A 40ª Oktoberfest Blumenau, que em 19 dias de celebração reúne milhares de visitantes, se destaca não apenas pela cerveja e pelas tradições culturais, mas também pelo alto nível de segurança oferecido ao público. A festa vem alcançando resultados inéditos: no segundo fim de semana, quando o evento recebeu um recorde de mais de 81 mil pessoas apenas no sábado (18/10/25), nenhum furto foi registrado.
Com uma estrutura que combina efetivo policial, segurança privada e tecnologia de ponta, a organização aposta em uma estratégia integrada para prevenir incidentes e garantir que moradores e turistas aproveitem a festa com tranquilidade.
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Estrutura
A operação de segurança privada é fruto de parcerias com as empresas Intelbras, Minister e Global Sonic. Sendo a Minister a responsável pelo acompanhamento da segurança no Parque Vila Germânica. Segundo Philipe H. da Cunha, gerente de monitoramento da empresa, a operação conta com cerca de 250 vigilantes uniformizados na pista e uma equipe de aproximadamente 20 agentes à paisana. Além disso, na Central de

Monitoramento são 10 operadores, mais a coordenação especializada.
O trabalho das empresas privadas ocorre em parceria com as forças de segurança do Estado — Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Penal e Polícia Científica.
“A gente monta toda essa estrutura para servir de ferramenta para o pessoal do Estado. Nós fazemos todo o projeto das câmeras aqui, montamos a equipe, treinamos o pessoal e preparamos todo o monitoramento para o evento. Também deixamos à disposição a ECC — que é a Estação de Comando e Controle que temos aqui — para as forças de segurança do Estado”, explica Philipe.

Tecnologia a serviço da segurança
O evento, através da parceria com a Intelbras, utiliza equipamentos de ponta para garantir a segurança e a tranquilidade dos visitantes. Atualmente, entre os principais recursos tecnológicos da festa destacam-se:
Reconhecimento facial: permite identificar pessoas de interesse em tempo real, cruzando informações com bancos de dados da polícia.
Busca por característica: identifica indivíduos com base em vestimentas, cor de roupas ou fotos fornecidas, permitindo traçar trajetórias e detectar grupos suspeitos.
“A gente consegue identificar a pessoa pela vestimenta, como cor de camisa, calça, vestido, blusa ou saia. É possível colocar uma foto, e o sistema faz uma varredura em todas as câmeras que possuem esse recurso para mostrar os locais por onde ela passou, criando uma linha de passagem. Utilizamos bastante essa ferramenta para identificar possíveis quadrilhas. Às vezes, detectamos o movimento suspeito de alguém, colocamos a busca por característica no sistema, que realiza a varredura e, a partir das imagens, conseguimos identificar os grupos — ou seja, quem está andando junto. Isso auxilia muito o nosso trabalho”, afirma Philipe.
Ao todo, são 415 câmeras de vigilância — contando com as 65 câmeras da área externa do Empório Vila Germânica, que funcionam durante o ano todo e, de forma inédita, desta vez, foram incorporadas ao sistema da festa, aumentando em quase 20% o número de aparelhos. Essas câmeras não têm a tecnologia de reconhecimento facial, mas são consideradas úteis para acompanhar o movimento das áreas.
O Parque Vila Germânica inclui ainda drones para vigilância aérea e 13 totens de emergência posicionados em pontos estratégicos em seu entorno.

Atuação da Polícia Militar
O Tenente Coronel Heintje Heerdt, da Polícia Militar, detalha a atuação conjunta com a segurança privada. A PM mobiliza cerca de 360 agentes durante toda a “Operação Oktoberfest”, com reforços fixos desde o primeiro dia e adicionais nos finais de semana — dias que totalizam um efetivo de aproximadamente 120 policiais por turno.
“Nos finais de semana vem um reforço massivo. São cerca de 80 policiais de todo o estado que vêm para Blumenau para prestar apoio, já que são os dias que concentram o maior público — sobretudo na sexta e no sábado”, ressalta.
A atuação é dividida em três cenários: o Parque Vila Germânica, o entorno da festa e o desfile, que acontece na rua XV de Novembro.
