cardeais. Foi criado cardeal presbítero, com o título da Basílica dos Santos Bonifácio e Aleixo. Participou do conclave que elegeu o papa Bento XVI. Tornou-se arcebispo emérito no dia 27 de fevereiro de 2009, sendo sucedido pelo Cardeal Orani João Tempesta. Atualmente reside em São José dos Campos, onde foi seu primeiro bispo diocesano.
Formador
Antes de ser ordenado bispo, o Cardeal Scheid foi professor no Seminário Cristo Rei e Seminário Regional do Nordeste, Recife, em Pernambuco (1964-1965); professor de Teologia Dogmática e Liturgia no Instituto Teológico de Taubaté-SP (1966-1981) e Aparecida; coordenador da Catequese de Taubaté-SP (1970-1974); diretor da Faculdade de Teologia em Taubaté-SP; professor convidado da PUC-SP, para lecionar Cultura Religiosa (1966-1968).
A serviço da Igreja
Como bispo, realizou os seguintes serviços: Bispo de São José dos Campos (1981-1991); arcebispo de Florianópolis (1991-2001); presidente do Regional Sul 4 – CNBB (1994-1998); membro da Comissão Episcopal de Doutrina da CNBB durante 12 anos; ordinário para os fiéis de Rito Oriental sem ordinário próprio (2001); responsável pela Pastoral Familiar no Regional Sul 1 durante 8 anos.
No Vaticano foi conselheiro da Pontifícia Comissão para a América Latina, em 25 de novembro de 2002; membro do Pontifício Conselho de Comunicação Social, em 29 de novembro de 2003; Legado Papal, de S. Santidade Bento XVI, ao XV Congresso Eucarístico Nacional, em Florianópolis (SC), de 18 a 21 de maio de 2006.
Na CNBB, foi membro do Conselho Permanente; membro da Comissão Episcopal para o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida; presidente do Regional Leste 1 – CNBB (2003-2007).
Também foi membro do Conselho de Cardeais para o estudo dos problemas organizacionais e econômicos da Santa Sé em 17 de janeiro de 2007. Foi o ordenante principal de nove bispos, a maioria, auxiliares no Rio de Janeiro.
Obras
Dom Eusébio possui os seguintes livros publicados: Tese de láurea sobre a Cristologia de Ubertino da Casale em seu contexto histórico; Preparação para o Casamento e para a Vida Familiar; Introdução à Pastoral Familiar; e Ministério do Acolhimento.
Com informações do historiador Paulo Vendelino Kons, de Brusque (SC).