Tenentes da PM Nicolas e Karla: uma vida de parceria e muitas decisões difíceis

 

 

 

Por Claus Jensen, com fotos pessoais do casal

No Dia dos Namorados, convidamos um casal de policiais militares para contarem sua história. Ela é responsável pelo programa “Rede Catarina de Proteção à Mulher” e chefe da logística, enquanto ele cuida das relações públicas do 10º Batalhão da PM.

 

 

Os dois se conheceram no fim de 2011, na faculdade de direito em Fortaleza (CE), cidade onde moravam com suas famílias. Karla Medeiros, um ano a mais que Nicolas Vasconcelos Marques, estava no último semestre da faculdade.

A primeira impressão que ela teve dele não foi boa. Durante uma competição de oratória, onde um grupo de formandos de direito debatia temas jurídicos, ele assumiu um perfil competitivo, usando técnicas de advogar. Pela forma que se apresentava, Karla achou ele um pouco arrogante.

Mas foi em um evento de amigos em comum, que os dois se aproximaram pela primeira vez. Naquele dia, a turma decidiu sair para comer um lanche numa grande rede de fast food, onde o futuro casal conversou.

“Quando voltei para casa adicionei ele no meu Facebook, mas sem pretensão alguma, já que tínhamos amigos em comum”, disse Karla. Mas depois desse dia, os dois começaram a conversar pelo messenger da rede social. Ambos tinham o hábito de estudar de madrugada, e numa dessas conversas, Nicolas sugeriu que eles saíssem para dar uma volta na Beira Mar de Fortaleza.

Não foi a primeira vez, as outras ela  tinha recusado. Mas naquele dia, por volta das 2h30min, ele a convidou de novo, talvez a última tentativa, que dessa vez Karla aceitou. Eles estacionaram o carro e caminharam pela orla da praia. O frio daquela hora fez acontecer o primeiro abraço, que terminou em um beijo.

 

Nicolas e Karla em Fortaleza, Ceará

 

O amor já estava no ar, e depois de outros encontros, uma notícia nada boa para Nicolas. Era final de mais um ano, e Karla iria viajar de navio, passando o Natal e réveillon fora durante um mês. “Ninguém sabia se iria dar em alguma coisa, mas durante esse tempo a gente se falava direto pelo Facebook. Um dia depois que voltei, ele me convidou para sair. Foi aí que comecei a acreditar que não era um relacionamento passageiro”, lembra Karla.

Durante 2012, o namoro foi ficando cada vez mais sério, quando cada um começou a frequentar a casa do outro. “Nós tínhamos muitas coisas em comum, cursávamos direito, queríamos fazer concurso público e a área policial nos interessava”, comentou Karla. Foi então que os dois começaram a estudar e prestar concursos juntos. Um deles foi no Piauí para delegado de polícia, mas Nicolas não passou. Karla tentou na defensoria pública da Paraíba, também não conseguiu.

Em janeiro de 2015, ambos fizeram o concurso para delegado de polícia no Ceará, quando somente ela passou. No fim da semana seguinte, vieram para Santa Catarina para concurso da Polícia Militar. A princípio Karla não viria, porque faria a terceira fase do concurso para defensoria em Alagoas. Mas o dela foi prorrogado e os dois vieram para participar no nosso estado. Isso foi determinante para que ficassem juntos, porque certamente iriam se separar, já que tanto um quanto o outro conseguiriam ser aprovados.

Os dois continuavam a morar na casa dos pais e estudar juntos das 22h às 4h da madrugada do outro dia, considerado por eles o melhor horário. Nessa época, Nicolas dava aula para concursos.

 

O beijo de felicidade quando se formaram na Polícia Militar

 

Quando souberam que ambos foram aprovados em Santa Catarina, Karla teve que tomar uma difícil decisão. Ficar em Fortaleza com sua família e onde havia passado no concurso, ou vir para cá com o amor de sua vida. Ela não teve dúvida, o sentimento que os uniu falou mais alto.

