Santa Catarina toma dianteira na governança digital

As principais vantagens são a redução de custos e o ganho de eficiência com a automatização e flexibilização de processos.

Foto: divulgação prefeitura de Balneário Camboriú

O caminho da digitalização do trabalho está evoluindo rapidamente no mundo e no país. Em muitos casos, os meios digitais trazem mais agilidade na comunicação e no encaminhamento de tarefas. Outra eventual vantagem é a redução de custos e ganho de eficiência com automatização e flexibilização de processos.

Nesse sentido, é natural que administradores públicos se inspirem nas melhores práticas da iniciativa privada e estudem maneiras razoáveis de digitalizar também serviços, produtos e processos públicos. No âmbito das cidades, modelos preditivos e sincronização remota de serviços podem não apenas trazer grandes benefícios fiscais como também aumentar muito a qualidade dos serviços prestados e o bem-estar da população.

Porém, o avanço desse processo de digitalização está longe de ser uniforme no Brasil. Isso é o que revela um recente estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em parceria com o Grupo de Transformação de Pesquisas dos Estados (GTD.GOV) monitorando o progresso da transformação digital nos governos estaduais.

Etapas variadas de digitalização

O governo federal tem 58% de seus serviços digitalizados e pretende finalizar essa transformação em 2022. A aprovação de legislações importantes, como a Lei Geral de Proteção de Dados e o Marco Civil na Internet, delimitam direitos e deveres do poder público e dos cidadãos, servindo como base para as mudanças administrativas.
O estudo “Tendências na Transformação Digital em governos estaduais e no Distrito Federal do Brasil” dá uma visão detalhada das particularidades locais desse processo inovador.

A pesquisa avalia o progresso estadual em seis critérios:

  • Estratégia e governança digital
  • Equipes digitais
  • Interação com cidadãos e empresas
  • Cibersegurança
  • Uso de novas tecnologias
  • Economias geradas pela transformação digital

60% dos estados não têm uma estratégia de transformação digital. Dos estados que contam com um desses planejamentos, destacam-se positivamente Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Alagoas.

Santa Catarina também é uma das 6 unidades federais a contar com um cientista-chefe de dados responsável por propor e desenvolver soluções usando técnicas de análise estatística.

O estado também é um dos poucos a integrar digitalmente os canais de atendimento para serviços públicos: está entre os 10 que integram esses canais oferecidos ao cidadão e entre os 7 que interopera os sistemas públicos de informação. A interoperabilidade permite realizar diversos serviços complexos de canais variados numa só plataforma governamental.

Cibersegurança

Tanto empregadores quanto usuários de internet vêm se informando sobre os riscos digitais e adotando práticas e ferramentas para se proteger. O uso de redes VPN é uma necessidade crescente para essa finalidade. Para o trabalho online, essas redes privadas permitem aos trabalhadores o acesso seguro aos servidores de empresas sem ter que sair de casa. Para o uso geral, também são uma ótima maneira de navegar anonimamente e isolar-se de invasores digitais.

Nos estados brasileiros, o planejamento para contingências de cibersegurança infelizmente ainda é perigosamente vagarosa: apenas 4 deles e o Distrito Federal contam com um protocolo vigente para lidar com emergências de segurança cibernética.

Embora Santa Catarina figure nesse grupo de contemplados, o estado ainda não adequou seus canais de atendimento à Lei de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). De fato, apenas Amapá e Rio Grande do Sul o fizeram até o momento da condução da pesquisa.

Além de serem adequações necessárias para garantir os direitos dos cidadãos enquanto são atendidos pelo poder público, a adesão a boas práticas de cibersegurança são fundamentais para evitar vazamentos massivos de dados pessoais, como aqueles relatados no começo de 2021.

O esforço para isso precisa ser de todos os agentes que se conectam a redes e servidores. Grandes ataques cibernéticos começam explorando um ponto das cadeias e não o seu “coração”. Uma senha que não é segura ou um computador que foi usado quando estava contaminado é suficiente para ganhar acesso a um sistema e poder derrubá-lo.

Por isso a criação de senhas seguras – e a troca constante delas – e um bom programa antivírus em computadores e celulares são itens obrigatórios que os estados precisam pensar em providenciar para servidores e na sua estrutura em geral. O investimento realmente compensa neste caso e poupará muitas dores de cabeça.