Recentemente publicamos uma matéria sobre uma atriz blumenauense que estreou no Netflix na série “Monstro: A História de Ed Gein“, criada por Ryan Murphy e atual sucesso global na plataforma de streaming. Em uma das cenas, Bruna Fachetti interpreta uma prisioneira judia do Holocausto que, ao ser resgatada, reconhece seu torturador.

Radicada em Los Angeles, nos Estados Unidos, a artista de 33 anos já participou de outras produções norte-americanas e integrou a equipe de efeitos visuais da série Avatar: A Lenda de Aang (live-action/Netflix), trabalho que rendeu ao seu time uma indicação ao Emmy. Bruna também atua como professora certificada da técnica Chubbuck, apresenta o Los Angeles Brazilian Film Festival (LABRFF) e dirige uma peça no histórico Lee Strasberg Institute.
::: Siga OBlumenauense no WhatsApp ➡️ Clique aqui!
Nesta entrevista para o portal OBlumenauense, ela relembra as origens em Blumenau, fala sobre os desafios em Hollywood e revela seus próximos passos na carreira.

Você nasceu e cresceu em Blumenau?
Sim, nasci e cresci no bairro Vila Nova, e estudei no Colégio Sagrada Família do primeiro ano até o fim do ensino médio. Sou filha única, e ninguém da minha família tem ligação com o meio artístico, mas meu pai sempre foi muito brincalhão e palhaço — acho que herdei esse lado cômico dele (risos).
Desde pequena eu dizia que queria ser atriz, e mais tarde descobri que alguns parentes distantes, de outras gerações, também tinham o mesmo desejo. Acho que, de alguma forma, isso já estava no sangue.
Quando percebeu que queria seguir a carreira de atriz?
Desde pequena eu amava atuar. Assistia Castelo Rá-Tim-Bum e Chiquititas, e queria participar daquelas produções. Atuava em casa, na escola, em qualquer oportunidade. Depois comecei a estudar com a Cia Carona de Teatro, em Blumenau, e participei de diversas montagens na cidade, incluindo duas peças autorais — Crime em Blumenau (2013) e O Rio Não é Hollywood (2016).
Antes de me mudar para os Estados Unidos, morei no Rio de Janeiro, onde estudei atuação em diversas escolas, entre elas a Escola Wolf Maya e a renomada CAL (Casa das Artes de Laranjeiras). Foi uma fase intensa, de muito aprendizado e produção teatral. Mas a formação que mais transformou minha carreira aconteceu nos EUA, no estúdio da Ivana Chubbuck — uma das coaches de atores mais respeitadas de Hollywood, que trabalhou com nomes como Halle Berry, Ryan Gosling e Jim Carrey.

Como foi o processo de adaptação profissional e pessoal ao chegar em Hollywood?
Por incrível que pareça, foi um processo de adaptação relativamente tranquilo. Já tinha amigos do estúdio e, depois, encontrei a comunidade brasileira em Los Angeles, que é super acolhedora. Hoje participo de muitos eventos e sou apresentadora do Los Angeles Brazilian Film Festival (LABRFF), o maior festival de cinema brasileiro fora do país, que reúne grandes nomes e produções nacionais.
O festival está acontecendo agora e, este ano, conta com a presença de artistas como Alexandre Borges, Reginaldo Faria e Bárbara Paz, além de uma seleção incrível de filmes e documentários que representam o melhor do nosso cinema contemporâneo.
Curiosamente, encontrei mais oportunidades de trabalho nos Estados Unidos do que no Rio. As pessoas aqui são muito diretas e abertas. Há também muitos eventos e espaços para networking. Muitas das oportunidades que tive vieram justamente dessas conexões.

Quais artistas, diretores ou autores mais influenciam o seu trabalho e sua forma de atuar?
Sou professora certificada do Método Chubbuck, muito conhecido pelo livro O Poder do Ator, que tive o privilégio de traduzir para o português (publicado pela Editora Record em 2018 e relançado este ano em versão atualizada).
A abordagem da Ivana Chubbuck é, sem dúvida, a maior influência da minha carreira. O método ensina a analisar o roteiro a partir de um ponto de vista vencedor, o que traz uma sensação de esperança e empoderamento, mesmo em histórias difíceis. Acredito que o papel da arte é justamente esse: inspirar e lembrar o público de que é possível vencer, apesar — e até por causa — dos obstáculos.
Você já trabalhou em produções de diferentes formatos — cinema, séries, teatro e videoclipes. Qual dessas linguagens mais te desafia hoje?
O teatro sempre será um lugar muito especial para mim e também o mais desafiador, porque não há segundas chances. Tudo o que acontece ao vivo precisa ser incorporado em cena. Já no set de filmagem, o desafio é outro: lidar com o ambiente técnico, as câmeras, a equipe e o fato de gravar, quase sempre, fora de ordem cronológica. Cada formato tem sua magia e sua complexidade.
Há novas produções ou estreias que você possa adiantar para o público brasileiro?
Atualmente, estou apresentando o LABRFF e dirigindo uma peça de teatro escrita por um autor brasileiro talentosíssimo, Alex Tietre, com um elenco 100% brasileiro. Faremos apresentações em Hollywood, em versões em inglês e português. Estou muito animada para ver como o público internacional vai receber esse trabalho.
Você tem planos de realizar projetos no Brasil novamente?
Sim, com certeza! Estou aberta a novas oportunidades no Brasil e, paralelamente, desenvolvendo projetos autorais. Neste momento, estou captando recursos para um musical brasileiro com canções de bossa nova que pretendo apresentar em Los Angeles e depois levar ao Brasil. A nossa música é muito bem recebida e representa o país de forma universal, leve e sofisticada.
Qual é a sua relação atual com Blumenau?
Blumenau é e sempre será minha terra natal. Meus pais ainda moram na cidade, e sempre que vou ao Brasil passo um tempo com eles. Adoro passear pela Rua XV, ir ao shopping, ao clube e, claro, comer um X-tudo! (risos). Sinto muita falta da comida e dos cafés da cidade — não existe torta alemã como a de Blumenau. Fico feliz quando as pessoas aqui nos EUA reconhecem a cidade por causa da sua história e da Oktoberfest. Sempre falo das minhas raízes.
Diante das recentes questões ligadas a imigração nos Estados Unidos, isso lhe preocupa de alguma forma?
É claro que esse tipo de notícia preocupa, mas eu tenho visto uma grande comunidade se apoiando, trocando informações e se fortalecendo. No meu caso, sigo com toda a documentação em dia, trabalhando com produções legítimas e dentro das normas.
O caminho do artista imigrante nunca é simples, mas é repleto de aprendizados e de uma força que vem justamente da diversidade. Quem quiser apoiar ou saber mais pode me encontrar no Instagram: @the_brazilian_actress.
▶️🛜Siga nossas redes sociais: Youtube | Instagram | X (antigo Twitter) | Facebook | Threads | Bluesky




