Há três semanas, uma mulher registrou um boletim de ocorrência onde relatou uma tentativa de sequestro de seu filho de 3 anos por volta das 16h, na Rua da Glória, no bairro Glória, em Blumenau.
A mãe tinha acabado de buscar o filho da creche, e no meio do caminho parou um carro verde com um casal dentro. Eles pediram informação sobre a localização de uma rua. Quando a mãe se aproximou, eles teriam puxado a criança pelo braço, mas eles não conseguiram levá-la para dentro do veículo. Como ela estava sem bolsa, só com a mochila da criança, a mãe acredita que não se tratava de um assalto.
Neste mês um grande número de mensagens de áudio e imagens tem inundado as redes sociais falando sobre sequestros de crianças. Isso tem causado muita preocupação e as autoridades policiais tem acompanhado de perto essas mensagens.
O problema é que a maior parte são notícias falsas, as Fakenews. Para conversar sobre isso, entrevistamos o delegado David Sarraf, da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI).
Sarraf disse que em um desses casos apurados, a Polícia Civil chegou a falar com a mãe de uma suposta vítima, que negou ter acontecido da forma como foi relatada. No caso da Rua da Glória, ele lembrou que muitas vezes o nervosismo e a surpresa afetam a reação da mãe.
“Às vezes pode ter sido uma tentativa de roubo frustrada, em que acabaram puxando a criança. Eu tenho recebido praticamente tudo o que circula, e as pessoas estão propagando de um jeito que tem causado pânico na população. Estamos investigando todos eles, mas se aconteceu em via pública, em um local ermo, fica mais difícil chegar no suspeito e verificar se a situação ocorreu da forma relatada. As situações que apuramos até agora, não foram tentativas de sequestros”, disse o delegado.
Sarraf lembra que as pessoas não devem repassar os áudios ou vídeos que recebem, porque dificilmente vem de quem esteve diretamente envolvido com o fato. Nos relatos sempre se referem a ter acontecido com uma amiga ou outra pessoa, mas nunca com ela. Melhor entrar em contato diretamente com a Polícia Civil e denunciar.“Se você compartilhar, pode estar propagando uma mentira que tem um série de consequências. Inclusive agora está circulando a imagem de um homem e placa de um veículo, que não nenhum dado concreto que confirme o envolvimento. Isso incide no crime de calúnia e difamação”.
O delegado disse o sequestro de crianças é mais comum acontecer em grandes capitais, mas felizmente é aro em cidades como Blumenau. “O último registrado, foi de um pré-adolescente sequestrada pelo ex-padrasto, mas depois foi apurado que os dois mantinham um relacionamento”, lembrou Sarraff. “Claro que todos temos que ficar atentos, mas propagar esse tipo de notícia acaba mais atrapalhando do que ajudando. Em um dos relatos, dentro de um supermercado, chegaram a ter versões diferentes de carros e características físicas dos supostos criminosos”.
Então se você souber sobre um caso, ligue para o disque denúncia (181), informe pelo WhatsApp da Polícia Civil (47 3326-1190) ou registre um boletim de ocorrência. Pode até se tratar de um crime grave, e por isso o ideal é comunicar o quanto antes. Mas nunca repasse para frente sem saber se é verdade ou não.