Desde 1998 o banco de leite humano fez diferença para 15 mil recém-nascidos em Blumenau

 

Por Claus Jensen, com fotos de Marlise Cardoso Jensen [OBlumenausense]

Uma solenidade no Salão Nobre da Prefeitura de Blumenau, comemorou os 20 anos de fundação do Banco de Leite Humano no município. A partir dessa data, mães que tinham dificuldades na hora de amamentar seus recém-nascidos, podiam contar com a ajuda de uma equipe e estrutura.

O evento que teve a presença do prefeito Mário Hildebrandt, começou às 10h15min desta terça-feira (31/07/18) e mostrou um pouco da trajetória desse importante trabalho desenvolvido pela entidade nessas duas décadas. Hildebrandt disse que no primeiro semestre de 2019, o banco poderá ter um carro, uma necessidade atual.

 

 

Em 1995, o pediatra Dr. Tarcísio Lins Arcoverde era funcionário da Secretaria Municipal de Saúde, e foi designado para fazer um curso de capacitação em Santos (SP), com Keiko Teruya; Pediatra, Doutora em Medicina pela USP, e uma das mais importantes autoridades sobre aleitamento materno no Brasil. “Fiquei duas semanas por lá, com o desafio de depois montar um projeto para Blumenau, que foi apresentado em 1997. Um ano depois começaram a aparecer os resultados com a inauguração do Banco de Leite Humano, além da iniciativa do Hospital Amigo da Criança em 2001, a redução da mortalidade infantil e aumento das taxas de aleitamento materno”, destaca o médico.

Entre as conquistas mais importantes, na opinião do médico, é a mudança da cultura do aleitamento materno. “Foi muito difícil no começo, porque havia a cultura da complementação do aleitamento com mamadeira, usando fórmulas infantis, mas isso já mudou. Hoje quando as mães tem problemas, elas sabem onde procurar ajuda para resolver as suas dificuldades”.

Arcoverde disse que desde lá, foram 15 mil recém-nascidos assistidos pela entidade. Ele ficou a frente do Banco de Leite Humano até 2005, quando assumiu a coordenação técnica da saúde da criança do município, nunca deixando de dar apoio a entidade. “Participo até hoje dos cursos de capacitação de aleitamento materno no Hospital Santo Antônio, além de outros que sou convidado. Quer dizer, deixamos o filho andar sozinho, mas ficamos de olho nele o tempo todo”, finalizou o pediatra.

 

Elisabeth Kuehn de Souza, sócia-fundadora e atual coordenadora do Banco de Leite Humano de Blumenau

 

Desde 1998, aquele primeiro espaço pequeno aumentou para 270 m², assim como o número de doações, atendimento e organização de eventos. Quando o Dr. Arcoverde saiu, deixou a missão com Elisabeth Kuehn de Souza, sócia-fundadora e atual coordenadora do Banco de Leite Humano.

“Para as mulheres com dúvidas ou dificuldades na amamentação, temos um ambulatório onde elas recebem ajuda. Assim que nos procuram, uma profissional já verifica o que está acontecendo e tenta resolver o problema. Toda mulher produz o leite para o próprio filho, a dificuldade está do bebê tirá-lo do peito. Nós ensinamos ele a extraí-lo, e se não der certo, usamos nosso estoque” destaca Kuehn.

A entidade não faz só a coleta, mas o processamento, controle de qualidade e distribuição do leite humano aos hospitais para alimentar os bebês. Tanto para os prematuros, quanto aos que precisam de um complemento.

Para que tenha leite, sempre será necessário doadoras. Kuehn disse que há muita oscilação no estoque, com épocas quando aumenta e outras que reduz. “Mantemos um estoque regulador, onde há uma reserva para atender períodos com menos doações já que os bebês não pode ficar sem se alimentarem. É o caso do verão, quando muitas mulheres entram de férias e viajam”.

O leite humano cru pode ser preservado em boas condições até no máximo 15 dias. Por isso, logo após ser coletado, ele geralmente é pasteurizado permitindo que fique armazenado por até seis meses. Kuehn lembra que é uma área com muitas tarefas rotineiras, como a limpeza e esterilização de frascos e tubos de ensaio para garantir a qualidade.

Além disso, a equipe do Banco de Leite Humano também organiza cursos, seminários, congressos e eventos com o objetivo de divulgar a cultura do aleitamento materno. A estrutura funciona junto ao Centro de Saúde Rosania Machado, na Rua 2 de Setembro, nº 1.212, no bairro Itoupava Norte, na frente da Policlínica.

 

Pediatras Dr. Maurici Nascimento e Dr. Tarcísio Lins Arcoverde (dir)