Por Moura Netto
Com 13,2 novos casos para cada 100 mil mulheres, Santa Catarina registra a quarta maior prevalência de câncer de colo uterino entre os Estados do eixo Sul-Sudeste. Principais medidas preventivas são o exame de Papanicolau e vacina contra o vírus HPV.
Muitas doenças têm diferentes causas. Com o câncer de colo do útero, no entanto, há um maior vilão mais do que revelado. O vírus HPV é encontrado no DNA de 99,7% das pacientes que desenvolvem tumores malignos no colo do útero. Essa informação, disponível no Pathology Outlines, reforça a importância da vacina anti-HPV quadrivalente.
Em 2018, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 500 novos casos de câncer de colo do útero serão registrados no Estado de Santa Catarina. Esse dado representa que 13,2 entre cada 100 mil mulheres catarinenses devem receber o diagnóstico da doença este ano. Trata-se da terceira maior prevalência de câncer de colo uterino entre os Estados do eixo Sul-Sudeste, atrás apenas do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraná.
De acordo com a diretora médica do Ghanem Laboratório, Myrna Campagnoli, é fundamental orientar a sociedade sobre a importância de se vacinar as meninas de 9 a 26 anos, bem como os meninos. “Vírus HPV e câncer de colo do útero representam a mais íntima relação entre uma causa e uma doença. É uma associação até mais evidente do que ocorre entre tabagismo e câncer de pulmão”, observa.
A vacina quadrivalente imuniza contra os HPVs dos tipos 16 e 18 (que são responsáveis por cerca de 7 entre 10 casos de câncer de colo do útero) e dos tipos 6 e 11 (que causam 9 entre 10 casos de verrugas genitais). “Embora seja mais indicada para as meninas que ainda não iniciaram a vida sexual, por não terem se exposto ao vírus, é também recomendada para outras faixas etárias”, acrescenta Myrna.
Apesar da eficácia da vacina, há mitos que dificultam a adesão às campanhas de vacinação. Segundo a médica hematologista, a vacina contra os HPVs de alto risco é uma medida urgente e, também, segura. “São raros os casos em que há efeitos colaterais e eles não costumam ser severos”, afirma.
PCR e o diagnóstico do tipo de HPV
A maioria das mulheres terá algum contato com o vírus HPV ao longo da vida. Mas isso não é motivo para alarde. Estima-se que 9 entre 10 destas mulheres apresentará uma imunidade natural e, portanto, apenas 10% apenas estarão em risco de desenvolver as lesões pré-câncer. Em meio a esse cenário, desponta o teste de Reação em Cadeia de Polimerase (PCR), que possibilita fazer a tipologia do HPV, apontando se a paciente é positiva para algum HPV de alto ou baixo risco.
O teste de PCR investiga se o vírus iniciou o bloqueio do sistema de defesa, o que tornaria a paciente mais suscetível a desenvolver câncer. “O teste de PCR, quando identifica a presença de um HPV oncogênico, abre um importante caminho para o diagnóstico precoce de câncer de colo do útero”, complementa Myrna Campagnoli.
Para as mulheres que iniciaram a vida sexual, explica a especialista, as demais alternativas para prevenir o câncer de colo de útero são o uso de preservativo nas relações sexuais e a realização periódica de exame de Papanicolau. “A avaliação com o ginecologista permite identificar e tratar lesões menos agressivas, seja em uma fase pré-câncer ou um câncer em fase inicial”.
Vacinação dos meninos
A vacina quadrivalente contra o vírus HPV é indicada também para os meninos. Os HPVs de alto risco estão também relacionados com tumores de garganta, pênis e ânus. Além disso, ao se imunizar ambos os sexos, quebra-se totalmente a cadeia de transmissão.