Diabetes infantil preocupa pela falta de atenção da população e do governo

Foto: ilustrativa
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Em todo o mundo pelo menos 170 milhões de pessoas sofrem de diabetes. Em 2025, este número deverá atingir a marca dos 300 milhões, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas têm a doença e metade delas desconhece sua condição. O número cresce de forma assustadora e não é raro o diagnóstico em crianças e adolescentes, um público que precisa de atenção. Outro fato que deixa pais e especialistas em alerta é a liberação de algumas insulinas, que passa por debates em Santa Catarina.

De acordo com a pediatra endocrinologista, Dra. Michele Gatti Carballo Vieira, quando o assunto é diabetes em crianças e adolescentes, o conhecimento e a precaução são sinônimos de um futuro saudável e seguro. “É primordial que se conheça a doença e os cuidados necessários para mantê-la controlada e evitar complicações futuras. É incrível como em um momento da história, onde se respira informação, muita gente desconheça ou evite tratar a doença, que pode trazer consequências gravíssimas”.

Conhecendo o diabetes

O diabetes se apresenta de duas formas. O tipo 2 é consequência, principalmente, da obesidade. Nesse caso, o corpo produz insulina, mas ela não consegue agir no organismo da forma correta, pois a gordura corporal cria uma resistência. Esse é o diagnóstico mais comum e também o que mais cresce na população geral, devido ao estilo de vida sedentário e alimentação com alto teor de açucares e carboidratos.

O tipo 1 é desencadeado principalmente na infância e ele é auto-imune, ou seja, o órgão responsável pela produção da insulina, o pâncreas, é atacado por anticorpos e deixa de produzir a insulina. Dessa forma, a reposição de insulina através de injeção se torna indispensável. A falta dela pode, inclusive, levar a óbito.

“Diabetes não tem cura, mas tem controle. No caso do tipo 1, o mais comum entre as crianças, o único tratamento é a aplicação de insulina. O tipo 2 é mais raro em criança, porém vem aumentando sua incidência na infância devido ao aumento da obesidade. Dependendo da idade da criança, podemos iniciar a terapia com medicação oral, mas nem sempre conseguimos fugir do uso da insulina. Porém um bom controle pode ser atingido ainda com alimentação adequada, exercícios e atenção diária”, ressalta a especialista.

Liberação de insulinas passa por debates em SC

Já é Lei, mas o assunto ainda provoca muita discussão. Trata-se da liberação de insulinas não convencionais pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A justificativa da Lei é que as insulinas disponibilizadas hoje não são capazes de controlar adequadamente a doença no diabetes tipo 1 e em muitos casos do tipo 2, quando este passa a requerer o uso da insulina.

“O nosso Estado ainda não incluiu no programa do SUS as insulinas mais indicadas para as crianças. Quem precisa e não tem condição de pagar, geralmente entra com processo. Muitos outros estados já disponibilizam essas insulinas quando prescrita e são liberadas sob análise”, esclarece a endocrinologista.

A profissional explica que, dependendo da idade do paciente, é feito o uso de quatro frascos por mês, ao valor médio de R$ 120,00 cada. “A situação será amenizada com uma insulina similar, que está para ser lançada e será comercializada por cerca de R$ 40,00 conforme os representantes nos passam. Mas a situação ainda é delicada para algumas famílias, pois além das insulinas ainda se gasta muito com os insumos”.

Esse é justamente o objetivo da Lei, já aprovada em Santa Catarina, que prevê a liberação do medicamento via SUS. No entanto, os pacientes ainda não tem acesso. Isso porque o governo entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal, que até o momento não se manifestou, deixando os pacientes em espera.