Não há nada de natural nos desastres, diz pesquisador

 

Texto: Michel Ivon Imme Sabbagh (FURB) /Comitê do Itajaí/Lourdes Sedlacek | Fotos: divulgação

Prossegue na tarde desta terça-feira (26/9/17), na FURB o X Fórum Permanente de Prevenção aos Riscos de Desastres na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí, aberto ontem no auditório da AMMVI, numa realização do projeto de extensão Atmosfera, da FURB e o Comitê do Itajaí, em parceria com a AMMVI, Unidavi e Univali e demais entidades dos municípios que compõem a bacia do Rio Itajaí (52 cidades). O reitor João Natel participou da solenidade de abertura.

Na sala G-206 da Universidade acontecerão duas oficinas com o tema “Inclusão de Tecnologias Digitais na Gestão de Riscos de Desastres”, às 13:30 e às 16 horas, direcionadas a técnicos e gestores públicos da região. As oficinas acontecerão simultaneamente em Blumenau (FURB), Rio do Sul (UNIDAVI) e Balneário Camboriú (Univali).

 

 

Não há nada de natural nos desastres, diz pesquisador

Gestores públicos, educadores, acadêmicos , pesquisadores de várias cidades do Estado, lotaram o auditório da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajai (AMMVI) , em Blumenau, ontem, para acompanhar o X Forum Permanente de Prevenção aos Riscos de Desastres, promovido pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), em parceria com o Comitê do Itajai. O evento faz parte da programação da Semana da Água 2017 e um público de 120 pessoas prestigiou as quatro palestras pela manhã e à tarde.

Essa edição trouxe especialistas de peso para debater desastres ambientais, educação ambiental ou a falta dela, seja na educação básica ou nas organizações públicas e privadas, normalmente limitadas a oferecer soluções após os desastres, do que ações de prevenção, que se iniciem pela educação.

 

 

O tema-chave do evento foi bem aprofundado pelo biólogo e professor Mário Jorge Cardoso Coelho Freitas, do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental (PPGPlan-UDESC). Em 2016 ele participou da Conferência das Nações Unidas sobre Ciência e Tecnologia para a Redução do Risco de Desastres e atuou também em Mariana, após o desasntre provocado pelo rompimento da barragem da Samarco.

Ele criticou duramente o governo federal sugerindo que se retirasse do forum um abaixo assinado como um manifesto de desagravo ao Governo Michel Temer e ao Ministério da Educação, pelo afronta à sociedade que é o sistema curricular brasileiro atual.

O professor Mário também afirmou que não se pode falar em prevenção de desastres sem falar em políticas públicas de erradicação da pobreza e da exclusão social. Destacou ainda que é necessário desmitificar que os desastres são naturais.

“Não há nada de natural nos desastres. Eles ocorrem por um conjunto de fatores e caracterizá-los como naturais é praticamente ignorar a prevenção, a educação ambiental e as nossas responsabildiades perante a eles”, ressaltou o pesquisador.

Outro palestrante, cuja apresentação chamou muita atenção, especialmente dos gestores da Defesa Civil, foi a do representante da Organizações Unidas (ONU) para o Brasil, Sideni Furtado. Ele falou do programa “Construindo Cidades Resilientes; minha cidade está se preparando”, relacionado ao Programa de Políticas Transnacionais da entidade da ONU. Ele é especialista no assunto e acumula mais de 30 anos de experiência na área de Defesa Civil, tendo atuado em muitas cidades brasileiras. Ele reforçou a importância do planejamento preventivo.

Na parte da manhã, o público acompanhou também a palestra da educadora da USP, Sâmia Nascimento Sulaiman, autora de vários trabalhos relacionando a educação ambiental e os riscos de desastres, entre eles a tese de doutorado com o título: “De que adianta? O papel da educação ambiental para a prevenção de desastres naturais”. Ela falou sobre o tema, destacando o que se faz como educação ambiental na defesa civil e o que se deveria fazer.

A prevenção com certeza não significa só reduzir ou minimizar os impactos em determinada área. É necessário ir além para criar um processo cultural que desemboque numa cultura de prevenção”, afirmou Sulaiman.

A apresentação das técnicas da Defesa Civil de Blumenau, Luciana Schramm Correia e Juliana Mary de Azevedo Ouriques, encerrou a programação do X Forum. Elas relataram as experiências dos dois projetos desenvolvidos nas escolas do município: Defesa Civil na Escola e Agente Mirim de Defesa Civil.

Os projetos foram implantados nas escolas do município em 2013 e a cada ano são contempladas 10 escolas.