Pensando dentro e fora da caixa: o teatro que circula

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Por Luiz Guilherme Antonello, agência NPCA

Cada caixa é leve e pode ser levada a qualquer lugar. Dentro, a magia: um mundo de fantasia, com animação de bonecos, cenário, jogo de luz e sombra e sonorização por meio de um fone de ouvido. Por fora, o sorriso e a gargalhada da criança interior de quem assiste. Esta é a energia que a Cia Macadame traz em seus espetáculos de teatro lambe-lambe: “Confusões na Floresta” (4min), “O Náufrago e a Sereia em Perigo nos Mares” (4min), e, “Ideia de Passarinho” (3min), por meio do projeto Caixeiros Circulando. As apresentações, gratuitas e abertas ao público, ocorrem no dia 29 de outubro, às 15h, no Espaço Cultural Vovó Tânia, em Blumenau. O projeto Caixeiros Circulando é patrocinado pelo Fundo Municipal de Apoio à Cultura.

 

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Para a produtora cultural da Cia, Priscila Gilinski Machado, o projeto é importante para divulgar a linguagem do teatro lambe-lambe. “Estamos aproveitando essa novidade, e, para mim, é a realização de um sonho, de poder levar o teatro em formato de animação. É deslumbrante”, conta.

As três histórias trazidas pelos caixeiros têm foco na conscientização ambiental, problematizando desde o corte das árvores até a poluição dos mares. “Levar a mensagem que você sente, o que você percebe no mundo, e fazer com que as outras pessoas também percebam. Eu acho que isto é Arte. Você pensar diferente, olhar por outros ângulos, e você perceber, sentir, parar um pouco para sentir, se sentir e se perceber no mundo”, comenta outra integrante do grupo, Cristina Gilinski Machado.

Segundo Priscila, o teatro lambe-lambe é uma arte brasileira, que começou em Salvador, na Bahia, em 1989, com Ismine Lima e Denise dos Santos. O nome da modalidade lembra dos antigos fotógrafos de rua da década de 1960, os chamado lambe-lambe, que tampavam a cabeça para fotografar. “Elas queriam transmitir nas escolas como é que era um parto. Como o parto é algo bem individual para a mulher, decidiram mostrar para uma pessoa de cada vez, com a caixa. Daí começou, e depois não parou”, afirma.

“Quando começo a apresentação dá a impressão que eu diminuo de tamanho, vou para dentro da caixa e a pessoa que assiste também. É um público único, você e o outro ser em outro mundo. Intervindo neste mundo. Essa energia de troca. A arte eu amo, venha AMARTE!”, complementa Cristina.

Até o fim do ano haverá mais uma ação do projeto em Blumenau, no dia 18 de novembro, na ONG São Roque (às 15h).

 

 

SER ARTISTA

A inspiração para o teatro lambe-lambe ocorreu há mais de um ano, com a apresentação do Grupo Oani de Teatro, de Valparaíso, Chile, no Parque Ramiro Ruediger. “Foi muito legal assistir a peça deles, foi quando surgiu a ideia ‘poxa, vamos fazer uma caixa pra gente também?’”, explica Priscila.
Após a apresentação, demorou seis meses para a primeira caixa ficar pronta e aos poucos, depois do trabalho e nas horas vagas, o grupo foi construindo seu caminho. “Começou com uma caixa, apresentamos na praça, e depois no Cafundó (Bar Cultural), para ver como é que iria ser a reação das pessoas, e foi bem aceito. Aí surgiu a oportunidade de participar do projeto cultural do Fundo Municipal, nos inscrevemos, fizemos um curso que a Fundação ofereceu”, relata Priscila.

Para a integrante Cristina, precisa ter vontade para ser artista, pelas dificuldades do dia a dia. “Mas é este amor que a gente tem que faz a coisa acontecer, que faz as energias fluírem e a gente se desenvolver, estar sempre querendo mais, e melhorar”, comenta.

“Por ser uma apresentação atrás da outra, é um pouco cansativo para o artista. Mas vale a pena, pois a gente recebe uma energia na troca. Outra pessoa quer assistir, vamos lá! Vamos lá! A energia se renova”, complementa Priscila.

 

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DAQUI PARA FRENTE, CIRCULAR

O maior desafio da Cia Macadame, com o Projeto Caixeiros Circulando, é instigar o público. “O positivo é a reação das pessoas, alegrar o dia de alguém. É a reação, é a alegria, é o sorriso, é a gargalhada. É um parabéns, é um elogio, um muito obrigado. Acho que isso é um a mais para um artista”, afirma Priscila. De acordo com ela, os caixeiros pretendem seguir com a iniciativa, e, no processo de construção da quarta caixa de teatro lambe-lambe, o grupo tem planos de continuar circulando.

“A intenção é sair pelas cidades ao redor de Blumenau, que não têm teatro, e o levar para as comunidades”, revela. “Continuar circulando por aí, intervir no espaço e apresentar essa linguagem para a pessoa entrar em outro mundo. Como a apresentação é individual, quanto mais caixas, mais pessoas podemos atender”, acrescenta Cristina.

 

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A caixa por si só desperta a curiosidade, e como as apresentações acontecem em ambientes de circulação, os espetáculos curtos atraem mais espectadores. “Só que a intenção é surpreender a pessoa, que ela olhe e se surpreenda, com o som, com a iluminação e com os personagens. A gente tenta caprichar ao máximo”, explica Priscila.

O grupo também tem planos de oferecer oficinas e workshops com os próximos projetos. “De como montar uma caixa, de como fazer um enredo, como criar uma história, como criar os personagens, de quais materiais usar, tem materiais alternativos que a gente encontra por aí, recicláveis também são interessantes”, prevê Cristina.

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Projeto Caixeiros Circulando, teatro lambe-lambe em Blumenau
Data e local: 29 de outubro às 15h
Local: Espaço Cultural Vovó Tânia – Rua Roraima, 59, bairro Valparaíso (transversal da Rua Antônio Zendron)
As apresentações são gratuitas
Faixa etária: acima de 5 anos

ESPETÁCULOS

Confusões na Floresta: Um Duende travesso, através de seus feitiços, gera um conflito entre um pássaro e um lenhador que vivem na floresta e, para resolver essa confusão, o Duende precisa da ajuda do Troll. Duração: quatro minutos.

Náufrago e a Sereia em Perigo nos Mares: Um náufrago se encontra perdido em uma ilha, nessa aventura é enfeitiçado pelo canto de uma sereia e para escapar das profundezas dos mares é lançado um desafio. Duração: quatro minutos.

Ideia de Passarinho: Com a destruição da floresta, um pássaro e uma árvore decidem fugir para cidade, onde conhecem uma artista que mostra a eles uma nova forma de enfrentar o caos urbano. Duração: três minutos.

FICHA TÉCNICA

Equipe Cia Macadame: Camila Gebien, Cristina Gilinski Machado, Priscila Gilinski Machado e Rafael Leandro de Souza.

Confusões na Floresta, produção de bonecos e texto da peça: Rafael Leandro de Souza

O Náufrago e a Sereia em Perigo nos Mares, produção de bonecos e texto da peça: Priscila Gilinski Machado

Ideia de Passarinho, produção de bonecos e texto da peça: Cris Laleska

Caixas e Sonorização: Rafael Leandro de Souza