Quarentena influencia baixa de preços em março, segundo o Depto. de Economia da Furb

Foto: Freepik

 

 

 

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O Departamento de Economia da FURB divulgou nesta quarta-feira (15/04/20), o Índice de Variação Geral de Preços (IVGP) de março. De acordo com os economistas, foi registrada um deflação de -0,19% impulsionada pelos preços dos combustíveis que devem continuar oscilando negativamente em 2020, por conta dos reflexos da pandemia.

O departamento também analisou a conjuntura nacional e revisou o cenário econômico para os próximos meses. Os preços variaram negativamente em todo o País, em março. Atualmente, o panorama otimista estimado para 2020 registra uma variação de preços de +3,66%; a realista é +4,91% e a pessimista, +6,17%.

“Mais do que nunca, a sociedade e, consequentemente, a economia, está sendo obrigada a rever planos e previsões semana a semana. Dentro deste cenário atual, o IVGP projetado para o cenário realista (4,91%), pode ser alterado, pela baixa nos preços das commodities, redução na circulação das pessoas, desemprego, queda no poder aquisitivo e as expectativas de inflação para 2020 e 2021 que estão em queda e abaixo da meta”, afirmou o professor de Economia e Pró-reitor de Administração da FURB, Jamis Piazza.

O professor ressalta ainda que, com a frustração com o ritmo de crescimento, já anterior à crise do coronavírus, e a expectativa de que a doença tenha efeitos mais severos sobre o nível de atividade, especialmente nos serviços, devem resultar num quadro de inflação atipicamente baixa no Brasil este ano. “Como estamos falando de uma redução dos padrões de comércio e de crescimento, há uma desaceleração dos preços, porque tem menos procura. Se eu tenho muita procura, o preço aumenta. Se eu tenho pouca procura, o preço diminui”, avaliou.

A projeção dos economistas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o termômetro oficial da inflação no Brasil, já está muito abaixo do centro da meta de 2020, de 4,00%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,50% a 5,50%). Agora, a projeção para a inflação medida pelo IPCA é de 2,94%.

Os índices de crescimento econômico como o Produto Interno Bruto (PIB) também foram revistos. A projeção dos analistas do mercado financeiro para o PIB brasileiro neste ano era de 2,17% no fim de fevereiro, quando foi confirmado o primeiro caso de coronavírus no país. “Temos uma economia totalmente dependente da circulação de bens, serviços, pessoas, dinheiro. E foi justamente a circulação que parou. Então a projeção negativa do PIB é um reflexo de como essa não possibilidade de exercer a economia da forma que conhecemos — saindo pra comprar produtos e para adquirir serviços — faz com que essa desaceleração econômica se efetive em um indicador negativo”, comentou Piazza.

A taxa de câmbio teve alto crescimento no mês de março, com o valor do real despencando frente ao dólar americano. No fim de fevereiro, o mercado previa que o dólar custaria R$ 4,20 no fim deste ano. Agora, o boletim mais recente indica que a expectativa saltou para R$ 4,50.

Em março, o Brasil viu a cotação de o dólar atingir valores recordes, diante do colapso dos preços do petróleo e de temores econômicos relacionados ao coronavírus, mesmo diante de intervenções reforçadas do Banco Central. Na atual crise internacional, é natural ter fuga de capitais para moedas mais fortes, como o dólar. O primeiro movimento observado foi a fuga dos investidores externos, o que torna o dólar mais escasso no Brasil — e, portanto, mais caro. “Também há impacto pelo lado da redução do comércio internacional. Estamos tendo uma redução dos níveis de comércio internacional. Conforme você tem uma desaceleração econômica ampla, ela também vai se refletir nas trocas comerciais e vai circular menos dinheiro aqui”, comentou Piazza.

A Taxa Básica de Juros hoje está em 3,75% ao ano, a menor desde o início da série histórica, em 1996. A decisão pela redução da taxa foi unânime. Isso acaba tornando o custo do dinheiro mais barato. “Assim, você estimula as pessoas a tomarem decisões que elas não tomariam se tudo tivesse normal. Você torna o custo do crédito mais barato para pessoas que não estão conseguindo honrar seus compromissos financeiros”, opinou o economista.

O IVGP de março teve uma variação de -0,19%, abaixo do intervalo esperado (entre +0,10% e 0,60%). O item combustível registrou a maior queda, com baixa de 3,38% no mês passado. O item que obteve maior variação de preços foram as autopeças, com +1,65%. Nos últimos 12 meses, a variação acumulada de preços alcançou +1,04%. Mensalmente, são pesquisados os preços de 511 itens.

A informações foram divulgadas no site da Universidade Regional de Blumenau.