Pintura “Bauernmalerei” decora mureta na ponte Adolfo Konder duplicada, em Blumenau

Confira a entrevista com a artista Sandra Bugmann.

Foto: Luiz Carlos Zimmermann

Fotos e vídeo: Luiz Carlos Zimmermann

No final da tarde de quinta-feira (2/07/21), o nosso parceiro Luiz Carlos Zimmermann estava no Centro de Blumenau, quando a esposa Simone comentou que tinha visto que a mureta da parte duplicada da ponte Adolfo Konder estava sendo pintada. Os dois foram até lá e encontraram a artista plástica Sandra Bugmann, especialista na técnica de pintura alemã “Bauernmalerei”.

O acesso para a nova parte da ponte será aberto ao trânsito no final da tarde de domingo (4). Mas quem passar a pé ou de bicicleta, já pode conferir o resultado do trabalho de Bugmann, que assina outras pinturas em espaços públicos de Blumenau. Quando a entrevista foi gravada, ainda não estava pronto.

 

A palavra, em tradução livre do alemão, significa pintura camponesa. No Brasil, ela vem sendo associada com a Alemanha. Segundo Bugmann, é uma arte folclórica que surgiu em meados do século XVII e foi influenciada pela grande fascinação dos europeus por peças e móveis laqueados e decorados trazidos do Oriente.

Como a importação dessas peças era algo trabalhoso, demorado e muito caro, artesãos e marceneiros daquela época procuravam desenvolver uma técnica adequada aos materiais de que dispunham para enfeitar seu mobiliário. Logo, foram adaptando e desenvolvendo um estilo próprio.

A ideia foi se disseminando depois que surgiu na região dos Alpes, no Sul da Alemanha. No começo a pintura utilizava motivos ingênuos e simples para valorizar peças feitas de madeiras de qualidade inferior. A princípio eram feitas imitações rústicas de madeiras nobres ou pedras como granito ou mármore. Depois começaram a ser utilizados motivos geométricos.

Aos poucos foi se desenvolvendo outros temas como flores, paisagens e até mais complexos como retratos e motivos religiosos. A simplicidade da técnica fez com que este tipo de pintura se tornasse popular entre os camponeses e suas famílias, constituindo-se um legado que era passado de geração em geração, nos explicou Bugmann.

Desde pequena, a artista é fascinada pelo desenho, pintura e todas as formas de arte e artesanato. Há 26 anos, minha mãe e grande incentivadora, viu uma matéria no Suplemento Feminino do Estadão sobre o Bauernmalerei com os trabalhos da artista Maria Carmen Osterne, de São Paulo.

“Ficamos encantadas na época. Já adulta e casada, eu e meu marido Maurílio fomos fazer um curso, em São Paulo, com essa professora. O curso durava uns dois meses, mas insistimos tanto que ela concordou em dar quatro aulas em dois dias. Ficamos pintando fundos de peças e secando com o secador no quarto do hotel para pintar o maior número de peças possível. Na volta, logo aconteceu a primeira Mostra Bordeaux. Conseguimos um mini espaço e usamos peças com Bauernmalerei”, relembra Bugmann.

Muitas pessoas começaram a pedir curso e a artista começou a dar aulas. Apesar de não ter muito material disponível para sobre o Bauernmalerei, ela foi pesquisando e mandou buscar livros da Alemanha e dos Estados Unidos.

“Tenho profunda admiração pelas pinturas folclóricas e pelo Bauernmalerei, em especial. Eu pensava que essa técnica deveria ser mais divulgada e valorizada. Tem uma aldeia na Polônia, Zalipie, em que as pessoas pintam flores, em um outro tipo de pintura folclórica, nas paredes das casas. Surge então a ideia de transpor o Bauernmalerei do ambiente interno, das peças e móveis para a superfície mais ampla do muro ou da parede, pintando flores e elementos bem grandes. Uma forma de divulgar, difundir e permitir que mais pessoas conheçam e se encantem com as flores características da técnica”, finaliza.

Simone Kertischka Zimmermann, Sandra Bugmannn e Luiz Carlos Zimmeramm