Os homens são a parcela da população de Santa Catarina com maior número de óbitos em função do câncer colorretal – ou câncer de intestino. É o que diz o Boletim do Câncer no Estado, elaborado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) do Estado. No mês de Prevenção da doença, o Março Azul, a taxa de mortalidade de 11,8 para cada 100 mil homens acende um alerta.
De acordo com o Boletim, em comparação com as mulheres, a mortalidade entre os catarinenses é 14% maior. A incidência de mortes por câncer de intestino entre o sexo feminino é de 10,4 a cada cem mil mulheres.
A razão para para estes números têm forte relação com o estilo de vida, de acordo com o médico proctologista Gustavo Becker.
“Tem um importante fator comportamental, os homens consomem mais álcool e tabaco que as mulheres, descuidam mais da alimentação e buscam menos por exames diagnósticos, que são o melhor recurso para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de intestino”, informa o especialista.
Regiões de SC com maior incidência da doença
O Boletim da Dive também levantou os dados relacionados à doença em Santa Catarina entre os anos de 2018 e 2022. Nesse período, cerca de 4.780 homens foram diagnosticados com câncer de intestino. Um número 2,3% maior de casos em relação às 4.670 mulheres também diagnosticadas com a doença no Estado.
Entre as regiões de SC, o Meio Oeste é a que se destaca com as mais altas taxas de mortalidade masculina por câncer colorretal (27,2), seguida pela região do Alto Uruguai (17,4) e a Serra Catarinense (14,6).
As regiões Meio Oeste (20,6) e Serra Catarinense (11,9) concentram também o maior número de mortes femininas por câncer de intestino. Mas no caso delas, a segunda região com alta taxa de mortalidade no Estado é a da Grande Florianópolis (12,8).
“É muito triste estes dados de mortalidade, pois é um tumor que podemos prevenir na maior parte dos casos. Quando é feito o diagnóstico precoce, podemos curar mais de 90% dos pacientes”, comenta o médico proctologista Gustavo Becker.
Número de casos de câncer de intestino deve aumentar até 2025
A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para o triênio 2023-2025 indica 483.590 novos casos de câncer ao ano no país. Desses, 239.430 em homens e 244.160 em mulheres, sendo o câncer de intestino o segundo mais diagnosticado na população.
“As causas da doença podem ser diversas, o que a faz ser considerada uma doença em que estão envolvidos dois tipos de fatores, os comportamentais e os genéticos”, explica o médico coloproctologista Gustavo Becker.
Os fatores comportamentais são os relacionados a hábitos como o consumo de álcool e tabaco, alimentação rica em gorduras, alimentos processados e carnes vermelhas, sedentarismo e obesidade. Já os fatores genéticos dependem de alguém na família já ter sido diagnosticado com algum tipo de câncer.
“O câncer de intestino aparece de forma familiar em um em cada três pacientes. Esses parentes podem ter apresentado, por sua vez, câncer de intestino ou de outros órgãos, ou ter doenças que predispõem ao aparecimento de pólipos no aparelho digestivo”, explica o especialista.
A maioria dos cânceres intestinais, segundo o médico, começa com pólipos, que são crescimentos anormais na mucosa do cólon ou do reto. “Embora nem sempre se transformem em tumores malignos, devem ser controlados e removidos. Isso pode ser realizado de forma tranquila e segura através da colonoscopia”, alerta Gustavo Becker.
Com o tempo, as células do pólipo podem acumular mutações genéticas que as tornam mais propensas a se dividir de maneira incontrolável, formando os tumores malignos. “Por isso é essencial consultar o médico regularmente e manter os exames sempre em dia”, reforça o médico.
A recomendação é fazer uma consulta preventiva com um coloproctologista a partir dos 45 anos de idade. As pessoas que apresentaram história familiar devem procurar avaliação mais precoce. A detecção precoce aumenta drasticamente as chances de cura do câncer de intestino.
Sobre Gustavo Becker
Gustavo Becker (CRM 12984) é médico Coloproctologista, presidente da Sociedade Catarinense de Coloproctologia e presidente do Comitê de Cirurgia Robótica Unimed Litoral. Possui formação em Cirurgia Minimamente Invasiva avançada e em Cirurgia Endoscópica Transanal.