Projeto de universidade peruana equipa urubus com câmeras para identificar lixões clandestinos

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Desde julho de 2015, um projeto de pesquisa da Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima no Peru, utiliza os urubus-de-cabeça-preta para atender duas necessidades. Uma é de monitorar os animais e a outra é alertar os moradores da cidade sobre o problema de lixo na cidade.

Para a tarefa, foram selecionados dez urubus através do departamento de aves da San Marcos. Alguns eram animais resgatados e outros foram capturados em suas colônias, atraídos por carniça. Após passarem por exames médicos, eles receberam equipamentos de GPS e foram liberados. Alguns estão sendo treinados para usar câmeras GoPro que registram os lixões em que se alimentam. O Ministério do Ambiente do Peru e a Usaid, agência de cooperação internacional dos EUA, forneceram os equipamentos.

 

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Desde então, voam por toda a cidade por até quatro horas seguidas para encontrar comida, como restos de alimentos e animais mortos. Uma equipe permanente da San Marcos recebe as informações em terra e analisa em tempo real os dados que as aves enviam. Além das condições do lixo, também reúnem informação sobre sua vida social, deslocamentos, hábitos de alimentação, como fazem ninhos e descanso das aves. A informação sobre os focos de lixo localizados pelos urubus chegam ao Ministério do Ambiente, que fará um mapa virtual dos pontos de despejo ilegal de lixo.

 

 

Os urubus também viraram estrelas de uma campanha de publicidade criada pelas agências de propaganda FCB Mayo e SrBurns, com o seguinte texto: “Durante gerações, temos defendido o homem desses inimigos, armados com nossos sentidos e um estômago capaz de destruir as mais poderosas bactérias, mas o lixo está nos derrotando, a poluição tomou o ar, infectou a água, adoeceu a terra.” A frase é “dita por um urubu” na campanha “Gallinazo Avisa”. O objetivo da campanha é detectar focos de lixo em Lima, e chamar atenção das pessoas que o produzem.

 

O problema na capital peruana é tão complicado, porque seus cerca de 9 milhões de habitantes produzem mais de 7,4 mil toneladas de lixo por dia, segundo o Órgão de Avaliação e Fiscalização Ambiental (Oefa). Para você ter uma ideia, em Buenos Aires, com 5 milhões de habitantes a mais que Lima, são produzidos cerca de 6 mil toneladas diárias de resíduos sólidos.

 

A ideia é interessante e pode ter variações interessantes inclusive em Blumenau. Lixo é um problema mundial e ninguém melhor do que as aves que vivem voando, já que é a forma deles viverem. Em nossa cidade, tem muitos lixos clandestinos em beiras de rio onde são jogados móveis e eletrônicos, que contribuem para reduzir o escoamento da água em dias de enxurrada ou cheias.

 

Fonte: BBC