Entrevista com organizadores do protesto deste domingo (15) em Blumenau

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Fotos: Luciano Bernz

Através da página de eventos do Facebook, as pessoas foram convidadas para participar das manifestações neste domingo (15).  O Movimento Brasil Livre, é uma delas, que mobilizou ações em todo país, e a página criada em Blumenau, é a que teve maior adesão, em número participantes que confirmaram sua presença. Foram 13 mil até a tarde deste sábado (14). Ela foi encabeçada por sete jovens que conseguiram apoio de vários setores da sociedade.

Marcada para sair na frente da prefeitura de Blumenau neste domingo (15), às 16h, a manifestação é contra o governo Dilma e principalmente os problemas na economia, corrupção, além de outros. Contatados, entrevistamos dois representantes desse grupo, todos estudantes. A entrevista foi concedida na sede de OBlumenauense, no bairro Itoupava Seca, na noite de quinta-feira (12).

Os jovens José Galdino e Bruna Maffei nos informaram como tudo começou e que chegaram a receber ameaças, sendo registrado um boletim de ocorrência. Segundo eles, nenhum dos dois tem filiação partidária, e não tem conhecimento de que os outros participantes façam parte de algum partido. Além deles, organizam essa manifestação Alexandro Paiva, Alfredo Seubert, Cyntia Andrioli Muller, Fernando Felipe e Pedro Henrique Volpato.

 

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Bruna Maffei e José Galdino

 

OBlumenauense: Essa manifestação começou a ser organizada a partir de quando?

Bruna Maffei: O evento em si começou sem um movimento específico. Na época  percebemos que não tinha algo assim em Blumenau, então decidimos fazer. Quem começou foi um amigo meu, e de repente começou a crescer. Como ele já não estava mais dando conta sozinho eu entrei para ajudar e cresceu ainda mais. Foi então que achamos o MBL – Movimento Brasil Livre. Entramos em contato com eles e começamos a fazer parte, com o José Galdino e mais uma galera que nos ajudava.

José Galdino: Na verdade no começo não foi nada planejado. Começamos e virou uma bola de neve, com as pessoas entrando e assim foi crescendo. Com uma quantidade maior de manifestantes, precisávamos também de uma quantidade maior de organizadores. Assim entraram mais algumas pessoas para nos ajudar.

OBlumenauense: Vocês chegaram a receber algum tipo de ameaça?

Bruna Maffei: Sim. Inclusive fiz boletim de ocorrência porque a pessoa ameaçou dizendo que ia jogar uma bomba no evento, que o exército vermelho estaria presente e que iriam tocar o terror.

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OBlumenauense: Essa pessoa chegou a ser identificada? E foi uma pessoa apenas?

Bruna Maffei: Realmente não sei se identificaram ela. Diretamente foi uma pessoa. Teve alguns que disseram que vão jogar coquetel molotov e coisas assim.

José Galdino: Na verdade sabemos que algumas pessoas fazem isso por pressão psicológica e pirraça. Algumas pegam mais pesado, mas acreditamos que não irá acontecer, é só para colocar pressão mesmo.

OBlumenauense: Deve ter muitas pessoas que criticam. Algumas dessas críticas fizeram vocês melhorar algumas posições? E que mudanças vocês fizeram do começo do movimento até agora?

José Galdino: Na verdade críticas não recebemos muitas, mas sim várias sugestões. Estamos recebendo muitas manifestações de apoio. Hoje (dia 12) um dos nossos organizadores, o Pedro, foi reconhecido na rua e as pessoas foram pedir informações e manifestar apoio. Recebemos muitas sugestões de como deveríamos agir. A população tem nos procurado com ideias e até se oferecendo para ajudar. Coisas bacanas que só nos dão motivação.

Oblumenauense: A ideia básica surgiu em cima do impeachment da presidente Dilma. Continua em cima desse tema, ou é um conjunto?

José Galdino: O impeachment é a bandeira principal que começou a ser levantada, após todos os casos de corrupção, mensalão, petrolão, usinas de Belo Monte paradas, além de toda a situação do super faturamento de obras da copa. Sabemos que isso pode ser somente a ponta do iceberg e ter muito mais ainda por vir. Mas o impeachment é sim a bandeira principal.

OBlumenauense: Aqui em Blumenau existem mais algumas páginas sobre esse evento. A de vocês é a maior. Existe comunicação entre vocês?

Bruna Maffei: Teve um problema com uma certa página, que é a segunda maior, que usa o nome de Movimento Brasil Livre. Na verdade, eles não poderiam usar porque foram convidados a se retirar do movimento por várias situações. Eles não mudaram o nome e nos bloquearam. Mesmo assim eu preciso dar um jeito de passar as mudanças que estão acontecendo. Então passo as informações para amigos desses organizadores. Temos um contato indireto.

