Os problemas ao humanizar nossos animais domésticos

 

Por Susane Bohmann (Médica Veterinária) e Larissa Link (Psicóloga)

Seu cão é muito agitado, nervoso, medroso ou apresenta comportamentos de tensão? Você já parou para analisar que o comportamento dos animais domésticos, muitas vezes, é o mesmo emitido pelos donos?

Muitas pessoas adotam um animal de estimação para suprir as suas necessidades ou carências. É comum observar que os cães estão cada vez mais humanos. Eles possuem nomes de pessoas, passeiam no shopping, tem sessões no spa e ganham festas de aniversário. Antigamente, eram considerados nossos melhores amigos, hoje já foram promovidos a filhos.

A visão de família está mudando, é observável o número crescente de pessoas sozinhas e com dificuldades de se relacionar com outras pessoas. Por isso, idealizam uma relação e projetam no seu animal o comportamento que não é da sua natureza. Como é mais fácil controlar um animal, a pessoa acredita que ambos formam uma relação perfeita, ocasionando desta forma uma sobrecarga psíquica no animal e uma desestimulação do ser humano de interagir com outras pessoas.

É importante enfatizar que não faz bem ao ser humano tratar o animal como filho, pois cada espécie possui suas necessidades específicas e nesta troca de vínculo, elas acabam sendo esquecidas. Lembre-se disso quando observar nos animais comportamentos de agressividade, ansiedade, medo entre outros, pois serem tratados como seres humanos geram distúrbios comportamentais para a espécie. Nem sempre eles estão felizes quando você está feliz. O que pode ser muito divertido pra você, pode ser muito estressante para eles.

Nos consultórios veterinários é nítida a aquisição de animais por vaidade, onde a necessidade de satisfação pessoal está acima da saúde e do bem estar do animal. Quando ouve-se que o valor de compra do animal foi extremamente alto e, por isso, investir em prevenção ou tratamentos de saúde é muito caro, reflete-se sobre a condição de objeto que alguns proprietários ainda enquadram seus animais. Logo, só nos resta refletir: Ama-se o animal ou ama-se o que ele faz a pessoa sentir por tê-lo?

Quem ama, prioriza as necessidades do outro, sejam elas psicológicas ou físicas. Não há felicidade maior que a de ser livre para expressar seu comportamento natural, ter saúde e bem estar garantidos e uma companhia saudável para tornar os dias mais agradáveis. O mesmo serve para os animais de estimação. Deixe seu gato ser um gato. Deixe seu cachorro ser um cachorro. Deixe a espécie ser sua espécie. Observe o que os deixa feliz. Eles foram tirados da natureza para nossa companhia, só nos resta lhes oferecer meios para que se sintam confortáveis, física e mentalmente, na atmosfera que os envolvemos.

E quando você quiser comprar ou adotar um animal de estimação, verifique primeiro como está se sentindo para não projetar no animal seus medos e frustrações. Ter um animal é benéfico para a saúde física e mental, porém tem que ter equilíbrio. Os profissionais de psicologia estão aí para ajudar o ser humano a diminuir os sintomas de ansiedade, estresse e frustrações. Não dê esta responsabilidade ao animal. E caso seu animal apresente distúrbios comportamentais, procure ajude profissional, existem ótimos médicos veterinários e adestradores que podem amparar você nisso.

Larissa Link – Psicóloga CRP: 12/11434. Email: larissalink@yahoo.com.br
Susane Bohmann – Médica Veterinária CRMV –SC 7779. Email: susaneb.vet@gmail.com