Cervejeiros de outros Estados falam sobre a importância do concurso em Blumenau para seus produtos e o país

Por Claus Jensen

O Concurso Brasileiro de Cervejas de Blumenau já é um dos cinco mais importantes do mundo. Conversei na noite de terça-feira (8/02/17) com dois cervejeiros gaúchos, o Estado com maior número de inscritos, e um paranaense, que ganhou o segundo lugar como melhor cervejaria. As três participam há anos do evento e falaram sobre a importância para  o mercado. Até surgiu uma sugestão para melhoria.

 

 

 

A Cervejaria Bodebrow, de Curitiba (PR), foi eleita a segunda melhor cervejaria do concurso e participou de todas as edições anteriores. Em 2013 e 2014, a Bodebrow foi eleita a melhor cervejaria do Brasil, enquanto nos anos seguintes ficou na terceira colocação. Para o proprietário Samuel Cavalcante, esse concurso em Blumenau representa o símbolo máximo no Brasil, que agora é a capital cervejeira do país. “Para nós é gratificante estar aqui com vocês, afinal quantos colonos austríacos e germânicos, sofreram para vir e deixar acessa essa chama da cultura cervejeira. Hoje estamos compartilhando esse momento com tantas outras cervejarias, como a Schornstein de Pomerode, que ganhou em estilos belgas. Estamos vivendo a grande abertura do movimento da cervejaria artesanal no Brasil. Nós temos condições de ser referência mundial e termos rotas cervejeiras com pessoas vindas de todos os lugares,  como Austrália, Estados Unidos, Canadá, França, Inglaterra, além de outros lugares” disse com otimismo Samuel.

A produção mensal da Bodebrow é de 35 mil litros, que deve aumentar para 100 mil com um novo projeto de ampliação. O dinheiro com as vendas de uma série de cerveja envelhecida em madeira (Wood Aged Series) será voltado para comprar os equipamentos dessa nova fase da empresa. Em Blumenau os rótulos da marca são distribuídos pela Vale do Lúpulo. Cavalcante também disse que admira o trabalho das cervejarias Blumenau, Blauerberg (Timbó) e a Schornstein (Pomerode).

 

 

 

Cervejaria Irmãos Ferraro de Porto Alegre (RS) participou pela quarta vez do concurso. Segundo o sócio proprietário e mestre cervejeiro Rodrigo Ferraro, em todas edições obtiveram premiações, mas desta vez não tiveram tanta sorte: “Eu acho que o importante foi a diversificação das cervejarias, algumas que não conhecíamos, poderemos experimentar no evento (Festival Brasileiro de Cerveja). Algumas coisas poderiam ser melhoradas, como o fato de algumas cervejas serem feitas para concurso. Eu acho que deveriam ser as mesmas que o consumidor recebe. Esse ano não ganhamos nada, mas tenho certeza que as vencedoras mereceram. Agora tentaremos no próximo.”

Quando a irmãos Ferraro começou a participar do festival há 4 anos atrás, já tinha a distribuição de suas cervejas em Santa Catarina, assim como em outros 13 Estados do Brasil. “As pessoas já conhecem nossa cerveja, então o festival é uma oportunidade para receber um feed back, não só dos jurados do concurso, mas do que o público está achando do produto”, finaliza Rodrigo.

 

 

 

Rodrigo Borowski é proprietário da Cervejaria Maniba de Novo Hamburgo (SC), que participa do concurso pelo terceiro ano. Em 2016 ganharam na categoria de melhor cerveja e nesse ano com uma asper, a Berliner Weisse. “Pelo número baixo de ouros, ou a qualidade da cerveja brasileira caiu, ou os jurados foram mais exigentes. Eu quero acreditar na segunda opção, o que acho muito bom, porque nos faz sair da zona de conforto e ir atrás de melhorias de processo e inovação. O saldo é sempre positivo, independente se tu ganha medalhas ou não, vale a participação, confraternização e há sempre um crescimento,” comentou Rodrigo.

A Maniba produz 8 mil litros mensais, uma produção pequena que hoje atende sua demanda. Sobre a diferença que  o festival fez na sua empresa, ele disse que as premiações do ano passado abriram alguns novos mercados. “Apesar de que na crise as pessoas compraram menos, mesmo assim conseguimos expandir os pontos de vendas“, comentou. Sobre o mercado das cervejas artesanais no Rio Grande do Sul, Rodrigo lembrou que foi o Estado que mais mandou amostras e tem o maior número de cervejarias no festival.

“Ainda temos muito o que crescer, mas é um dos lugares que mais está instaurado essa questão da cerveja artesanal. Novo Hamburgo é uma cidade de colonização alemã, mas nós nos inspiramos muito na escola americana e belga. Não conseguimos atuar em nossa cidade como gostaríamos, mas no Rio Grande do Sul temos muitas vendas,”  completa Borowski. Para ele o concurso é muito importante e motivador, principalmente pela oportunidade única de ter uma avaliação das suas cervejas por jurados do mundo todo, para melhorar cada vez mais.