No coração de Blumenau, onde o concreto urbano encontra a natureza preservada, uma história diferente tem se desenhado nas noites de junho. O Parque São Francisco de Assis, tradicionalmente conhecido como refúgio verde durante o dia, revela sua face mais misteriosa e encantadora após o pôr do sol, tornando-se palco de uma experiência que combina educação ambiental, romance e descoberta familiar.
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A transformação noturna do espaço é impressionante. Onde antes se via apenas trilhas conhecidas e vegetação familiar, emerge um universo sensorial completamente novo. Os sons da fauna noturna criam uma trilha sonora natural, enquanto a lua e as estrelas oferecem uma iluminação suave que desafia os participantes a redescobrir o ambiente com outros sentidos. Na noite de ontem, 12 de Junho, o espaço virou um cenário especial para os casais que escolheram realizar o passeio no Dia dos Namorados.
Quando a educação ambiental encontra o amor
Para Jaqueline Pereira, veterinária, e seu companheiro Ciro Pitz, a decisão de celebrar 22 anos de relacionamento em meio à natureza noturna foi quase instintiva. O casal, que há décadas encontra nas caminhadas ao ar livre sua forma preferida de lazer, viu na programação do Junho Verde a oportunidade perfeita para unir paixão pela natureza e celebração romântica.
“Sempre quisemos participar da caminhada noturna, mas não conseguimos nas outras edições. Quando vi as datas, escolhi o dia 12 para ser uma forma de comemorar, já que gostamos desse tipo de atividade”, conta Jaqueline, revelando como o Dia dos Namorados ganhou um significado especial através da conexão com o meio ambiente.
A experiência de uma hora e meia de duração proporciona algo raro nos tempos modernos: desconexão total do mundo digital e reconexão com ritmos naturais. “O desafio é utilizar a lanterna o mínimo possível”, explica Carlos Sansão, diretor de Educação Ambiental, destacando como a atividade estimula a adaptação dos sentidos à penumbra e desenvolve uma percepção mais aguçada do ambiente.
Legado verde para as próximas gerações
A bióloga Veridiana Harmel encontrou na caminhada noturna uma forma de perpetuar valores ambientais em sua família. Acompanhada do marido Diogo e dos filhos, ela representa uma tendência crescente: pais que transformam a educação ambiental em aventura familiar.
“Eu e meu esposo, desde namorados, sempre gostamos de trilha e atividades ao ar livre. E depois, com a chegada dos meninos, acabamos trazendo junto”, relata Veridiana, demonstrando como a paixão pela natureza se transforma em herança familiar e ferramenta educativa.
A presença de crianças na atividade noturna revela um aspecto fundamental: o parque não é apenas um espaço de contemplação, mas um laboratório vivo onde as novas gerações podem desenvolver consciência ambiental através da experiência direta com a biodiversidade urbana.
Fenômeno social em crescimento
O impacto social da iniciativa surpreende até mesmo os organizadores. A segunda edição do evento no cronograma de 2024 já havia esgotado as vagas, assim como a terceira, programada para o dia 23. A lista de espera cresce constantemente, levando a organização a considerar uma quarta edição para atender à demanda reprimida.
“É um passeio já conhecido, mas sempre com muita procura. Inclusive, temos lista de espera e estamos avaliando a possibilidade de abrir uma quarta caminhada para atender à demanda”, revela Sansão, indicando que a atividade transcendeu seu objetivo inicial de educação ambiental para se tornar um fenômeno social.
O sucesso representa mais que números: indica uma mudança cultural em direção a atividades que privilegiem o contato com a natureza, a desaceleração do ritmo urbano e a valorização de experiências autênticas. Em uma época de hiperconectividade digital, a caminhada noturna oferece algo cada vez mais raro: silêncio, contemplação e presença plena no momento presente.
Com informações de Aline Franzoi Santos Fleith, da SECOM/BNU
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