Empresários independentes divulgam “Carta Aberta aos Blumenauenses”

Foto: Giovanni Silva

 

 

 

Foto: Giovanni Silva

 

Um grupo formado por cerca de 200 empresários redigiu a Carta Aberta aos Blumenauenses. Eles fazem parte de diversos segmentos como salões de beleza, academias, informática, entre outros.

Os empreendimentos estão fechados desde as últimas medidas restritivas divulgadas pela prefeitura de Blumenau que preservou apenas as operações dos “serviços essenciais”. Não há uma voz que represente o grupo que se considera independente, ou seja, não vinculado a CDL, Sindilojas, ACIB, Ampe, ou outra entidade.

A carta está sendo divulgada pelo WhatsApp e outras redes sociais com o objetivo de sensibilizar a prefeitura para que autorize a reabertura geral do comércio.

 

CARTA ABERTA AOS BLUMENAUENSES

Nós, empresários do comércio blumenauense, empreendedores que somos, protestamos veementemente contra o fechamento dos estabelecimentos forçado pelo decreto do prefeito de Blumenau, sr Mário Hildebrandt, pelas razões que passamos a expor:

1. Já sofremos imensamente com o primeiro lockdown ocorrido em março e, mesmo após a reabertura, continuamos sofrendo com a baixa do movimento de clientes em nossos estabelecimentos. Desde então não conseguimos recuperar nossas perdas e muitos de nós já estão à beira da falência.

2. Vimos seguindo fielmente as regras de cuidados sanitários impostas pelo estado e município, o que naturalmente já diminui a possibilidade de público. Inclusive, investimos recursos financeiros, mesmo nesses tempos tão difíceis de escassos recursos, para disponibilizar à nossa clientela a segurança sanitária devida.

3. Temos todo o interesse cumprir as regras sanitárias, pois temos consciência de sua importância e interesse no cuidado com nossos clientes, pois são eles que garantem a sobrevivência do nosso negócio.

4. Não conseguimos compreender como o sr prefeito, ou qualquer pessoa, possa considerar que em um pequeno comércio, onde é fácil controlar entrada e saída de pessoas e o distanciamento social, possam ser considerados locais mais perigosos de contaminação do que grandes supermercados, por exemplo, onde, mesmo com limitações impostas, o fluxo de pessoas é muito maior e o distanciamento social, naturalmente, muito menor.

5. Em Santa Catarina, os negócios de micro e pequeno porte representam mais de 95% das empresas formalizadas e juntos respondem por 35,1% do PIB do Estado (fonte Sebrae). Já o nosso setor de comércio e serviços, em Blumenau, representa cerca de 50% do PIB de do município e mais de 20% dos vínculos empregatícios da cidade (fonte CDL). É inadmissível que o setor seja penalizado desta forma, tratado como se fosse o responsável pela transmissão do vírus.

6. Somos empreendedores que fazem do seu comércio o ganha pão de suas famílias e garante o pão na mesa de seus colaboradores. Não podemos ser discriminados de tal forma e muito menos aguentaremos sequer mais um dia de fechamentos dos estabelecimentos sem graves prejuízos aos empregos, à manutenção do próprio negócio e ao sustento de muitas e muitas famílias. Só quem vive o nosso dia a dia sabe que o comércio vive do giro cotidiano para sobreviver.

7. Qualquer entidade que concorde com o fechamento, ainda que temporário, dos estabelecimentos comerciais não nos representa, pois não pagará nossos colaboradores no final do mês, nem sustentará nossas famílias.

8. Ficamos ainda mais estupefatos com o fechamento do comércio decretado pelo sr prefeito, quando não vemos uma solução paliativa sequer da administração municipal para financiar nossos prejuízos enquanto permanecemos fechados.

9. Discordamos do fechamento impositivo de nossos estabelecimentos porque acreditamos que em vários outros municípios catarinenses os prefeitos tomaram medidas outras que combatem com mais eficiência a transmissão do vírus e não penaliza o comércio.

10. Foram 120 dias (4 meses) para se preparar para este momento que, já se sabia, seria o mais crítico pela chegada do inverno. No entanto fica claro que não houve competência administrativa para equipar devidamente os hospitais, nem mesmo prever a possibilidade de falta de mão de obra pelo adoecimento dos valorosos profissionais de saúde. Não houve capacidade da administração municipal para buscar soluções criativas, nem se falou na possibilidade de um hospital emergencial de campanha no município. Esperou-se o caos para tomar medidas mais fáceis para os governantes: fechar os estabelecimentos, apesar da penúria que isto causa aos empreendedores e à própria população.

11. As medidas tomadas se tornam inócuas, inclusive, porque nossos hospitais atendem pacientes de toda a região, cujos municípios continuam com o comércio aberto e circulação de pessoas.

12. Acreditamos na necessidade de distanciamento social e dos cuidados sanitários necessários que nossos estabelecimentos já vinham cumprindo regiamente. O fechamento penaliza a todos os bons comerciantes e a justificativa de que não há material humano para fiscalizar os possíveis descumpridores da lei não pode servir de argumento para punir tão severamente a imensa maioria que se esforça para cumprir decretos e manter empregos. Porém, como está claro, somos frontalmente contra o fechamento dos estabelecimentos comerciais. Temos convicção que não é dentro de nossos estabelecimentos, fáceis de controlar, que está a propagação do Coronavírus.

Enfim, queremos trabalhar! Precisamos abrir nossos estabelecimentos urgentemente, ainda que com todos os cuidados sanitários necessários. Porém, precisamos ser tratados como as demais empresas, alguns estabelecimentos comerciais considerados “essenciais” e muitos escritórios que estão trabalhando normalmente. Cansamos no discurso que diz que fechar o comércio é salvar vidas. Há outras maneiras muito mais competentes de fazê-lo e não é isso que está acontecendo em Blumenau. Utilizar melhor o dinheiro (dezenas de milhões) das esferas superiores, seria uma maneira de salvar vidas com mais competência e assertividade.

Estamos desesperados, no fio da meada e dispostos a colaborar no combate ao Coronavírus, desde que com os estabelecimentos abertos. Contamos com o apoio de nossos clientes e dos habitantes de Blumenau que sabem o quanto temos nos esforçado para nos adaptar a este novo momento e tem consciência de que a sobrevivência de empregos e negócios que existem para o sustento das pessoas depende da abertura dos estabelecimentos comerciais.

Conclamos o sr prefeito para a imediata abertura do comércio de Blumenau, sob pena de ser responsabilizado pelas famílias que ficarão desempregadas, pelo desequilíbrio social e pelo aumento da insegurança nos lares e ruas de Blumenau.

Blumenau, 25 de julho de 2020.

Empreendedores do Comércio de Blumenau