No estado de Santa Catarina, historicamente, a incidência dos casos confirmados das meningites em geral (bacterianas, virais e outras etiologias), tem mantido comportamento endêmico com pequenas oscilações. Nos últimos três anos, a taxa de incidência variou de 803 casos (11.9 p/ 100 mil habitantes) em 2015 para 694 casos (10 p/ 100 mil hab.) em 2016.
Em 2017, até o momento, foram confirmados 350 casos de meningites em geral, com um total de 24 óbitos, registrados no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde. Do total de casos, 22 apresentaram as formas mais graves de meningite (doença meningocócica, meningite pneumocócica e meningite por Haemophilus), dos quais cinco evoluíram para óbito, de residentes de Antônio Carlos (43 anos), Balneário Camboriú (acima de 80 anos), Itajaí (60 anos), Major Gercino (63 anos) e São João do Sul (49 anos).
Outros dois óbitos ocorridos recentemente nos municípios de São José (meningite pneumocócica) e Palhoça (doença meningocócica) foram notificados à vigilância epidemiológica estadual, porém, ainda não foram inseridos no sistema oficial pelos municípios. “Tais casos foram causados por agentes diferentes, não apresentam vínculo epidemiológico e, portanto, não caracterizam surto”, enfatiza o médico infectologista Fábio Gaudenzi, superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC). Ele reconhece que é inegável o impacto que as meningites causam na sociedade, independente da etiologia viral ou bacteriana. “Geralmente, são acompanhadas de grande repercussão nas comunidades. É fundamental que todos estejam atentos às formas de prevenção”, frisa.
Todos os casos de meningite devem ser notificados pelos hospitais, profissionais de saúde e laboratórios, às Secretariais Municipais de Saúde e essas, por sua vez, à Secretaria Estadual de Saúde para acompanhamento, investigação e orientação aos familiares. A Dive/SC orienta, apoia e acompanha os municípios durante o processo.
A DOENÇA
A meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus, parasitas e fungos, ou, ainda, por processos não infecciosos.
Dentre esses, as formas mais graves são a doença meningocócica, causada pela bactéria Neisseria meningitidis; a meningite pneumocócica, causada pelo Steptococcus pneumoniae; e a meningite causada pelo Haemophilus influenzae. São doenças graves e de evolução rápida, sendo que a doença meningocócica hoje é a que apresenta potencial de disseminação entre pessoas que tiveram contato íntimo e prolongado. Os grupos etários de maior risco são as crianças menores de 05 anos, principalmente as menores de 01 ano, e os indivíduos maiores de 60 anos.
“As meningites causadas por bactérias são muito graves e, se não forem tratadas a tempo, podem deixar sequelas graves e até levar à morte. O quadro de meningite bacteriana pode se instalar em algumas horas. A evolução é muito rápida e fulminante”, alerta o médico infectologista Luiz Escada, técnico da Gerência de Imunização da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) da SES/SC.
Há suspeita de meningite em pessoas que apresentem febre associada à dor de cabeça, dor ou rigidez de nuca e vômitos frequentes. Em crianças pequenas, esses sintomas podem apresentar-se como choro persistente, irritação, falta de apetite, manchas vermelhas na pele e ‘moleira inchada’. Na apresentação desses sintomas, deve-se procurar a unidade de saúde mais próxima. Após a avaliação médica e análise preliminar de amostras clínicas do paciente, ele será internado e receberá tratamento de acordo com o agente etiológico. No caso da meningite bacteriana, o tratamento será realizado com antibióticos específicos.
VACINAÇÃO
Algumas formas de meningite bacteriana podem ser prevenidas por vacinas que estão disponíveis diariamente na rede pública de saúde (Meningo C, Haemoflhilus B e Pneumocócica). Antes indicada para crianças até 01 ano de idade, a vacina contra a meningite C passou, este ano, a ser oferecida também para adolescentes de 12 a 13 anos. A faixa-etária será ampliada, gradativamente, até 2020, quando serão incluídos crianças e adolescentes de 9 anos a 13 anos. Em Santa Catarina, 216.948 adolescentes deverão receber a vacina.
“É importante ressaltar que, dos quatro subtipos, a meningite C é o mais frequente tipo da doença em todo o país. Em Santa Catarina, representa cerca de 50% dos casos”, informa Vanessa Vieira da Silva, gerente de Imunização da Dive/SC. A profissional ressalta, ainda, a necessidade de a população atualizar a carteira de vacinação.
COMO SE PREVENIR
- Manter a carteira de vacinação em dia. A vacina contra meningite está disponível na rede pública de saúde para crianças de até 01 ano de idade e adolescentes de 12 a 13 anos;
- Manter todos os ambientes bem ventilados, se possível ensolarados, principalmente salas de aula, locais de trabalho e no transporte coletivo;
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabão;
- Manter higiene rigorosa com utensílios domésticos;
- Evitar transitar com crianças em ambientes fechados e mal ventilados.
Fonte: DIVE (Diretoria de Vigilância Epidemiológica)