Vereador Fábio Fiedler fala do processo de afastamento e sua volta à Câmara Municipal

Divulgação

Nossa equipe foi conversar com o vereador Fábio Fiedler (PSD), que voltou à Câmara de Vereadores, depois que ele pediu afastamento no dia 15 de outubro de 2013. Na época, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) negou o recurso contra a cassação do seu diploma e dos parlamentares Célio Dias (PR) e Robinson Soares (PSD).

Tentamos também conversar com o vereador Robinho, mas o mesmo havia pedido afastamento de suas atividades na câmara para tratar de assuntos pessoais. Acompanhe a entrevista de Fábio Fiedler.

Divulgação
Divulgação

OBlumenauense: Como foi o processo de afastamento e de que forma recebeu a noticia da sua volta à Câmara Municipal.

Fábio Fiedler: Ao longo deste período, entre a decisão do TRE e do TSE, foi um período bem difícil. Primeiro porque tínhamos a convicção de que o processo movido contra mim não estava correto. Mesmo com essa convicção, a voz depois de algumas porradas, começa a ficar calada. Quando em Outubro de 2013 o TRE decidiu que nós deveríamos nos afastar, eu nem esperei a intimação do tribunal chegar. Pedi imediatamente o meu desligamento da câmara, afinal como autor da lei ficha limpa, onde quem tem condenações não pode estar no serviço público, apenas cumpri aquilo que acredito e saí imediatamente.

Resolvi então focar em Deus, na família, nos meus amigos e principalmente na defesa, junto com meus advogados num recurso para Brasília, para que pudéssemos deixar claro o que estávamos tentando falar na imprensa e não conseguíamos. Foi difícil por isso. Porque teve que ser calado.

É lógico que o julgamento nos deixou apreensivos, mas o resultado foi muito positivo por ter sido uma decisão unânime, acatando a nossa defesa. Inclusive foi com parecer positivo do próprio Ministério Público, ou seja, o órgão acusador reconheceu o erro. A juíza do caso deu seu parecer dentro desta linha e todos os juízes do tribunal eleitoral concordaram e mandaram que nós retornássemos imediatamente ao cargo.

Foi um momento de redenção, bom, bonito e de reflexão. De agora em diante, temos que ter muito, muito trabalho, mangas arregaçadas em prol da comunidade. O tempo que fiquei fora é irreparável. Não por causa do salário e da ausência, mas por causa dos eleitores deixados de ser representados, afinal de contas, eu conquistei esse mandato à base de trabalho com a comunidade, de representação popular. Então, o sentimento é de alma lavada, manga arregaçada e bola pra frente.

OBlumenauense: Vimos logo após seu afastamento, uma certa discriminação, principalmente nas redes sociais. Como foi lidar com isso?

Fábio Fiedler: Os sentimentos acabam se misturando. O primeiro impulso quando se vê isso, é de querer fazer justiça. Tá todo mundo errado, onde já se viu isso?? Mas depois, você acaba analisando de forma fria e costumo dizer para os meus amigos, que todo mundo é machão atrás do computador. Ali não tem rosto, escreve o que quer, monta fake, não coloca seu CPF. O meu nome, o meu CPF é público.

Ao longo deste processo, eles entraram na minha casa com mandato de busca e apreensão. Mexeram nas partes mais íntimas do meu lar. Abriram o guarda roupas da minha esposa, do meu filhinho de três anos, entraram no sótão, enfim, na casa inteira. Grampearam meu telefone, minha conta bancária e meu imposto de renda. A minha vida foi aberta e devassada nesses seis meses. E o que eles descobriram? Duas ou três ligações para criar um factóide e produzir uma cassação de forma ilegal.

Agora, todos esses que foram nas redes sociais falar mal e tal, tinham que pelo menos deixar à disposição da sociedade, a sua casa, sua conta bancária, seu imposto de renda, deixar abrir o guarda roupas da sua mulher. Ah, mas eu não sou pessoa pública! Exatamente por isso, que devemos ter o cuidado de trabalhar de forma adequada. Porque além de pessoa pública, eu sou pai, marido, filho e neto. Por trás de uma pessoa pública também tem uma estrutura familiar. Aliás, sem ela eu não teria resistido a isso tudo.

Oblumenauense: Agora de volta à câmara, quais os objetivos daqui para frente?

Fábio Fiedler: Bem, uma das coisas que quero, é deixar isso como página virada. Não tenho mais a pretensão de ficar remoendo em torno disso, preciso agora olhar para frente. Querendo ou não, ainda tenho um ano e meio para cumprir, de um mandato de quatro anos. Então, eu preciso fazer desse período um mandato assertivo ao ponto de estar inserido novamente no processo politico da cidade, que é minha vocação e meu sonho.

Será muito trabalho daqui para frente. Tem muitas coisas que deixei pendentes. Vou só dar um exemplo: quando saí da câmara, mesmo sob todo esse processo, eu estava muito empenhado, na nossa comissão temporária de trabalho em favor da micro e pequena empresa. Até mesmo pela minha história, afinal sempre fui micro empresário. Eu havia conversado com o ministro, já tínhamos trabalhado com a secretaria de desenvolvimento social sustentável do governo de SC, que trabalhava políticas da micro e pequena empresa e a lei de políticas gerais 123, junto com a AMPE.

Na época eu consegui mobilizar o segmento em torno da lei geral para Blumenau. Isso acabou ficando parado ao longo desse tempo até eu retomar esse trabalho.No Brasil, 95% da economia gira em torno das micros e pequenas empresas. Em Blumenau não é diferente. São as pessoas que movimentam nossa economia, que geram empregos e dão oportunidades.

Nessa ascensão social que se apregoa no país, onde muitas pessoas saíram da miséria e passaram a uma condição sustentável de vida, aconteceram várias coisas. Entre elas, a explosão e o aumento de pessoas com o intuito de ir atrás da sua realização pessoal, que é sair da informalidade, passar a contribuir e ter um CNPJ. Passar a ganhar mais, mas acima de tudo, ganhar mais de forma justa e correta. Este é um dos grandes objetivos de trabalho daqui para frente.

Veja o pronunciamento dele na Câmara de Vereadores, quando reassumiu seu mandato, no dia 30/3/2015.