José Galdino: Tentamos criar um paralelo. Sabemos que existem outros movimentos pequenos ao redor. Mas como o único grupo real que está por trás das manifestações em todo país é MBL – Movimento Brasil Livre. Junto com as entidades, nós sempre alertamos para que o pessoal fique atento para alterar a data e o horário e assim fique de acordo com o nosso que está alinhado com todo Brasil. O foco de cada grupo não é problema. Se tiver um grupo cujo foco for menos juros, sem problema, irão com bandeiras e cartazes de menos juros. Só que no mesmo dia e horário.

OBlumenauense: Algum integrante do grupo possui filiação partidária?

José Galdino: Não. Ninguém é filiado a nenhum partido. Sabemos que cada um tem sua crença política. Eu, por exemplo, sou liberal conservador. Na minha opinião, acredito que a maioria dos brasileiros também são, mas acabam não reconhecendo. Acho que por questão desse discurso único da esquerda no Brasil, acabamos esquecendo essa nossa identidade política.

OBlumenauense: Qual a expectativa de vocês quanto ao número de pessoas que irão participar da manifestação?

Bruna Maffei: Nossa expectativa é a melhor possível. Como se trata de um movimento nacional, ou seja, o Brasil inteiro irá parar; então não tem como uma cidade não parar também.

OBlumenauense: Como está a ligação entre vocês e o movimento nacional?

Bruna Maffei: Estamos nos informando sempre. Eu sigo sempre as páginas do Movimento Brasil Livre e do Movimento Vem Pra Rua, para me informar bem. Tudo que fazem nos grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília; eu trago para o nosso movimento. Eles também nos mandam ideias.

José Galdino: Basicamente temos uma comunicação direta. Temos contato com representantes e orientadores de São Paulo que são o Renan e o Kin, de Florianopolis; enfim, de vários lugares.

OBlumenauense: O movimento vai se encontrar na praça da prefeitura às 16h já pra saída? Vocês tem alguma orientação do que levar e como ir trajado?

Bruna Maffei: Temos a previsão de sair de lá às 16h. Por isso pedimos para a população chegar um pouco antes, por volta de 15h ou 15h30min. Pedimos que as pessoas levem cartazes, deixem a cara pintada, e usem roupas com cores do Brasil. Pedimos para ninguém ir de jeito nenhum com camisa preta nem vermelha, não levar mochilas, rojões ou foguetes.

Nós da organização estaremos todos usando uma camisa verde e amarela com a palavra Organização. Então qualquer pessoa que suspeitar de alguém que esteja usando mochila ou querendo fazer vandalismo. É só procurar um de nós ou diretamente a Polícia Militar que estará presente.

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José Galdino: Pedimos também para que as pessoas procurem não deixar os veículos muito próximo dos locais da manifestação e façam um pequeno trajeto a pé. Isso para que trânsito no local não fique tão complicado.

Uma orientação muito importante, que veio da Polícia Militar, é que se acontecer qualquer vandalismo, todos sentem no chão. Todos que participam da manifestação de modo pacífico. Assim quem quiser deturpar o foco da manifestação, será mais facilmente identificado pela polícia.

Tomamos todas as medidas que podíamos para garantir a segurança. Quem participará da manifestação vai para lá já motivado pela mesma causa. Essas bandeiras que iremos levantar, na verdade estão presas no peito de todos. Acredito que dia 15 vai ser muito bonito. Vai entrar para a história de Blumenau.

OBlumenauense: Teria algo a mais que vocês gostariam de acrescentar?

José Galdino: Gostaríamos de ressaltar que a saída da manifestação acontece às 16h na praça da prefeitura e também salientar o apoio que recebemos da ACIB e CDL. Aquele manifesto que eles colocaram no jornal nos motivou ainda mais e deu credibilidade ao movimento. Por aí as pessoas podem ver que não é uma manifestação de molecada, de gente que não trabalha. Todos trabalhamos e tem sido muito corrido nesses últimos dias. Fica o nosso agradecimento a todos que estão apoiando esta causa.

O objetivo deste dia 15 não é apenas fazer uma manifestação somente agora. Queremos criar um grupo que vai expor essas ideias e fazer a manutenção desta manifestação por outras vezes. Vamos nos mobilizar ao máximo, para que sempre que for preciso estarmos na rua. Seja panfletando ou na mídia, relembrando que a população não é idiota e que estamos aqui para lutar pelo que é certo.