Ocorrência de casos de hantavirose em Santa Catarina preocupa autoridades

Figura 1. Distribuição de casos de hantavirose por município, ocorridos de 2007 a 2017*. Fonte: SINAN NET/GEZOO/DIVE/SES *Dados parciais, sujeitos a alterações

A hantavirose é uma doença de grande impacto em Santa Catarina, devido à alta taxa de letalidade, tendo alcançado 53,8% em 2009, e ao alto custo do tratamento, pois requer atendimento especializado (internação em UTI). É uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, deve ser notificada em até 24 horas (Portaria 204 de 17 de fevereiro de 2016) pelo profissional que prestar assistência no primeiro atendimento ao paciente, para iniciar a investigação e adotar as medidas pertinentes. Ressaltamos que a rapidez da notificação é importante para oportunizar a pesquisa ambiental, identificação das possíveis fontes de transmissão e adoção de medidas preventivas.

Esta zoonose ocorre em todas as regiões do estado, sendo registrada com maior frequência nas Regiões de Saúde do Alto Uruguai Catarinense, Extremo Oeste, Meio Oeste, Alto Vale do Itajaí e Planalto Norte (Figura 1). Os casos são registrados durante todo o ano e estão, na sua maioria, relacionados às atividades de produção em área rural, como colheita e armazenamento de grãos, plantio, limpeza de galpões, desmatamento etc. Pescarias e acampamentos também são considerados fatores de risco para a hantavirose.

 

Figura 1. Distribuição de casos de hantavirose por município, ocorridos de 2007 a 2017*.
Fonte: SINAN NET/GEZOO/DIVE/SES | *Dados parciais, sujeitos a alterações

 

Em decorrência de um óbito confirmado por hantavirose no mês de outubro de 2017 na Região do Alto Vale do Rio do Peixe, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, por meio da Gerência de Vigilância de Zoonoses e Entomologia (GEZOO), alerta para a importância da notificação imediata (em até 24 horas), da investigação e do diagnóstico precoce para um bom prognóstico da doença.

É de extrema importância que todos os profissionais da rede assistencial de Santa Catarina, especialmente das regiões onde há maior número de casos, sejam alertados para a possibilidade de ocorrência da doença. Os moradores dessas regiões devem ser informados sobre a doença, os tipos de roedores envolvidos e as vias de transmissão, bem como sobre as formas de prevenção.

Em virtude da crescente ocorrência de casos suspeitos de hantavirose sem notificação imediata, reforçamos a orientação de que essa é uma doença de notificação compulsória e imediata, em 24 horas, devendo ser iniciada sua investigação pelo município, em conjunto com os técnicos das Gerências de Saúde, informando, em seguida, à Gerência de Controle de Zoonoses/DIVE, por telefone, sobre a situação encontrada.

Para isso, devem ser consideradas as seguintes definições:

– Paciente com quadro viral (febre acima de 38°C, dor muscular e de cabeça) e sinais/sintomas de insuficiência respiratória aguda de etiologia não determinada, na primeira semana da doença;

– Paciente com enfermidade aguda, apresentando quadro de insuficiência respiratória aguda, com evolução para o óbito na primeira semana da doença;

– Paciente com quadro viral (febre acima de 38°C, dor muscular e de cabeça) que tenha sido exposto a uma situação de risco, relacionada ou não a casos confirmados laboratorialmente.

Medidas de prevenção:

Para um bom prognóstico, é fundamental a urgente sensibilização da população, da rede de atendimento e dos profissionais de saúde para a suspeita diagnóstica precoce e as medidas de prevenção e controle da doença.

– As principais medidas indicadas para o controle de roedores silvestres são as preventivas, por meio de antirratização. Dentre as medidas relativamente simples e gerais que a população pode ajudar a realizar estão:

– Eliminar os resíduos que possam servir para abrigos, construções de tocas e ninhos, assim como reduzir as fontes de água e alimento para o roedor;

– Não deixar entulhos e objetos inúteis no interior e ao redor do domicílio, mantendo limpeza diária, pois esses objetos podem servir de proteção e/ou abrigo para os roedores;

– Manter a vegetação rasteira em um raio de, pelo menos, 40 metros ao redor de qualquer edificação (casa, silo, paiol, abrigo de animais e outros), visando dificultar o acesso do roedor a esses locais. Dessa forma, ele não encontrará refúgio e proteção;

– Ambientes que permaneceram fechados por algum tempo e que apresentem sinais de infestação de roedores devem ser abertos e ventilados por, no mínimo, 30 minutos;

– Evitar o contato direto com roedores ou com suas fezes ou urina. Não tente matá-los;

– Se observar fezes, ninhos ou roedores vivos ou mortos dentro de casa, não mexa. Primeiro, deve-se descontaminar o local com uma solução de água sanitária a 10% (misturar 1 litro água sanitária em 9 litros de água) e pulverizar todos os locais e objetos contaminados. Deixar agir por, no mínimo 30 minutos, para depois então remover, com pano úmido (com solução de água sanitária a 10%), as fezes, ninhos ou roedores mortos. Evitar varrer ou usar aspirador de pó nestes locais;

– Ao precisar entrar ou limpar ambientes fechados, principalmente locais de armazenagem de milho ou de outros cereais ou depósitos de produtos da lavoura ou de lenhas, recomenda-se, primeiro, a abertura de portas e janelas de fora para dentro, deixando ventilar o local por mais de 1 hora antes de entrar;

– Os alimentos e produtos alimentícios armazenados no interior dos domicílios devem ser conservados em recipientes fechados à prova de roedores e a 40 cm do solo;

– Vedar fendas e outras aberturas superiores a 5 mm para evitar o ingresso de roedores ao interior da casa, da seguinte forma: Fechar com lâmina de metal os vãos de portas. Buracos e vãos em paredes devem ser fechados com argamassa adequada;

– Telamento: fechar aberturas de aeração, entradas de condutores de eletricidade ou vãos de adutores de qualquer natureza, com tela metálica forte com malhas de 6 mm removível;

– Em áreas onde haja plantio, deve-se sempre respeitar uma distância mínima de 50 metros da casa;

– O produto colhido, assim como os restos de colheita, não deve pernoitar no campo;

– Armazenar instrumentos e produtos agrícolas (grãos e hortifrutigranjeiros) sobre estrados com 40 cm de altura do piso, em depósitos (silos e paiois) situados a uma distância mínima de 30 metros de casa ou de áreas de plantio, pastagem e matas nativas.

– O silo, paiol ou galinheiro deverá estar suspenso a uma altura de 40 cm do solo, sobre pilares, com escada removível e rateiras ou golas metálicas com 30 cm de aba “chapéu chinês” dispostas em cada pilar.

 

Contato para emergências
Telefones: (48) 3664-7410 e 3664-7411
Sobreaviso: de segunda a sexta das 19h às 7h.
Sábado, domingo e feriados: (48) 9105 -5450
E-mail: notificaurr@saude.sc.gov.br

Fonte: Diretoria de Vigilância Sanitária e SC