Depois de 48 anos trocando cartas, amigas de Blumenau e do Recife se conhecem pessoalmente

 

 

Por Claus Jensen | fotos

Em 1971, quando Greci Baehr trabalhava como secretária na multinacional alemã Hoeschst do Brasil, ela percebeu uma correspondência no malote. Um envelope veio errado da unidade de São Paulo, para a de Blumenau, já que seu destino era o Recife, em Pernambuco.

 

A primeira carta que Dona Greci escreveu à amiga Cristina

 

Na época, Greci tinha 41 anos, e escreveu algo bem humorado (não lembra mais), colocou no malote e enviou para que chegasse no endereço certo. Quem recebeu foi a funcionária Cristina Cavalcanti, que a partir desse fato ficaram amigas e começaram a se corresponder.

Dona Greci completou 89 anos no dia 24 de junho, e mais da metade de sua vida, exatos 48 anos, trocou cartas e conversou com frequência pelo telefone com a amiga nordestina em datas especiais como Natal, aniversários, entre outras. Quase meio século passou sem terem se conhecido pessoalmente.

Era difícil para Cristina viajar, porque cuidava da sua mãe que necessitava de cuidados especiais. Apesar de sofrer de artrose e andar com bengala, Dona Greci preparou uma grande surpresa para sua amiga.

 

 

No dia 21 de junho ela viajou ao nordeste para visitar Cristina sem avisar, deixando ainda mais emocionante esse encontro. Como já tinha o endereço usado nas correspondências, ficou a cargo de amigos da capital pernambucana descobrir o local exato.

Acompanhada da filha e do genro, eles foram à casa de Cristina, localizada no Centro de Recife. Um momento único e especial que marcou suas vidas. Foi a oportunidade para atualizarem suas conversas durante algumas horas, mas agora pessoalmente. Dona Greci ficou hospedada na casa dos amigos da filha e genro que os convidaram para passar lá, já que hoje a idosa também demanda mais cuidados.

 

 

Dona Greci conversou comigo pelo telefone e estava muito lúcida. Disse que Cristina foi a única pessoa com quem se correspondia por cartas e apesar de suas limitações ainda faz peças de tricô. É um hábito que cultiva nos mais de 30 anos. Com seu trabalho manual ajudou o clube de mães e uma capela do bairro Vorstadt.

É uma lição de vida que essa moradora da Rua Cananéia nos dá, que apesar dos seus limites, nunca desistiu do sonho de conhecer uma grande amiga.

Confira o vídeo que mostra o encontro das duas amigas