Entrevista com Alfredo Lindner sobre a nova Ponte

Alfredo-Linder

Fotos e texto: Luciano Bernz

O arquiteto Alfredo Lindner Junior é um dos maiores críticos sobre o local da nova ponte proposta pela administração municipal de Blumenau. Nesta entrevista ele  apresenta seus principais argumentos. Ela foi feita na audiência pública, realizada na noite desta sexta-feira (22).

OBlumenauense: Alfredo, você defende a construção da ponte na Rua Rodolfo Freygang, como previa o projeto inicial. Porque?

Alfredo Lindner Jr: Não é que eu defenda a construção da ponte na Rua Roldolfo Freygang, só acho que a cidade precisa definir o que ela deseja. Se deseja construir uma ponte urbana, que era o objetivo desta ponte da Rodolfo Freygang, que foi definido em 2002, inclusive na época eu era conselheiro do IPUB, ou se deseja uma ponte interbairros, que é o motivo desta audiência de hoje.

Uma ponte interbairros, que é uma promessa de campanha do prefeito Napoleão, na minha opinião ela não pode em hipótese alguma passar pelo centro da cidade. Essa ponte precisaria passar pelo anel periférico, que já existe no plano diretor. Esse planejamento foi feito pelo prefeito Felix Theiss há quarenta anos atrás.

Então, o problema de Blumenau hoje é a falta dos anéis. Nós temos o exemplo agora da inauguração da Ponte do Badenfurt, que faz parte do anel periférico Sul e tem problemas tanto do lado de Pomerode, pela viaduto na duplicação da BR. 470, quanto do outro. Porque o anel periférico pede a duplicação da General Osório, um projeto já contratado pelo prefeito, e a complementação pela ligação Velha-Garcia. Não tenho a menor dúvida de que o anel Sul é a única opção para uma saída conveniente do Garcia.

Agora, se for para melhorar o trânsito na Ponta Aguda e na área Central, a ponte da Rodolfo Freygang é muito mais eficiente porque ela cria o binário com a ponte Adolfo Konder. Quanto à questão da República Argentina, do anel Viário Norte… tudo isso melhora, fica facilitado evidentemente considerando a Rua Chile como binário oposto. O ideal seria que a Rua Chile fosse além da ponte dos Arcos. Até a parte já com quatro pistas do anel Norte, porque aí realmente haveria uma fluidez na saída do trafego e entrada pela República Argentina.

OBlumenauense: Você acha que faltou estudo para esse projeto?

Alfredo Lindner Jr: Acho que o que está acontecendo é óbvio. Estamos discutindo uma ponte que foi definida em campanha eleitoral, mas não pelo plano diretor, nem pelo planejamento urbano. Independente da questão ou vínculo político, o que estamos fazendo aqui é uma discussão até “fake”. Porque a ponte foi definida pelo candidato Napoleão em agosto de 2012. Estamos agora em agosto de 2014, e ainda tentando provar que o melhor lugar da ponte é lá. É absurdo uma ponte que foi prometida antes de qualquer estudo.

OBlumenauense: O projeto já está pronto. Na sua opinião, o que poderia ser melhorado?

Alfredo Lindner Jr: Olha, eu acho que o que poderia ser melhorado, é não fazer a ponte. Fazer naquela região para contemplar o próximo circuito ciliar do centro com a margem esquerda urbanizada, é incentivar a mobilidade de pedestres e ciclistas na área central. Nós teremos um circuito de cerca de 5 quilômetros, extremamente importante, porque do centro se conseguiria ir a pé aos três hospitais, aos três grandes colégios. É algo inevitável, como o próprio secretario Gevaerd falou, com o crescimento de 7% ao ano da frota de veículos, daqui a pouco os carros não conseguirão mais passar no centro da cidade. É só uma questão de tempo, um ou dez anos a mais.

Então não adianta criar uma ligação interbairros passando pelo centro. Se viu nas perguntas, um conflito inexplicável do que irá acontecer na Ponta Aguda principalmente. Mas eu diria que vai acontecer também na Fonte Luminosa, justamente pela falta de contagem de tráfego. Eu não consigo pensar numa ligação viária, muito menos numa ponte, sem uma contagem de tráfego eficiente, atual e honesta.