Santa Catarina continua sendo o estado campeão em expectativa de vida

Atividade na Fundação Pró-Família

 

Por Jalila Arabi

A expectativa de vida do brasileiro subiu. A média de idade passou de 75,2 anos em 2014 para 75,8 em 2016. Em Santa Catarina, a expectativa média era de 78,4 anos em 2014 – a maior da região Sul e do Brasil, registrando 79,1 no ano passado. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nessa sexta-feira (1/12/17), que confirmam que o estado ainda é o primeiro na lista das pessoas que vivem mais no País.

As mulheres catarinenses são as com maior expectativa de vida. Em 2014, a média era de 81,8 anos, superando a média nacional. Os homens ficaram um pouco atrás nesse mesmo ano, com 75,1 anos, abaixo da média do País.

Com isso, o número de idosos também tem aumentado nos últimos anos. Segundo o IBGE, a população de pessoas com 60 anos ou mais em 2016 cresceu 16% em relação a 2012. Em Santa Catarina, mais de um milhão de pessoas se encaixavam nessa faixa etária, enquanto crianças até quatro anos somavam 420 mil no ano passado. “O envelhecimento da população brasileira vai ser muito rápido e muito profundo”, avisa o pesquisador do Centro de Crescimento Econômico da Fundação Getúlio Vargas Fernando de Holanda Filho.

A sobrevida dos brasileiros também tende a aumentar. Quem tinha 60 anos em 1980 tinha expectativa de viver mais 15,2 anos, chegando aos 75,2 (a média de 2014). A projeção para 2060 é que a taxa de sobrevida das pessoas com 60 anos passe a ser de 25,2 anos. As pessoas com 65 anos terão, nesse mesmo ano, expectativa de 21,2 anos a mais – ou seja, viverão até 76,2 anos.

 

 

Aposentadoria

Mas o pesquisador Fernando de Holanda mostra preocupação em relação ao crescimento de idosos no País. Para ele, isso pode ser um problema se não for resolvido o rombo na previdência, já que dados do IBGE mostram que, em 2060, serão 24 jovens economicamente ativos trabalhando para pagar a aposentadoria de 63 idosos. “Assumindo que existe uma proporção entre os benefícios de aposentadoria e o percentual da população e a quantidade de pessoas acima de 65 anos, isso torna tal sistema insustentável. Então, a introdução de uma idade mínima para aposentadoria é fundamental.”

O Brasil não tem idade mínima para aposentadoria. Em países como México e Argentina, a idade média para aposentadoria é 64,6 anos. Na Coreia, homens e mulheres se aposentam com a mesma idade – 60 anos. “O Brasil é um dos poucos países que não tem idade mínima para efeito de aposentadoria. Portanto, introduzir essa idade mínima universal, para todos, é um passo muito importante numa reforma”, defende o economista e ex-ministro de Previdência Social José Cechin.

A reforma da Previdência teve seu novo texto aprovado em novembro e a previsão é de que seja votada ainda neste ano. A principal proposta da reforma é a introdução de uma idade mínima para os brasileiros se aposentarem – 65 para os homens e 62 para as mulheres, chegando nesse teto em 2038.

Déficit

Santa Catarina é um dos estados mais atingidos pelo déficit da previdência, segundo informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 2015, o estado registrou quase 20% de rombo – percentual da receita corrente líquida (RCL) usado só para pagar aposentados e pensionistas. As despesas com aposentados em 2015 chegaram a R$ 5,62 bilhões.

O presidente do Instituto de Previdência local (Iprev), Roberto Faustino, rebate a informação de déficit de 20%, mas confirma um rombo na casa dos 18%. “Há estudos que mostram que, dentro de oito anos, esses 18% poderão chegar a 25% de tudo que é arrecadado, ou seja, a cada R$ 4 arrecadados, R$ 1 será utilizado para pagamento de pensionistas e aposentados.” Atualmente, Santa Catarina tem um trabalhador ativo para cada um aposentado – a conta “ideal” deveria ser de quatro ativos para cada inativo.