Fotos de Secretário municipal de Blumenau foram usadas para aplicar golpes

Os criminosos criavam perfis falsos e envolviam as vítimas em relacionamentos amorosos para depois serem extorquidas. Na semana passada, foram presos 100 suspeitos de fazer parte dessa rede internacional com base na Nigéria.

Perfil fake de Um dos nomes usados foi Michael Dela Rose Thomas, usando fotos de Moris Kohl

No dia 15 de dezembro, um nigeriano foi preso em Blumenau durante a operação Anteros, deflagrada simultaneamente em Santa Catarina, São Paulo e outros seis estados. O golpe foi detalhado no programa Fantástico da TV Globo exibido no domingo (20/12/20).

Durante a reportagem, apareceu o secretário de Desenvolvimento Econômico de Blumenau, que teve as suas fotos usadas por um grupo de golpistas nigerianos chamado Yahoo Boys. As imagens de Moris Kohl foram usadas para criar perfis falsos, que envolviam as vítimas em relacionamentos amorosos e depois as extorquiam.

Os golpistas tinham geralmente como alvo mulheres. Para dar veracidade ao perfil, usavam fotos em família, trabalho, viagens, documentos e endereços em outros países. No caso de Kohl, os criminosos diziam no perfil fake que ele era empresário, construtor e empreendedor. Eram usadas duas versões para o seu estado civil: solteiro e separado.

No perfil verdadeiro do Facebook, Kohl escreveu: “Todos sabem já anunciei em rede social que sou ‘VÍTIMA’ pelo roubo de minhas fotos com objetivo de extrair das vítimas valores. Recebi mensagens até das vítimas e pedidos estranhos de amizades em rede social. Estou deixando em modo Público esta postagem pra que caso você seja uma vítima (está lendo este post) não faça contato comigo. Você precisa denunciar na polícia civil o ocorrido e procurar ajuda jurídica. Sou vitima tanto como você que caiu no golpe. Caso você conheça alguém que esteja nesta situação de orientações e contribua para que a vítima saia desta”.
O problema é que algumas vítimas, ao perceberem o golpe, localizaram o perfil verdadeiro do secretário e passaram a ameaçá-lo por mensagens e telefone. O trabalho de investigação foi realizado pela Polícia Civil de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, e de mais de 100 pessoas foram presas na semana passada. Todos são suspeitas de participar dessa rede internacional.
Na primeira etapa do crime, o suposto interessado em manter um relacionamento pedia o endereço da vítima para enviar algum produto ao Brasil. Depois um golpista ligava se passando por funcionária da alfândega e cobrando impostos para liberar as encomendas falsas. Durante o suposto relacionamento, havia trocas de fotos entre os criminosos e a vítima, inclusive íntimas. A partir daí, os bandidos ameaçavam vazar essas imagens comprometedoras em troca de dinheiro.