Por Camile Magalhães
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o número de empregos formais no Brasil recuou em 40.864 vagas em janeiro deste ano. E, neste momento, muitos que perdem sua vaga no mercado de trabalho enxergam o negócio próprio como uma saída. Mas é preciso cautela para empreender.
A agora coach da Effecta Coaching, Simone Barreto, sabe bem disso. “Em 2003 eu tive o grande desafio de arrendar uma empresa com 90% do faturamento antecipado, 10 salários para pagar dali a seis dias e muito trabalho a fazer. Meu conhecimento de administração era muito pequeno, apesar de já ter empreendido anteriormente, ainda que em outras condições. Vi meus pais criando um negócio próprio e não terem sucesso diversas vezes e eu não queria repetir essa história”, revela.
Hoje, a proprietária de uma empresa, parceira de outra e professora universitária pode dizer que conseguiu superar tudo. “Eu também tive meus perrengues e, acima de tudo, meus aprendizados”, lembra. É ela quem compartilha quatro lições para empreender com segurança:
Calcule os riscos e tome decisões racionais: confesso que aprendi pela dor, pois assumi a empresa no impulso, sem pensar muito, agindo muito mais com a emoção do que com a razão. Cuidado, porque decisões importantes devem ser tomadas de forma racional, levando em conta dados reais, avaliando as necessidades e elencando prioridades. Temos a tendência romântica de “achar que vai dar para fazer” e aí acabamos por arruinar nosso fluxo de caixa. Ouvir o cliente evita gastos desnecessários e investimentos mais assertivos e úteis. Fazer investimentos requer cautela e avaliação da real necessidade, já que corremos o risco de fazer dívidas e destruir nossas reservas para ter pouco ou nenhum retorno real.
O cliente é quem paga as contas e seu time precisa entender isso: calma, não tem nada a ver com aquele velho jargão de que “o cliente sempre tem razão”. Tem a ver com pessoas. Achar as pessoas certas e engajá-las dá trabalho. Porque todo dia é um dia novo e diariamente temos muito a aprender e a ensinar. Essa função de liderar é constante e deve ser incansável. O time precisa saber com quem contar, precisa ter certeza que você vai estar por perto se ele precisar. E que toda e qualquer ação é focada no resultado que o cliente espera. Mais do que isso, o time – independentemente das funções – precisa saber quem é o cliente e o que o cliente espera. Essa habilidade, de conhecer o cliente, não é exclusividade do Comercial ou do Marketing, mas sim de todos os envolvidos no processo. Afinal, só estamos ali porque temos alguém para atender, para prestar nosso serviço ou vender nosso produto. E que, se o cliente quiser e achar melhor, pode e vai investir o dinheiro dele em outro fornecedor.
Antes de saber sobre o negócio, saiba mais sobre você: empreendedor, normalmente, sabe muito sobre o negócio e pouco sobre si mesmo. Eu, empreendedora romântica e muito apaixonada pelo meu novo negócio, tomei algumas decisões muito importantes de forma totalmente errada, sem pensar no que elas poderiam acarretar futuramente para o caixa da empresa. E isso quase nos levou a perder tudo.
Não ter uma Gestão Financeira adequada, investir sem critérios, não fazer reserva para os períodos de baixo faturamento, fazer contratações erradas e demorar para fazer algumas demissões, abrir um novo negócio sem ter o primeiro funcionando 100% redondo, foram alguns dos motivos pelos quais, por pouco, não vimos nosso negócio desandar.
Em 2012, depois de fazer várias formações técnicas nas áreas de empreendedorismo e administração, resolvi investir em um Processo Individual de Coaching, em um Treinamento de Liderança e, na sequência, em um Alinhamento Estratégico para a nossa empresa. Essas ações foram verdadeiros divisores de água na organização e nas nossas vidas, pois finalmente entendemos a importância do autoconhecimento na vida de um empreendedor. Afinal, somente me conhecendo melhor, pude saber quais eram minhas limitações e quais eram minhas melhores habilidades. E isso impactou totalmente no meu negócio.
Não existe liderança sem desenvolvimento e norte: finalmente, caiu a ficha da importância de se verdadeiramente liderar. Liderar não é simplesmente gerenciar pessoas, mas sim conhecê-las a fundo, compreender que o líder é tão responsável pelo seu desenvolvimento quanto pelo de seus liderados. Sendo assim, eu invisto em mim e no meu time, para que possamos sempre ser a melhor equipe que pudermos ser. E, acima de tudo, compreendo que se não sabemos onde queremos chegar, qualquer lugar serve!
É preciso ter mensuráveis, ter objetivos e metas bem claras a todo o time. Pois de nada adianta ter um serviço ou produto de excelente qualidade se ninguém sabe que ele existe. Dividir com os colaboradores as metas e as vitórias faz com que todos estejam juntos, seguindo no mesmo propósito, que se alinhem com a empresa. É preciso que todos participem ativamente da elaboração do planejamento, das ações, estejam por dentro de tudo. Assim todos se sentem parte da organização e fazem questão que funcione, que dê certo. Isso é sucesso. Empreender é um ato de coragem e, às vezes, dá muito medo. Mas como só tem medo quem é corajoso, que tal calcular o risco, preparar-se para ele e seguir em frente?