Morreu na tarde desta quinta (20/01) aos 91 anos, Elza Soares

Por coincidência foi no mesmo dia e mês que Mané Garrincha, lenda do futebol brasileiro com quem foi casada por 15 anos.

Por volta das 15h45 desta quinta-feira (20/01/21), morreu de causas naturais a cantora Elza Soares. Ela tinha 91 anos e estava em sua casa no Rio de Janeiro (RJ), segundo as informações divulgadas pela sua assessoria. Considerada uma das maiores artistas brasileiras, a cantora que tinha uma voz forte, intensa e rouca, marcou pelo seu estilo diferenciado.

Apesar da idade, Elza tinha apresentações agendadas até agosto de 2.022. Em Fevereiro por exemplo, nas cidades de São Paulo (3) e Rio de Janeiro (19 e 28).

Uma grande coincidência é que a data (dia e mês) coincide com a morte do craque do Botafogo e bicampeão mundial pela seleção brasileira, Mané Garrincha (Manoel Francisco dos Santos). Ele faleceu em 1983, ou seja, 40 anos depois. Ambos se conheceram em 1960, seis anos depois se casaram, tiveram um filho, e em 1982 não estavam mais juntos. Ao longo destes 15 anos, ela sofreu com episódios recorrentes de alcoolismo e violência doméstica, relatados anos mais tarde.

A história de Elza é digna de um filme. A artista nasceu em 23 de junho de 1.930 no Rio de Janeiro, casou-se aos 12 anos com Alaúrdes Soares (dez anos mais velho) e foi mãe no ano seguinte. Ela perdeu dois dos cinco filhos por causa da inanição e ficou viúva aos 21. Esse tema foi abordado no álbum “Planeta fome”, de 2019.

Os relacionamentos difíceis estiveram nos seus três últimos álbuns, com forte temática feminina: “Mulher do Fim do Mundo, de 2015, e “Deus É Mulher”, de 2018. Elza Soares lançou 34 álbuns ao longo de sua carreira e em 2000, foi eleita pela BBC como a cantora do milênio. Uma homenagem para esse talento gigante que continuará viva com a obra que deixou.

Carreira

Elza Soares começou a carreia artística fazendo um teste na Rádio Tupi, no programa “Calouros em desfile”, de Ary Barroso, e conquistou o primeiro lugar. Após o concurso ela fez um teste com o maestro Joaquim Naegli e foi contratada como crooner (cantor de orquestra ou conjunto musical) da Orquestra Garam de Bailes, onde trabalhou até 1954, quando engravidou. No ano seguinte, voltou a cantar na noite e em 1960 lançou seu primeiro disco, Se Acaso Você Chegasse e, em 1962, seu segundo LP, A Bossa Negra.

Em 1962, Elza fez apresentações como representante do Brasil na Copa do Mundo no Chile, onde conheceu Louis Armstrong (representante artístico dos Estados Unidos), que lhe propôs fazer carreira nos EUA. Neste mesmo ano ela conheceu Garrincha, com quem se casaria e teria um relacionamento conturbado.

Elsa Soares fez carreira no samba, mas também transitou do jazz ao hip hop, passando pela MPB, lançando 36 discos na carreira. Ela foi eleita, em 1999, pela Rádio BBC de Londres como a cantora brasileira do milênio. A escolha teve origem no projeto The Millennium Concerts, da rádio inglesa, criado para comemorar a chegada do ano 2000. Além disso, apareceu na lista das 100 maiores vozes da música brasileira elaborada pela revista Rolling Stone Brasil.

A cantora também ganhou diversos prêmios como três prêmios Grammy Latino e dois WME Awards e, em 2020, foi tema do enredo da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel.

Confira a nota divulgada em suas redes sociais:

“É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais. Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo.
Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”

Pedro Loureiro, Vanessa Soares, familiares e Equipe Elza