Presidente da Câmara de Vereadores fala dos desafios assumidos e projetos para 2015

Foto: Luciano Bernz
Foto: Luciano Bernz
Foto: Luciano Bernz

Passados dois meses após ter assumido a presidência da Câmara Municipal, o vereador Mário Hildebrandt (PSD), recebeu a nossa equipe em seu gabinete. Em entrevista, ele falou dos desafios que assumiu e quais os projetos para 2015.

OBlumenauense: Como está sendo esse início de mandato na presidência da câmara e quais os projetos que você tem para o ano de 2015?

Mário Hildebrandt: Como presidente foi um período até pesado. Um pouco complicado no primeiro e segundo mês. Tem o período de ajustes do modo de trabalho, pois, não vou entrar no modo de trabalho do meu antecessor, porque ele tinha o modo dele e eu tenho o meu.

Cada um tem sua escola, sua formação e seu modo de colocar as coisas em prática, de fazer as coisas acontecerem e sua equipe de trabalho. Esse foi um período de adaptação, aprendizado e um período de bastante discussão com a mesa diretora para os modelos das ações que queremos implementar.

Todos os assuntos referentes à câmara serão debatidos, não vamos fugir do debate. O portal transparência está aí com todas as nossas licitações e todas as nossas ações. Está sendo dado visibilidade e divulgação para essas ações. O motivo de cada uma delas, estamos aí para debater, dentre elas, podemos citar o próprio debate que a sociedade colocou na manifestação do último domingo (15), no que diz respeito à transparência e combate à corrupção.

Na questão corrupção, vou implantar a Controladoria, um órgão que irá fiscalizar o presidente, a estrutura, nossas ações; como o modo de trabalho e os processos licitatórios. Isto para tornar ainda mais transparente e até me fiscaliza e protege, assim como a mesa diretora ter seu CPF protegido.

Vamos melhorar o modelo de trabalho da escolha do legislativo, colocando servidores de carreira para tocar, tirando a questão política. Vamos ampliar e também melhorar o modelo de trabalho da Câmara Mirim. Além da pessoa que estará lá indicada, teremos também servidores de carreira que irão trabalhar na orientação pedagógica e na coordenação legislativa.

Implementaremos outras ações de controle no dia a dia da câmara, tentaremos fazer um ajuste no número de servidores, debatendo isso diretamente com eles. Vamos também criar uma diretoria de comunicação que será exercida pelo Antônio Amaro, que é hoje o coordenador de comunicação.

A câmara cresceu muito e precisa ter esse controle dos seus modos de comunicação. Isso tem que ser uniformizado, não pode o site da câmara informar uma coisa, enquanto o Twitter e o Facebook outra, em relação ao mesmo assunto que o vereador falou na tribuna. Enfim, é uma reforma que está em andamento.

Vamos ainda trazer debates importantes para audiência publica, como por exemplo, o aumento do número de vereadores. É importante salientar que não estou dizendo que sou a favor deste aumento. Eu sou a favor do debate com a sociedade em relação ao aumento do número de vereadores. Nós vamos fazer uma audiência pública para debater isso com a sociedade e ela nos dizer o que ela quer.

Se ela é contra, os vereadores terão que ter certeza ou consciência quando apertarem o voto de sim ou não na votação do projeto que vai definir isso. Nós não podemos, nem será permitido votar algo da noite para o dia, sem transmissão de TV, para que depois a sociedade nos cobre por termos feito algo escondido. Enquanto eu estiver na presidência desta casa, isso não vai acontecer, pois temos que ter toda a transparência possível das nossas ações. Não vou permitir que um projeto entre hoje e seja votado amanhã.

OBlumenauense: O que você achou das manifestações que ocorreram em todo o Brasil, especialmente aqui em Blumenau, onde se reuniram mais de 40 mil pessoas?

Mário Hildebrandt: Eu penso que isso é uma demonstração clara de democracia e liberdade. O mais importante é que foi uma passeata pacífica, sem violência. As pessoas cantando o Hino Nacional e se manifestando contra a corrupção. Alguns até pedindo a volta da ditadura militar, algo que hoje é inconstitucional. Outros se colocando contra o aumento do número de vereadores.

Muitos pedindo o impeachment da presidente Dilma, prisão para os corruptos e que o judiciário seja mais rápido nas suas ações. Acho que este é o momento da manifestação livre. Cada um buscou uma série de assuntos para serem discutidos. Mas todos estão voltados para que tenhamos um país mais limpo, transparente, sem corrupção e que o dinheiro do nosso imposto, volte para os municípios que é onde a população vive. Afinal, a cada R$ 100, R$ 64 vão para Brasília. A situação das prefeituras deste país está cada vez mais estrangulada com seu orçamento. De cada R$ 100 que entra, cerca de R$ 13 ficam no município. Onde você vive é que tem que ter educação, saúde e ruas pavimentadas. Mas os recursos acabam indo para Brasília para atender finalidades das mais diversas.

Precisamos melhorar nosso distributivo da arrecadação federal. A reforma política também tem que ser discutida, assim como o financiamento de campanha política por empresas. O fim do financiamento privado e da coligação nas eleições proporcionais. Discute-se um monte de coisas. Torcemos para que o congresso faça algo e transforme isso em legislação, para que possamos aplicar como o movimento nacional trouxe a questão da ficha limpa. O movimento surgiu e hoje é abraçado pelas pessoas. Ele nada mais é do que a cobrança da população. Ele está aí, não porque alguns congressistas quiseram, mas porque a população assim exigiu.

O impeachment da presidente Dilma é um assunto que está em evidência e os juristas dizem que neste momento não existe fatos jurídicos e concretos para isso. Agora, a questão destas manifestações que ocorreram em todo país, podem acelerar as investigações e se houver algo, com certeza esse fato jurídico vai ser encontrado e apresentado à toda sociedade.