Santa Catarina decreta emergência em saúde por alta nos casos de gripe e doenças respiratórias

Estado já registra mais de 6 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em 2025; idosos e crianças estão entre os mais afetados, e baixa adesão à vacinação preocupa autoridades

A chegada do outono em Santa Catarina trouxe um alerta para toda a população: o número de pessoas internadas com sintomas respiratórios graves disparou, especialmente por conta da gripe (Influenza), e o impacto já é sentido nas unidades de saúde. A superlotação de UTIs, filas por atendimento e o aumento de óbitos fizeram o Governo do Estado decretar situação de emergência em saúde pública por 180 dias, válida para todos os municípios catarinenses.

De janeiro a 7 de junho, foram 6.035 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registrados no estado. Desses, 1.121 foram causados por Influenza, que também foi responsável por 126 mortes só neste ano, o dobro do registrado no mesmo período de 2024. Crianças menores de 5 anos e idosos com mais de 60 concentram a maioria das hospitalizações. Para a população em geral, isso significa não só o risco aumentado de adoecer, mas também a dificuldade em conseguir atendimento médico rápido em situações de urgência.

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Em regiões como Florianópolis e Itajaí, a situação é mais crítica: juntas, essas áreas já somam 1.794 casos graves e 67 mortes. A ocupação de leitos de UTI — inclusive neonatais e pediátricos — tem pressionado a rede hospitalar, que lida com escassez de vagas e sobrecarga de profissionais. Quem depende do SUS pode ter que esperar mais tempo para conseguir internações, exames e diagnósticos.

Outro fator que preocupa as autoridades é a baixa adesão à vacina contra a gripe. Apenas 43,3% dos grupos prioritários — que incluem idosos, crianças, gestantes, pessoas com comorbidades e profissionais da saúde — foram vacinados até agora. A vacina está disponível gratuitamente nos postos, mas muita gente ainda não procurou se imunizar, o que facilita a propagação do vírus e o agravamento dos quadros clínicos.

A população pode — e deve — colaborar. Além da vacinação, os especialistas reforçam medidas simples que ajudam a conter a transmissão dos vírus respiratórios, como usar máscara ao apresentar sintomas, evitar ambientes fechados e sem ventilação, manter a higiene das mãos, cobrir o nariz e a boca ao tossir ou espirrar, e não compartilhar objetos de uso pessoal. Para quem convive com idosos ou crianças pequenas, esses cuidados são ainda mais importantes.

Segundo o médico infectologista Fábio Gaudenzi, superintendente de Vigilância em Saúde da SES, a SRAG deve ser levada a sério: “Toda pessoa com síndrome gripal que apresentar dificuldade para respirar, dor no peito, coloração azulada nos lábios ou rosto, ou saturação de oxigênio abaixo de 94% é considerada um caso de SRAG e precisa de atendimento imediato”, explica.

A declaração de emergência permite que o Estado adote medidas emergenciais, como requisitar serviços de entidades públicas e privadas para ampliar o atendimento. No entanto, a resposta coletiva da população é essencial. Com a chegada do inverno e a circulação mais intensa dos vírus, as próximas semanas serão decisivas para frear o avanço da doença.

Para o cidadão comum, o momento é de atenção redobrada: a prevenção começa em casa e nas atitudes do dia a dia:

    • Manter ambientes bem ventilados, com portas e janelas abertas e correntes de ar;
    • Usar máscaras quando apresentar sintomas respiratórios;
    • Evitar contato próximo com pessoas com sintomas gripais;
    • Higienizar as mãos com água e sabão ou com álcool gel com frequência, principalmente depois de tossir ou espirrar, após usar o banheiro, antes de comer, antes e depois de tocar os olhos, a boca e/ou nariz;
    • Utilizar a etiqueta respiratória (cobrir o nariz ea boca ao tossir ou espirrar com o antebraço e descartar lenços e máscaras usadas no lixo);
    • Evitar tocar os olhos, nariz ou boca após contato com superfícies potencialmente contaminadas (corrimãos, bancos, maçanetas, etc);
    • Limpar e desinfetar superfícies e objetos que entram em contato frequente com mãos, como mesas, teclados, maçanetas e corrimãos;
    • Não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos e talheres.

 

DECRETO Nº 1.031, DE 12 DE JUNHO DE 2025

Declara a existência de situação anormal, caracterizada como situação de emergência em saúde pública em toro território do Estado, para fins de prevenção e de enfrentamento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA, no uso das atribuições privativas que lhe conferem os incisos I e III do art. 71 da Constituição do Estado, e de acordo com o que consta nos autos do processo nº SES 132558/2025, DECRETA:

Art. 1º Fica declarada a existência de situação anormal, caracterizada como situação de emergência em saúde pública em todo território do Estado, em virtude da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), conforme indicadores epidemiológicos que apontam para o aumento expressivo nos índices de internações em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatal, pediátrica e adulto, e da consequente superlotação dos centros de atendimento, caracterizando elevado risco sanitário para a população.

Art. 2º Para a prevenção e o enfrentamento da situação de emergência de que trata este Decreto, fica o titular da Secretaria de Estado da Saúde (SES) autorizado a:

I – promover requisição administrativa de bens e serviços de entidades privadas com ou sem fins lucrativos, na forma do inciso XXV do caput do art. 5º da Constituição da República, e do inciso XIII do caput do art. 15 da Lei federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990;

e II – editar normas complementares ao disposto neste Decreto, relacionadas à situação de emergência, regulando questões específicas de sua competência.

Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, devendo as ações ser implementadas e executadas no período de 180 (cento e oitenta) dias.

 


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