Obesidade infantil deve atingir mais de 11 milhões de crianças até 2025

 

É quase impossível ver um bebê gordinho e não achar fofo. Bochechas grandes, mãos e pés cheinhos e dobras nas pernas e braços. Tudo chama a atenção e, aparentemente, está normal, se não fosse os problemas que se escondem por trás disso. A obesidade infantil tem se tornado um assunto sério e de saúde pública, que, literalmente, vem de berço.

No Vale do Itajaí é cada vez mais recorrente a procura por tratamentos de doenças relacionadas a obesidade infantil. “São vários os fatores que contribuem diretamente para uma infância mais obesa e, com isso, o desencadeamento de doenças que podem acompanhar as crianças por toda vida adulta. A procura por tratamentos de problemas ocasionados pela má alimentação e sobrepeso infantil é bem recorrente na região”, explica a pediatra e endocrinologista infantil, Dra. Michele Gatti C. Vieira.

E os números preocupam a especialista, já que isso tende a se tornar um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil, com 11,3 milhões de crianças afetadas até 2025. Os dados alarmantes, divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), indicam ainda que, ao mesmo tempo, em todo o mundo, o sobrepeso deve atingir 75 milhões de crianças.

De acordo com a profissional, esse é um problema que deve ser prevenido desde os primeiros meses de gestação. “Tudo o que a mãe ingere acaba passando para o feto. Quando a criança nasce acontece a mesma coisa através da amamentação. Então, os cuidados com a alimentação adequada começa por aí”.

Um peso e muitos problemas

A obesidade infantil, quando não controlada, tende a acompanhar a criança pela vida adulta. Entre muitos outros problemas, o sobrepeso na infância acarreta diabetes, hipertensão, asma, gordura no fígado, colesterol, triglicerídeos. Sem falar na baixa autoestima e nos problemas com o bullying especialmente na fase escolar.

“É importante que os pais deem devida atenção. O problema da obesidade pode ser controlado de forma simples, se houver esse entendimento já dentro de casa. Depois, é preciso que as escolas também olhem para isso, como prevenção de doenças, melhora em vários aspectos e claro, qualidade de vida”, destaca a médica.

Segundo ela, é nos primeiros anos de vida que o controle é essencial. “Quando ainda está na barriga da mãe ou até lá pelos oito anos de idade, os pais tem mais autonomia em relação a alimentação do filhos, o que facilita. O problema se agrava na adolescência, onde a procura por alimentos industrializados aumenta, assim como o uso de tecnologias e a falta de exercícios físicos”.

Números são alarmantes

O dia 11 de outubro é lembrado como o Dia Mundial de Combate da Obesidade, uma data para conscientizar. E a preocupação é grande, já que, segundo dados da OMS, a projeção para 2025 é de que o Brasil tenha 427 mil crianças pré-diabéticas, 150 mil terão diabetes, um milhão terão hipertensão arterial e 1,4 milhão terá gordura no fígado.

“Nós podemos mudar esse cenário com ações simples. Uma alimentação de qualidade, exercícios físicos regulares e conhecimento. É preciso discutir esse assunto e buscar soluções conjuntas. Só assim teremos crianças saudáveis hoje e adultos com mais qualidade de vida para o amanhã“, finaliza, Dra. Michele.