“Na Vila Germânica, a gente faz o policiamento, controla os acessos e presta apoio para a equipe de segurança privada. No perímetro da festa podem acontecer problemas de cambistas, de brigas, importunação sexual, furto de veículos. Então, nós fazemos o policiamento naquele entorno para garantir a segurança das pessoas que estão indo ou voltando. E nós temos o terceiro cenário que é o desfile: não está dentro da Vila Germânica, mas é um evento correlato à Oktoberfest, onde a gente tem um grande público — seja durante a semana, seja no final de semana. Então, nós colocamos bastante policiais ali para reforçar”, conta Heerdt.
Segurança nos desfiles
Nos desfiles, a PM conta com cerca de 35 agentes — incluindo a Cavalaria — e também com o policiamento aéreo do Helicóptero Águia e drones.
“A gente atua em plataformas elevadas para ter uma visão privilegiada ali da rua XV de Novembro, porque com o público intenso, fica difícil você, estando no nível do chão, visualizar. E nós temos patrulhas que ficam rodando o perímetro do desfile para auxiliar a população. Para combater furto de carteira, furto de celular, para ajudar, identificar pessoas que estão passando mal e acionar os brigadistas, etc”, informa o tenente.
Neste ano, a cobertura tecnológica da segurança foi implementada também na rua XV de Novembro e, agora, os desfiles oficiais da festa passam a contar com as câmeras de reconhecimento facial — uma iniciativa proposta pela PM à Comissão de Segurança e aprovada pela presidência do Parque Vila Germânica.
“O desfile começou a aparecer para nós como um ponto de preocupação. Ele não tinha aquele monitoramento que temos na Vila Germânica. É um espaço aberto, as pessoas estão distraídas porque estão acompanhando o desfile, estão vendo todos os carros alegóricos, estão tomando chope. Então, era um ponto que a gente avaliava como um risco dentro do contexto da segurança da festa”, enfatiza Heerdt.
Com a instalação das câmeras, o trecho agora também é integrado ao sistema de vigilância da festa, permitindo o acompanhamento em tempo real e a identificação de pessoas de interesse.
Integração entre segurança privada e pública
A comunicação entre a Polícia Militar e a empresa Minister é constante, com integração de sistemas das câmeras de reconhecimento facial e grupos de WhatsApp para troca rápida de informações, garantindo que ações preventivas ou de abordagem ocorram de forma eficiente.
“A gente trabalha no mesmo espaço, junto à Central de Monitoramento. Temos um setor dedicado, porque as equipes da Polícia Militar e demais forças de segurança utilizam o banco de dados CISP para reconhecer mandados de prisão. Esses tipos de dados precisam ficar restritos à Força de Segurança Pública, então estamos em uma sala separada, mas no mesmo ambiente, o que facilita bastante a comunicação”, explica.
Sobre a relação de trabalho, o tenente afirma que é bastante dinâmica: “Eles estão fazendo o monitoramento da festa, ali das câmeras, e nós estamos atuando na questão da parte criminal: mandado de prisão, tornozeleira eletrônica, — no caso da Polícia Penal — então, essa troca constante de informações é positiva para que a gente atinja o nosso objetivo, que é ter a festa mais segura do país”.
Principais ocorrências
Conforme Philipe, da Minister, mais da metade das ocorrências registradas durante a Oktoberfest são objetos perdidos, como celulares — portanto, as equipes também procuram fazer um trabalho de prevenção. “Através do monitoramento, com esse trabalho preventivo, a gente aciona as equipes de segurança na pista para que eles orientem a pessoa a cuidar do objeto, a guardar, a pôr na bolsa”, diz Philipe.
De acordo com o tenente, outras ocorrências comuns incluem furtos, violência de gênero, importunação sexual — já bastante reduzida — e pessoas que se perdem na multidão.
“Uma das nossas preocupações é a questão do furto celular. Já foi um problema muito grande na Oktoberfest no passado, pré-pandemia. E esse ano, a gente continua atuando com a equipe de monitoramento da festa para, caso identifique um furto de celular, fazer a prisão do agente”, detalha Philipe.
