Por Claus Jensen, com fotos de Marlise Cardoso Jensen
Segundo dados de 2010, Blumenau tem cerca de 27 mil deficientes visuais, incluindo pessoas com cegueira total e/ou baixa visão. Em 2018 a ACEVALI (Associação de Cegos do Vale do Itajaí), que tem 150 associados, comemora 31 anos de atividades. Os recursos que mantém a entidade, vem principalmente das vendas de um quiosque com produtos artesanais, instalado no Terminal de ônibus da Velha.
Na noite desta terça-feira (20/02/18), três deficientes visuais foram convidados para participar junto com profissionais da imprensa (OBlumenauense/Santa/RIC Record TV), Presse Comunicação e equipe da Sol Eventos, de uma degustação de dois pratos que fazem parte do Roteiro Blumenau Gastronômico, que segue até o final de fevereiro. A Sol, realizadora do roteiro, em parceria com uma concessionária de veículos, conseguiu que os deficientes visuais fossem buscados em suas casas.
O primeiro local que fomos é Thapyoka Restaurante, onde o prato em promoção é o mignon trio de cogumelos frescos, acompanhado de linguini salteado na manteiga de sálvia. O pedaço de carne satisfez e o conjunto é delicioso, ainda mais saboreado com um bom chope artesanal.
Tão interessante quanto a degustação, foi conhecer a realidade dos três deficientes visuais, o casal Eliana Rocha Vanzuita e Amarildo Vanzuita, além de Cleusa Aparecida Ribeiro. Eles estavam acompanhados de Zeli Cecílio, que é voluntária há 12 anos na Acevali e explicou as principais atividades desenvolvidas na entidade.
Amarildo disse que apesar das calçadas táteis, muitas vezes existem obstáculos como árvores que são contornadas. Sua esposa Eliana, falou sobre coisas simples, como a dificuldade de ir ao shopping e saber o que tem para comer. Às vezes alguém orienta, mas geralmente quando há muito movimento isso fica mais difícil. Também comentou sobre como os aplicativos de celular facilitam a vida dos deficientes visuais. Para uma pessoa com visão perfeita, fica difícil imaginar o quão complexo é esse mundo. O casal mora e faz tudo tudo sozinho, até um churrasco, porque a falta de coisas básicas não estimula eles a comerem fora.
Uma das propostas da Sol Eventos, era mostrar a dificuldade que eles enfrentam por não terem a disposição cardápios em braile, como da folha produzida pela Fundação Cultural de Blumenau, talvez a única na região que imprime livros nesta linguagem. A ideia surgiu um pouco antes do Roteiro Gastronômico começar, na assessoria de imprensa (Presse) junto com o marketing e logo foi adotada. O responsável pelo marketing, disse que teve dificuldade de achar quem transcreve o cardápio para braile.
A gastronomia é sensitiva, apesar das cores de um prato e apresentação, que junto com o olfato, dão mais riqueza à experiência. Depois da Thapyoca, fomos para a Senhora Farinha Bakery, onde experimentamos as duo tortinhas cheesecake e pistache, acompanhados de um café.
O espaço está localizado dentro da Floricultura Luebke ( Rua Coelho Neto, 32, Velha), ponto tradicional da cidade, tem um ambiente agradável, para 45 pessoas sentadas, 25 dentro da sala principal. Os outros, são na área externa, todos agradáveis, em meio a plantas e flores, que dão um toque especial.
O empreendimento começou em novembro com o jovem casal Jonathan Danielski Wachholz (21) e Manuela de Oliveira (29). Eles participavam com os doces deles em feiras como da Servidão e Sesc. Mas também participaram de uma na própria Luebke, onde conheceram o espaço, que consideraram perfeito para realizarem o sonho de abrir seu próprio negócio na área. Eles vendem tortinhas, éclairs (bomba), bruschettas, sanduíches naturais, etc…
“Nós temos apenas um cardápio fixo de bebidas quentes e geladas. Mas para os doces e salgados, criamos todo dia uma vitrine nova, com produtos.novos, de acordo com a estação, época como páscoa ou Natal, sempre inovando”, comentou Jonathan. O local está aberto de terça-feira a domingo, das 14h às 20h.
Um detalhe interessante, foi quando os deficientes visuais tocaram na louça, os relevos e lembraram de semelhante na casa dos pais. Nós descrevemos o ambiente e as cores dos pratinhos onde estava a xícara. Também o próprio ambiente, em pequenos detalhes para que pudessem ter uma experiência que nós temos com a maior facilidade.