Fotos: Celesc / especial OBlumenauense
Por volta das 10h36 desta sexta-feira (3/07/20) conversei com o gerente da Unidade Blumenau da Celesc, Cláudio Varela, que passou uma atualização de como está a situação do abastecimento de energia elétrica na região. Desde terça-feira (30/06), quando o ciclone extratropical atingiu Santa Catarina, mais de 1,5 milhão de unidades consumidoras ficaram sem luz em todo estado.
Para atender todas as demandas, foram mobilizados funcionários da Celesc e terceirizados, na missão de recuperar o mais rápido possível o sistema elétrico, atingido principalmente pela queda de vegetação e árvores durante os fortes ventos que em Blumenau chegaram a 70 Km/h, e no estado a 134 Km/h. Foi considerado o maior dano na rede elétrica em toda sua história.
Varela disse que se as equipes dormiram 10 horas nestes últimos três dias, foi muito. Na unidade Blumenau, que atende 16 municípios do Vale do Itajaí, no dia do vendaval, 190 mil unidades consumidoras registraram queda, 95 mil somente na nossa cidade.
A expectativa é que 99% do fornecimento volte ao normal ainda hoje (3), mas totalmente, somente no sábado. Varela comparou a situação da rede elétrica durante a passagem do ciclone com a catástrofe de 2008, com a diferença de que não houve enchente e nem lama. Confira a entrevista completa.
Claus Jensen: Como está a situação do sistema elétrico agora (10h36) em Blumenau?
Claudio Varela: De manhã cedo estávamos com 14,6 mil unidades consumidoras no vale sem energia elétrica, agora já são aproximadamente 12,2 mil. O número diminuiu em 2,4 mil, mostrando que a tendência é ir baixando. Em Blumenau por exemplo, estávamos com cerca de 6 mil, agora são 5 mil. Nossa projeção para hoje é chegar entre 98% e 99% das unidades afetadas na terça-feira abastecidas.
Na terça-feira, 95 mil unidades consumidoras da cidade foram danificadas pelo vendaval, trabalhando na nossa capacidade máxima, 24 horas por dia, para restabelecer o máximo de unidades consumidoras, o mais rápido possível. Mas a população precisa entender que essa situação que vivemos é parecido com a da catástrofe de 2008, a diferença é que não tem enchente e nem lama, mas existem postes caídos, cabos partidos e diversas ocorrências.
Com mais de 1 milhão e meio de imóveis sem energia na terça, outras unidades da Celesc como as de Jaraguá ou Itajaí, não puderam nos ajudar porque também foram afetadas. Todo mundo está fazendo o máximo possível com as equipes disponíveis por unidade.
Claus Jensen: Quantas equipes trabalham diretamente no atendimento?
Claudio Varela – Em dias normais são de 16 a 18 viaturas leves, além de 4 caminhões. No momento estamos com 30 equipes com veículos leves e 12 caminhões.
Claus Jensen: Quais são os bairros que ainda apresentam mais dificuldades?
Claudio Varela – No momento (10h36) são os bairros Progresso, Salto Weissbach, Vila Itoupava, Água Verde, Velha, Velha Central e Ponta Aguda. Essas regiões ainda apresentam diversos problemas e estamos intensificando o número de equipes para reduzir ao máximo o número de unidades sem energia. Já restabelecemos 95% de todo sistema, isso representa 90 mil unidades consumidoras, então ainda restam 5 mil.
Claus Jensen: Qual o maior problema que vocês encontram e tem atrapalhado as equipes?
Claudio Varela – A maior parte das ocorrências envolvem vegetação que caiu ou foi projetada sobre a rede. Muitas vezes a população planta as árvores e não cuida delas, então o vendaval as derruba. Ou também quando plantam palmeiras, elas crescem muito, não são cuidadas e acabam caindo sobre a rede elétrica. Essas quedas de vegetação são nosso maior problema no momento.
Claus Jensen: Até quando vocês acham que conseguem recuperar 100% do sistema elétrico? Tem alguma coisa que a população pode fazer para evitar a queda de energia?
Claudio Varela – Até amanhã normaliza. A primeira coisa que a população precisa fazer é a manutenção adequada na vegetação dentro de propriedades, ou até mesmo em calçadas. Outro cuidado para o momento que estamos vivendo é o risco de cabo ou fiação elétrica no chão. Se isso acontecer na sua região, evite ficar próximo e a considere energizada. Em seguida entre em contato com o 0800 480196 da Celesc, ou com veículos de comunicação como o de vocês, que podem nos avisar.
Claus Jensen: Tem alguma região em que os trabalhos estão mais focados neste momento?
Claudio Varela – Não, estamos atendendo todas as regiões independente do tipo de serviço que terá de ser realizado no local. As equipes serão deslocadas para resolver a situação o mais rápido possível. Estamos colocando todo nosso pessoal que tem capacitação para trabalhar, estão totalmente focados em serviços de recomposição do sistema, junto com nossas equipes de eletricistas. É uma situação bem complicada, porque o evento ocorreu na terça, hoje tem sol e a população continua sem energia, mas as pessoas esquecem que toda a rede foi afetada. Por isso afirmo que a correlação com 2008 é grande, a diferença é que não tem lama ou água.
No momento em que finalizo a matéria, às 17h37, o número de imóveis sem luz na Unidade Blumenau e seus 16 municípios, já tinha reduzido para 11.415. Em Blumenau ainda há 5.155 unidades sem abastecimento de energia elétrica, sendo que se destacam os bairros Progresso (1.998), Valparaíso (390), Itoupava Central (378), Garcia (364), Velha (304), Testo Salto (293) e Água Verde (187).