O tenente complementa: “O horário mais sensível sempre é o período da madrugada, quando já houve um consumo maior de bebida alcoólica, podem ocorrer brigas — coisas que facilitam o criminoso a cometer o furto. (…) Hoje, a festa começa uma hora mais cedo e termina uma hora mais cedo também, porque já mudou bastante o perfil. Durante o dia, você vai ver um público intenso, mas nesses horários, meio-dia, 16h, não são horários que a gente tem grandes preocupações, porque é período diurno, as pessoas estão mais para gastronomia e para a parte cultural. Então, é um horário que para nós é mais tranquilo”.
Tecnologia como aliada, não substituta
A excelência na segurança da Oktoberfest não depende apenas de equipamentos modernos. Cada operador e segurança passa por treinamento técnico e operacional, incluindo planos de ação para situações como furtos, brigas ou pessoas desaparecidas. A equipe é constantemente atualizada para lidar com imprevistos, garantindo que tecnologia e trabalho humano atuem de forma integrada.
Tanto a equipe da Minister quanto a Polícia Militar destacam que a tecnologia é uma grande aliada da segurança, mas não substitui o trabalho humano. Philipe explica que o sucesso depende da integração entre três pilares: tecnologia, qualificação e gestão das pessoas.
“Uma não funciona sem a outra. Eu não posso dizer que a tecnologia foi crucial em tal ação, porque se não tivesse a pessoa operando, treinada e a equipe toda alinhada, não acontece. Assim como não adianta eu ter um operador ótimo, excelente, treinado, e não ter a tecnologia à disposição”, afirma.
Ele reforça que boa parte das ações exige atuação manual e análise humana, especialmente nas tomadas de decisão. “Só a tecnologia não resolve de nada (…) É um conjunto (…) Ela auxilia em vários casos, mas tem todo um trabalho manual também. Muita gente, quando fala de tecnologia, acha que ela opera sozinha, mas isso não acontece, não é verdade. Boa parte do trabalho é manual, um trabalho de inteligência mesmo, de treinamento”, ressalta Philipe.
O tenente-coronel diz que a tecnologia amplia a capacidade de atuação das equipes, mas não substitui o discernimento e a experiência dos agentes. “A tecnologia dá escala ao serviço da Polícia Militar (…) você consegue fazer mais com menos (…) Ela potencializa o trabalho do policial. Mas não adianta a ferramenta ser boa demais se a pessoa por trás não souber usar. É preciso o potencial humano (…) O recurso humano que é obstinado, que corre atrás, que trabalha essa informação para conseguir o resultado final que é a segurança pública de qualidade em Santa Catarina”, completa.
Alinhamento diário garante a eficiência
Outro diferencial da segurança da Oktoberfest Blumenau é o sistema de governança adotado pela organização do evento. A Comissão de Segurança atua de forma contínua, não apenas no planejamento prévio, mas durante todos os dias da festa. Reuniões diárias de alinhamento reúnem representantes da PM, da segurança privada, da equipe de limpeza, dos brigadistas e até do Sindicato dos Trabalhadores, promovendo uma integração completa entre os diferentes setores envolvidos na operação.
Esses encontros servem para avaliar o andamento das atividades, identificar eventuais problemas e definir medidas corretivas imediatas, garantindo que o evento funcione com eficiência e segurança. O modelo de governança adotado permite ajustes constantes e respostas rápidas, o que contribui diretamente para a boa experiência do público e o sucesso da festa.

O principal desafio
O maior desafio das equipes de segurança da Oktoberfest Blumenau, atualmente, é manter os índices de tranquilidade que se tornaram marca do evento. Tanto para a Polícia Militar quanto para a empresa Minister, o foco é preservar o alto padrão alcançado nas últimas edições.
Segundo o gerente de monitoramento da Minister, o compromisso é manter o equilíbrio entre inovação e eficiência. A cada ano, novas tecnologias e ferramentas de inteligência artificial são incorporadas ao sistema de vigilância, mas sem abrir mão do que já funciona bem. O desafio, explica ele, está em aprimorar continuamente sem perder a qualidade das operações.