Para os pais da filha única, não foi fácil. Já o pai de Nicolas propôs sustentar seu filho até que conseguisse uma colocação melhor. Mas eles estavam decididos a construir suas vidas fora do Ceará. Já estava nos planos deles viver em outro estado, como o sudeste por exemplo.

O casal se apaixonou por Florianópolis assim que chegou em maio de 2015. Era a cidade que gostariam de morar e onde ficaram por dois anos. Em setembro, Nicolas a pediu em casamento. Para a festa pequena que aconteceu em agosto de 2017, na cidade de Fortaleza, eles convidaram apenas familiares e amigos mais próximos.

 

 

O objetivo era poupar para gastar o dinheiro na viagem de navio aos Estados Unidos. Era a viagem dos sonhos dele, e vendo o quanto era importante para o Nicolas, Karla também acabou se empolgando. Eles alugaram um carro e passearam pela Califórnia, Disney, etc..

Ao descrever as qualidades de cada um, Karla usou as mesmas palavras dos votos no dia em que subiram ao altar. “Ele é o homem mais íntegro que conheço, sempre com atitudes justas. Também é muito esforçado, inteligente e trabalhador. Admiro a forma como fala e se porta. Quando tenho uma dúvida, é a pessoa certa para analisar e me dar sua opinião.”

 

 

Nicolas, que se considera o lado mais racional do casal, a descreve como uma pessoa carinhosa, mais emocional e seu porto seguro. Um exemplo foi a festa de casamento, que ela queria maior, reunindo mais pessoas que fizeram parte da suas vidas. Mas ele a convenceu de que a viagem iria marcar muito mais. Foi tudo perfeito, inesquecível e incomparável às tantas que fizeram depois.

“Por mais que a vida esteja agitada, ela é muito tranquila e responsável. Nas instituições militares, há as divisões de várias áreas e funções dentro de um batalhão. Ela é a que reúne tudo. Eu adoro trabalhar, até lamento quando termina minha escala de serviço. Por isso às vezes acabo deixando um pouco de lado essa questão do relacionamento, mas a Karla sempre é meu ponto de equilíbrio”, completa.

 

 

Questionados sobre o fato de trabalharem juntos na Polícia Militar, ele disse que até ajuda, porque ambos entendem a rotina da farda. É o caso de operações que podem varar a madrugada. “No quartel todos sabem que somos um casal, mas nunca nos vêem juntos, como tal. Claro, existem as normas, mas lá somos profissionais e encaramos isso com muita naturalidade. Em casa tenho a forma carinhosa de tratá-la, mas no batalhão é tenente Karla”, disse Nicolas.

No entanto ele não esconde sua preocupação quando ela está de serviço na rua. “Eu não consigo dormir direito e até tento ir no lugar dela. Não é uma questão de homem ou mulher, talvez é natural querer protegê-la, já que é a parte mais importante da minha vida. Outras vezes tento ir junto, porque em casa também não teria nada para fazer”, comenta Nicolas.

 

O casal junto com a Cacau, alegria da casa.

 

Ao perguntar sobre filhos, Nicolas que tem 28 anos, e Karla, de 29, disseram que tem planos a médio prazo. Pelos próximos três anos ainda querem continuar curtindo a vida de casados. “Sabemos que uma criança vai mudar totalmente nossa vida, mas aqui em Blumenau estamos sós, afinal nossos pais estão longe no Ceará”, lembra o tenente. Quem tem filhos, sabe como o apoio dos pais é fundamental.

O casal decidiu morar de vez Blumenau e até comprou um apartamento, porque até então moravam em um alugado na Rua Hermann Huscher. A nova conquista do casal está mais perto da Polícia Militar, onde trabalham, afinal é próximo da Furb, no bairro Itoupava Seca. Os dois costumam passear de bicicleta juntos e adoram cuidar da cachorra, companheira fiel e que ganha os mimos de uma filha.