“Se liberam bares, shoppings e parques em Blumenau; porque não as escolas e creches?”

 

 

 

 

Por Claus Jensen, com cobertura de Josiane Longhi [OBlumenauense]

Uma manifestação por volta das 9h30 deste sábado (26/09/20), conseguiu reunir em menos de 4 dias, mais de 300 pessoas na Praça Victor Konder, em frente da prefeitura de Blumenau. Participaram desde pais, educadores, crianças e até mesmo diretores ou proprietários da rede de ensino privada. A colaboradora Josiane Longhi fez a cobertura da manifestação.

Os manifestantes pedem o retorno das aulas presenciais no município, uma decisão que somente pode ser tomada pela Secretaria de Educação de Santa Catarina. A diretora pedagógica da Escola de Educação Infantil Spazio Bambini, Cintia Taice Oneda Petris, disse que a manifestação tem como intuito defender o retorno das aulas para as famílias que necessitam e contam com a escola como grupo de apoio. Ela comentou que as crianças estão sofrendo emocionalmente com a falta da rotina e convívio escolar.

Uma das organizadoras da manifestação, Maria Tereza Peters, diz que está indignada com a inversão de valores do governo, que liberou os bares há mais de dois meses, além de parques, shoppings, mas não as escolas e creches. “Onde estão nossas crianças enquanto os pais estão trabalhando? Eu, meu marido, minha mãe e pai, todos trabalhamos fora. Minha sogra está doente e não tem a mínima condição de cuidar de meus filhos que tem 3 e 5 anos. Quando decidimos ter uma família, contamos que em meio período ou integral, teremos o apoio das escolas ou creches na educação dessas crianças enquanto estamos trabalhando. Nós planejamos a vida dessa forma. Não temos como fazer a parte pedagógica dentro de casa”, disse a mãe de dois filhos.

 

Maria Tereza Peters, uma das organizadoras da manifestação.

 

Os pais comentam que as crianças estão extremamente depressivas e cansadas. “Meu filho chora todos os dias, diz que está entediado e cansado, não aguenta mais. Infelizmente no horário que ficava com eles, eu preciso trabalhar. Meu salário não está garantido no final do mês. Sem ele não consigo pagar moradia, alimentação e saúde para os meus filhos. Apesar dos dois estarem bem, um deles faz fisioterapia por conta de hiperatividade da bexiga, por causa do estresse e ansiedade. Enquanto isso os shoppings e parques estão cheios, inclusive com a presença de crianças. Claro, com o distanciamento, com álcool em gel, e todos os cuidados. Mas a gente não vê escolas abertas”, disse Maria.

 

 

Ela diz que já foi comprovado em outros países que as crianças não são vetores de contágio da Covi-19. A organizadora pede que pelo menos as escolas privadas tenham autorização para abrir, porque muitas já estão fechando e as professoras perdendo seus empregos. “Em Blumenau já fecharam mais de 10 escolas de educação infantil. Elas não têm subsídios do governo para se manterem. O pagamento dos salários dos professores vai até onde as escolas tiverem dinheiro para pagar”, comentou.

Não há outra manifestação programada até o fim das eleições, até porque muitos políticos não podem estar presentes em função da legislação eleitoral. Mesmo assim serão espalhados outdoors, para lembrar a todos que educação é essencial.

Os protocolos de higiene estarão sendo seguidos, assim como o distanciamento e todas as normas estabelecidas. “Nós pedimos que a prefeitura, os candidatos à eleição, olhem para escolas e as crianças que estão sofrendo psicologicamente”, finaliza em tom de apelo. No mesmo dia da manifestação divulgamos uma matéria que fala sobre o retorno das aulas presenciais em Blumenau. Clique aqui para acessar.