Entrevista: conheça a atriz blumenauense que aposta na carreira internacional nos EUA

Bruna Fachetti relembra as origens em sua cidade, fala sobre as oportunidades em Hollywood e revela seus planos para o futuro.

Recentemente publicamos uma matéria sobre uma atriz blumenauense que estreou no Netflix na série “Monstro: A História de Ed Gein“, criada por Ryan Murphy e atual sucesso global na plataforma de streaming. Em uma das cenas, Bruna Fachetti  interpreta uma prisioneira judia do Holocausto que, ao ser resgatada, reconhece seu torturador.

Bruna Fachetti | Foto: acervo Pessoal

Radicada em Los Angeles, nos Estados Unidos, a artista de 33 anos já participou de outras produções norte-americanas e integrou a equipe de efeitos visuais da série Avatar: A Lenda de Aang (live-action/Netflix), trabalho que rendeu ao seu time uma indicação ao Emmy.  Bruna também atua como professora certificada da técnica Chubbuck, apresenta o Los Angeles Brazilian Film Festival (LABRFF) e dirige uma peça no histórico Lee Strasberg Institute.

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Nesta entrevista para o portal OBlumenauense, ela relembra as origens em Blumenau, fala sobre os desafios em Hollywood e revela seus próximos passos na carreira.

 

Bruna Fachetti olhando a curva do rio Itajaí-Açu | Foto (2012): acervo pessoal

Você nasceu e cresceu em Blumenau? 

Sim, nasci e cresci no bairro Vila Nova, e estudei no Colégio Sagrada Família do primeiro ano até o fim do ensino médio. Sou filha única, e ninguém da minha família tem ligação com o meio artístico, mas meu pai sempre foi muito brincalhão e palhaço — acho que herdei esse lado cômico dele (risos).

Desde pequena eu dizia que queria ser atriz, e mais tarde descobri que alguns parentes distantes, de outras gerações, também tinham o mesmo desejo. Acho que, de alguma forma, isso já estava no sangue.

Quando percebeu que queria seguir a carreira de atriz?

Desde pequena eu amava atuar. Assistia Castelo Rá-Tim-Bum e Chiquititas, e queria participar daquelas produções. Atuava em casa, na escola, em qualquer oportunidade. Depois comecei a estudar com a Cia Carona de Teatro, em Blumenau, e participei de diversas montagens na cidade, incluindo duas peças autorais — Crime em Blumenau (2013) e O Rio Não é Hollywood (2016).

Antes de me mudar para os Estados Unidos, morei no Rio de Janeiro, onde estudei atuação em diversas escolas, entre elas a Escola Wolf Maya e a renomada CAL (Casa das Artes de Laranjeiras). Foi uma fase intensa, de muito aprendizado e produção teatral. Mas a formação que mais transformou minha carreira aconteceu nos EUA, no estúdio da Ivana Chubbuck — uma das coaches de atores mais respeitadas de Hollywood, que trabalhou com nomes como Halle Berry, Ryan Gosling e Jim Carrey.

 

Como foi o processo de adaptação profissional e pessoal ao chegar em Hollywood? 

Por incrível que pareça, foi um processo de adaptação relativamente tranquilo. Já tinha amigos do estúdio e, depois, encontrei a comunidade brasileira em Los Angeles, que é super acolhedora. Hoje participo de muitos eventos e sou apresentadora do Los Angeles Brazilian Film Festival (LABRFF), o maior festival de cinema brasileiro fora do país, que reúne grandes nomes e produções nacionais.

O festival está acontecendo agora e, este ano, conta com a presença de artistas como Alexandre Borges, Reginaldo Faria e Bárbara Paz, além de uma seleção incrível de filmes e documentários que representam o melhor do nosso cinema contemporâneo.

Curiosamente, encontrei mais oportunidades de trabalho nos Estados Unidos do que no Rio. As pessoas aqui são muito diretas e abertas. Há também muitos eventos e espaços para networking. Muitas das oportunidades que tive vieram justamente dessas conexões.

 

Bruna e Ivana Chubbuck no estudio Chubbuck, em Hollywood | Foto: acervo Pessoal

Quais artistas, diretores ou autores mais influenciam o seu trabalho e sua forma de atuar?

Sou professora certificada do Método Chubbuck, muito conhecido pelo livro O Poder do Ator, que tive o privilégio de traduzir para o português (publicado pela Editora Record em 2018 e relançado este ano em versão atualizada).

A abordagem da Ivana Chubbuck é, sem dúvida, a maior influência da minha carreira. O método ensina a analisar o roteiro a partir de um ponto de vista vencedor, o que traz uma sensação de esperança e empoderamento, mesmo em histórias difíceis. Acredito que o papel da arte é justamente esse: inspirar e lembrar o público de que é possível vencer, apesar — e até por causa — dos obstáculos.

Você já trabalhou em produções de diferentes formatos — cinema, séries, teatro e videoclipes. Qual dessas linguagens mais te desafia hoje?

O teatro sempre será um lugar muito especial para mim e também o mais desafiador, porque não há segundas chances. Tudo o que acontece ao vivo precisa ser incorporado em cena. Já no set de filmagem, o desafio é outro: lidar com o ambiente técnico, as câmeras, a equipe e o fato de gravar, quase sempre, fora de ordem cronológica. Cada formato tem sua magia e sua complexidade.

Há novas produções ou estreias que você possa adiantar para o público brasileiro?

Atualmente, estou apresentando o LABRFF e dirigindo uma peça de teatro escrita por um autor brasileiro talentosíssimo, Alex Tietre, com um elenco 100% brasileiro. Faremos apresentações em Hollywood, em versões em inglês e português. Estou muito animada para ver como o público internacional vai receber esse trabalho.

Você tem planos de realizar projetos no Brasil novamente?

Sim, com certeza! Estou aberta a novas oportunidades no Brasil e, paralelamente, desenvolvendo projetos autorais. Neste momento, estou captando recursos para um musical brasileiro com canções de bossa nova que pretendo apresentar em Los Angeles e depois levar ao Brasil. A nossa música é muito bem recebida e representa o país de forma universal, leve e sofisticada.

Qual é a sua relação atual com Blumenau? 

Blumenau é e sempre será minha terra natal. Meus pais ainda moram na cidade, e sempre que vou ao Brasil passo um tempo com eles. Adoro passear pela Rua XV, ir ao shopping, ao clube e, claro, comer um X-tudo! (risos). Sinto muita falta da comida e dos cafés da cidade — não existe torta alemã como a de Blumenau. Fico feliz quando as pessoas aqui nos EUA reconhecem a cidade por causa da sua história e da Oktoberfest. Sempre falo das minhas raízes.

Diante das recentes questões ligadas a imigração nos Estados Unidos, isso lhe preocupa de alguma forma? 

É claro que esse tipo de notícia preocupa, mas eu tenho visto uma grande comunidade se apoiando, trocando informações e se fortalecendo. No meu caso, sigo com toda a documentação em dia, trabalhando com produções legítimas e dentro das normas.

O caminho do artista imigrante nunca é simples, mas é repleto de aprendizados e de uma força que vem justamente da diversidade. Quem quiser apoiar ou saber mais pode me encontrar no Instagram: @the_brazilian_actress.


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