Na mesma linha, a PM destaca que o objetivo é sustentar os baixos índices de ocorrência, especialmente em comparação a eventos de grande porte realizados no país. Na edição de 2024, por exemplo, foram registrados apenas 24 furtos de celular, com 15 aparelhos recuperados — um número considerado positivo diante da dimensão da festa. Para a corporação, identificar possíveis pontos de vulnerabilidade e agir preventivamente é essencial para que a Oktoberfest continue sendo referência nacional em segurança.
“Neste ano, se furtassem dois celulares a mais, haveria um aumento de 10% referente a 2024. Então, é um desafio que a gente tem de manter esses números, de sempre manter”, ressalta o tenente.
Público reconhece sensação de segurança crescente
Seja para quem vem de longe ou para os frequentadores habituais, o sentimento é de tranquilidade e confiança durante os dias de festa.

O casal Graciana e Adriano Sartori, de Atibaia (SP), participa pela segunda vez do evento e notou avanços em relação à edição anterior. “Não tenho do que reclamar. A gente se sente bem, se sente seguro”, afirmou Adriano. Ele, inclusive, reparou nos seguranças que ficam à paisana: “O que é bacana também é que os seguranças estão meio que à paisana E aí alguém sobe no banco, eles vêm na hora. Alguém está ali fazendo alguma coisa, dizem ‘cara aí não’. No ano passado eu não vi isso. Neste ano ficou mais aparente”.
Graciana reforça que a presença ostensiva e ao mesmo tempo discreta da segurança fez diferença. “A gente é de São Paulo, então já tem aquele medo e tal. Mas aqui, tranquilo: celular na mão”, afirma.
Moradores de Blumenau, Rafael e Joice Beninca também destacam a organização e a presença constante das forças de segurança. Frequentadores assíduos da Oktoberfest, eles dizem nunca ter enfrentado problemas.
“A segurança é boa. A gente vê bastante policiais e se sente seguro”, contou Rafael. Ele esteve na festa com os filhos de 15 e 20 anos e afirma que se sente tranquilo em frequentar o evento em família.
Para o público, a combinação entre tecnologia, presença de equipes e postura preventiva reforça a confiança em um evento que, além de celebrar a cultura, é referência em segurança entre as grandes festas do país.
Orientações para aproveitar com segurança
A Polícia Militar também reforça que a prevenção começa com o comportamento do próprio público. O tenente-coronel destaca três frentes principais de orientação: furtos de celular, desaparecimento de pessoas — especialmente crianças — e casos de importunação sexual.
No caso dos furtos de celular, a recomendação é evitar deixar o aparelho no bolso traseiro e não usar bolsas abertas, do tipo ecobag, que facilitam a ação de criminosos. Também é importante não abandonar o celular sobre as mesas compartilhadas. Muitas vezes, as pessoas se distraem com um show ou uma apresentação e acabam deixando o aparelho sem vigilância.
Para crianças e pessoas que se perdem, a PM conta com o apoio dos voluntários da Jocum (Jovens Com Uma Missão), responsáveis por entregar pulseiras de identificação logo na entrada da festa. Eles fazem o acolhimento e auxiliam no reencontro entre familiares.
Em casos de importunação sexual, as mulheres devem procurar imediatamente a Polícia Militar ou a equipe de segurança da Minister para relatar o problema. “Já atendemos ocorrências, já fizemos prisão em flagrante. Então, se passar por isso, não se sinta constrangida. Procure a Polícia Militar para dar o auxílio”.
Atendimento na festa
A Polícia Civil mantém uma delegacia funcionando no evento com 26 agentes. O local é responsável pelo registro de boletins de ocorrência, autuações em flagrante e pelo serviço de achados e perdidos. A estrutura de segurança conta ainda com 10 agentes da Polícia Penal e 5 da Polícia Científica.
Os principais postos de serviço estarão concentrados em uma área estratégica, localizada entre o Setor 3 e o Ginásio Galegão, em direção à saída para a rua Humberto de Campos. Neste local, os visitantes encontrarão o Ambulatório para atendimentos de saúde, a Central de Acolhimento para suporte a crianças e pessoas perdidas e suporte para necessidade emocional, além dos postos da Polícia Científica, Corpo de Bombeiros e Polícia Penal.
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