Com 263 votos a favor do arquivamento e 227 contra, a Câmara dos Deputados barrou nesta quarta-feira (2) a denúncia em que a Procuradoria-Geral da República acusa o presidente Michel Temer de ter cometido crime de corrupção. Dois deputados abstiveram-se de votar e 19 estavam ausentes.
A votação mostrou que Temer tem condições políticas de governabilidade, pelo menos para controlar a câmara e suas pautas. Só não conseguiu controlar há três semanas atrás, quando os votos da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara, deixaram levá-lo a votação de hoje no plenário. Já sua popularidade, está a pior possível.
No final, os partidos de oposição aproveitaram a exposição na mídia para levantar cartazes e gritar “Fora Temer”, sem contar o adesivo no lado direito do peito. Não faltaram deputados querendo fazer discurso político e fazendo campanha pró “Lula 2018” , enquanto outros pediam eleições diretas já. Por enquanto terão que engolir o presidente até o final do mandato que foi eleito na mesma chapa de Dilma Rousseff.
Um rosto familiar apareceu durante vários momentos da votação. O deputado federal Décio Lima (PT) e ex-prefeito de Blumenau por dois mandatos, estava ao lado do microfone onde os políticos registravam verbalmente os seus votos.
Com o resultado de hoje, o Supremo Tribunal Federal não está autorizado para abrir processo criminal contra o presidente, que poderia levá-lo a afastar-se por meio ano do cargo. A acusação do Ministério Público, tem como base a delação de executivos da JBS, que Temer tem negado e ainda diz que a peça assinada por Rodrigo Janot é uma “ficção” baseada em um ato criminoso patrocinado por um “cafajeste” e “bandido”. A referência é sobre a gravação feita por Joesley Batista, da JBS, em que ele conversa com o presidente no porão do Palácio do Jaburu.
A noite de hoje foi o fim de uma longa jornada de “negociações presidenciais” para ganhar votos desde que ficou com o mandato sob risco. Temer trabalhou principalmente com os partidos do chamado “centrão”, legendas médias e grandes, como PP, PR e PTB, que reúnem cerca de 200 deputados. Sobraram cargos na máquina federal e dinheiro para as emendas que os parlamentares fazem ao Orçamento.
Veja como ficou o voto dos deputados catarinenses:
Sim, a favor do arquivamento da denúncia: Celso Maldaner (PMDB), César Souza (PSD), João Paulo Kleinubing (PSD), João Rodrigues (PSD), Marco Tebaldi (PSDB), Mauro Mariani (PMDB), Rogério Peninha (PMDB), Ronaldo Benedet (PMDB) e Valdir Colatto (PMDB).
Contra o arquivamento
Votaram contra o arquivamento, para que a investigação acontecesse: Carmen Zanotto (PPS), Décio Lima (PT), Esperidião Amin (PP), Geovania de Sá (PSDB), Jorge Boeira (PP), Jorginho Mello (PR) e Pedro Uczai (PT).
Seguem as duas sessões deliberativas: