A Estação Experimental da Epagri em Lages (EEL) é uma referência no Sul do Brasil em pesquisa com pecuária. Com credibilidade tanto entre produtores como em toda a cadeia produtiva, a unidade costuma estabelecer parcerias para o desenvolvimento de cultivares de forrageiras adaptadas à realidade catarinense. Um estudo recente demonstrou que existem cultivares de azevém-anual que podem ser até dez vezes mais produtivos quando utilizados no regime de manejo recomendado pela Epagri, numa comparação com a pecuária extensiva em campo nativo. A Epagri indica o uso de piquetes para subdivisão de pastagens e outras práticas de manejos que aumentam a produtividade, rentabilidade e sustentabilidade dos sistemas pecuários.
“Os estudos da Estação Experimental de Lages buscam orientar o pecuarista sobre qual tecnologia adotar para obter um retorno mais favorável. Em relação às sementes de pastagem, é comum que o produtor opte pela mais barata, mas essa nem sempre é a melhor opção em termos de custo-benefício”, explica Ulisses de Arruda Córdova, gerente da unidade. Ele esclarece que com base nos resultados das pesquisas da Epagri o agricultor pode tomar uma decisão mais acertada na hora de adquirir sementes de forrageiras.
O estudo recente, desenvolvido entre 2015 e 2016 sob coordenação da pesquisadora Vanessa Ruiz Favaro, testou o cultivar de azevém-anual tetraploide Winter Star. Numa área de quatro hectares, foram utilizados 25kg de semente por hectare. A pastagem foi subdividida em quatro piquetes, que são espaços cercados para melhor aproveitamento do pasto pelos animais e manejados de forma alternada. Foram utilizados machos e fêmeas com idade inicial de oito meses, meio sangue da raça Flamenga. A entrada e saída dos animais nos piquetes foi determinada em função da altura da pastagem, sendo a saída realizada quando se atingia aproximadamente 50% da altura de entrada.
Em 2015, a lotação média foi 2,2 Unidade Animal por hectare (UA/ha). Cada UA equivale a um animal com 450kg. Naquele ano, foi registrado ganho de peso diário de 855g por cabeça, totalizando um ganho de peso vivo por hectare de 530,8kg no período ou 101kg/ha/mês. Em 2016, a lotação média foi de 3,6 UA/ha, com ganho de peso diário de 906g/cabeça, totalizando um ganho de peso vivo por hectare de 666,4kg ou 131,5kg/ha/mês. Na média dos dois anos, o ganho de peso vivo por hectare foi de 598,6kg e a lotação média de 2,9 unidades animais por hectare. É importante ressaltar que existem no mercado outros cultivares de azevém-anual com os quais é possível obter resultado semelhante, especialmente tetraploides e de ciclo longo (itálicos).
O tempo médio do ensaio por ano foi de 155 dias ou aproximadamente cinco meses. “Nesse período, obteve-se um rendimento cerca de dez vezes maior que a produtividade alcançada em regime de pecuária extensiva, o que demonstra que, com uso de tecnologia e manejo correto da pastagem, a bovinocultura de corte tem potencial para grandes avanços de produtividade, tornando-se competitiva com outras atividades, além de enfrentar riscos menores de produção e mercado”, avalia a pesquisadora Vanessa. Ela lembra que o cultivar que produz esse impacto altamente positivo na produtividade está disponível no mercado e a tecnologia de manejo de pastagens pode ser facilmente adotada pelos produtores.
Fonte: Epagri