A preservação de imóveis históricos em Blumenau é um grande desafio que precisa do apoio do poder público. Um estudo realizado em 2015 apontou que havia 226 casas construídas com a técnica enxaimel no municípios, como essa bela residência na Rua Hemann Tribess, no bairro Tribess.
Para discutir alternativas e fortalecer o diálogo entre órgãos públicos e a sociedade, o presidente do Instituto Histórico de Blumenau (IHB), Marcos Schroeder, e a vice-presidente da entidade, Terezinha Heimann, estiveram em Florianópolis para uma reunião com a presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Maria Teresinha Debatin, que é natural de Brusque.
A seguir, Marcos Schroeder detalha os principais pontos da reunião e os próximos passos do IHB para enfrentar esse desafio.
Qual foi o objetivo principal desse encontro com a Fundação Catarinense de Cultura?
Marcos Schroeder: Nosso intuito foi apresentar oficialmente o Instituto Histórico de Blumenau, explicar nossas atividades e dificuldades, e propor uma interlocução mais próxima entre os proprietários de imóveis históricos, o poder público e a sociedade. Queremos buscar alternativas viáveis para evitar que esses imóveis se percam por falta de apoio ou incentivos para restauração.
A reunião já trouxe alguma ideia concreta para viabilizar esse apoio?
Marcos Schroeder: Foi uma conversa muito produtiva e animadora.Tivemos um primeiro momento com diretores e gerentes do setor de patrimônio da FCC e, posteriormente, com a presidente Maria Teresinha Debatin, que chegou depois por estar em reunião com o governador. Ela se mostrou preocupada com a perda de imóveis históricos e destacou a necessidade de encontrar novos caminhos para a preservação do patrimônio. Algumas sugestões já surgiram e devem ser formalizadas nas próximas semanas.
Há algum imóvel específico que motivou essa conversa?
Marcos Schroeder: Nosso foco não está em um único imóvel, mas na cidade como um todo. Blumenau tem diversas construções em situação crítica, especialmente as casas em enxaimel, que estão desaparecendo tanto na área urbana quanto na zona rural. A falta de incentivos e a burocracia do tombamento levam muitos proprietários a abandonar esses imóveis, o que acaba resultando na sua deterioração. Nossa intenção é buscar soluções práticas para que a preservação seja viável e vantajosa.
Como o IHB pretende incentivar os proprietários a preservarem os seus imóveis antigos?
Marcos Schroeder: Muitos proprietários não sabem que existem leis e mecanismos de apoio à restauração. Outros têm receio das exigências do tombamento. Por isso, discutimos na reunião formas de aproximar esses proprietários da Fundação Catarinense de Cultura, para que eles deixem de ver o órgão como um obstáculo e passem a enxergá-lo como um aliado. Queremos sensibilizar e articular soluções com base no que é possível, não no que seria ideal.
O IHB pretende buscar parcerias com outras entidades para fortalecer esse trabalho?
Marcos Schroeder: Sim, falamos sobre a necessidade de aproximação com entidades como o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), para capacitar engenheiros e arquitetos sobre as leis e incentivos já existentes. Também é essencial envolver a prefeitura nesse diálogo, pois o município tem um papel fundamental na preservação do patrimônio edificado.
Qual foi a impressão geral da reunião com a FCC?
Marcos Schroeder: Foi uma reunião muito positiva. Saímos de lá com a certeza de que há caminhos a serem explorados para evitar a perda do patrimônio histórico edificado de Blumenau. Agora, o desafio é transformar essas ideias em ações concretas, aproximando todos os envolvidos para construir soluções viáveis e duradouras.
Além da questão patrimonial, quais são os outros projetos do IHB para este ano?
Marcos Schroeder: Temos dois projetos importantes. Um deles é o lançamento de um livro com a correspondência completa entre Fritz Müller e Charles Darwin, um material riquíssimo para a história da ciência e da cidade.
Outro destaque é a celebração dos 150 anos da imigração italiana, para a qual estamos buscando resgatar documentos e registros históricos, incluindo um acervo que pode estar preservado na Itália.