Copom mantém Selic em 15% e prevê juros altos por mais tempo

Decisão do Banco Central busca controlar preços e manter estabilidade econômica; medida traz efeitos positivos e negativos no cotidiano dos brasileiros.

Foto: Marcello Casal [Agência Brasil]

A taxa básica de juros do Brasil, a Selic, foi elevada para 15% ao ano e deve permanecer nesse patamar por um “período prolongado”. A decisão foi anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e consta na ata divulgada nesta terça-feira (24/06/25). O objetivo é conter a inflação, que segue acima da meta, impulsionada por uma demanda interna ainda aquecida.

Na prática, isso significa que empréstimos, financiamentos e até compras no cartão de crédito tendem a ficar mais caros. Para quem depende de crédito para realizar compras ou manter o negócio funcionando, o custo elevado pode dificultar o planejamento financeiro. No entanto, o Copom entende que segurar o consumo agora é necessário para evitar um aumento generalizado de preços mais à frente.

Apesar dos efeitos imediatos no bolso do consumidor, a medida tem um lado positivo: juros altos ajudam a conter a inflação. Com o consumo desacelerado, os preços tendem a subir mais lentamente. Isso protege o poder de compra, principalmente das famílias de renda mais baixa, que sentem mais os efeitos da inflação.

Outro ponto favorável é que uma Selic elevada atrai investidores estrangeiros, interessados nos rendimentos de títulos públicos. Esse movimento pode fortalecer o real e conter a alta do dólar, o que, por sua vez, ajuda a reduzir o custo de produtos importados, como combustíveis e eletrônicos — ou mesmo insumos usados pela indústria nacional.

A ata do Copom reforça que os núcleos de inflação continuam altos há meses, o que exige uma política monetária mais rígida. Em maio, o IPCA — índice oficial de inflação — subiu 0,26%, acumulando 5,32% nos últimos 12 meses. Esse valor ainda está acima do teto da meta contínua de 4,5%, dentro do novo modelo de acompanhamento adotado este ano.

Nesse sistema, a inflação é monitorada mensalmente com base nos 12 meses anteriores. Ou seja, em junho de 2025, será considerado o acumulado desde julho de 2024. Isso dá mais flexibilidade para o Banco Central agir, mas exige vigilância constante. Para o consumidor, significa que a trajetória dos preços pode influenciar diretamente nas decisões sobre juros, com impacto contínuo no custo de vida.

O cenário internacional também preocupa. O Copom cita incertezas ligadas à política fiscal dos Estados Unidos e à guerra no Oriente Médio, que afeta o preço do petróleo. Esses fatores têm reflexos diretos no Brasil, principalmente nos combustíveis, transporte e cadeia produtiva. Qualquer alta externa pode empurrar a inflação para cima aqui dentro.

Internamente, a economia ainda mostra sinais de força. O PIB cresceu no primeiro trimestre, com destaque para o setor agropecuário. O mercado de trabalho segue aquecido, com queda no desemprego e aumento na renda. Esses fatores ajudam a sustentar o consumo, mas também dificultam o controle da inflação — e justificam, segundo o Copom, a necessidade de juros elevados por mais tempo.

O crédito também segue ativo, embora mais caro. A geração de empregos e a renda em alta mantêm a demanda por empréstimos, o que sustenta parte da atividade econômica. Mas o custo para tomar crédito aumentou, o que pode inibir investimentos e compras de maior valor — como imóveis, veículos ou projetos de expansão empresarial.

A decisão de elevar os juros em 0,25 ponto percentual, de 14,75% para 15%, é vista pelo Copom como uma pausa estratégica. A intenção é observar os efeitos acumulados das altas anteriores antes de tomar novos passos. “Boa parte do impacto dos juros ainda está por vir”, afirma a ata, sinalizando cautela na condução da política monetária.

Para o cidadão, a mensagem é clara: os juros continuarão elevados por um tempo. Isso pode exigir mais planejamento nas finanças, adiamento de compras e cuidado com dívidas. Por outro lado, a medida busca garantir um cenário econômico mais estável no futuro, com inflação controlada e maior previsibilidade para famílias e empresas.

 


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