Casal adota sete cães e fala sobre a convivência diária

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O casal Talita Maitê e Sinoê Vaz, tem sete cães adotados, e ela se mostra apaixonada pelos animais. Dentro da série “Adote um amiguinho”, conversamos sobre como surgiu essa paixão e o dia a dia na vida deles. Talita também reflete sobre o assunto “comprar um animal de raça”. Para ela a ideia de possuir um animal com a aparência idealizada e o cruzamentos entre cães que são parentes próximos ou de genética semelhante, trazem sérios problemas para os animais.

OBlumenauense: Quando você percebeu a importância em adotar cães? 

Talita Maitê: O gesto partiu de uma nova percepção da realidade. Houve o impulso espontâneo, e a sensibilidade preencheu completamente o coração. Esse chamado interno direcionou a tarefa e a clareza da realidade já não deixou a inconsciente indiferença permanecer. A partir desse momento já não houve tempo para questionar impedimentos, a mudança de percepção revelava que algo precisava ser feito, e esse algo era tão simples como boa vontade. As circunstâncias em que todos nós, (eu, meu marido e cada um dos cãezinhos) nos encontramos foram diferentes, mas os sentimentos semelhantes. Por parte deles visível desgaste, famintos de amor e diferentes graus de sofrimento. Em dois deles o estado de extrema desnutrição sinalizava abandono.

Quando o coração petrificado se abre para um novo sentimento, o de beneficiar os demais seres, cada pequeno ato é importante. Atualmente estamos com sete cães resgatados, espécies únicas, maravilhosos vira latas.

Cada caso é um caso, cães são indivíduos. Comportam-se e expressam-se de forma tão diversificada quanto um ser humano. Em geral observamos que houve inicialmente o isolamento num cantinho qualquer, estado de repouso absoluto de completo silêncio por alguns dias. Neste momento a contemplação desse descanso restaurador nos regozija. Então, sinais animados indicam a disposição para a apresentação gradativa com os demais curiosos e incomodados. Naturalmente acompanhamos o período de adaptação até que então com segurança, os integramos em convívio, direcionando para ser o mais harmonioso possível, visando sempre que se eleve o comportamento instintivo à energia emocional.

A proposta é enxergar a necessidade e servir. Servir é fazer algo que esteja acima dos nossos próprios interesses e atender a necessidade do outro. Sair da superfície das ideias pra arregaçar as mangas literalmente. Então é acolhimento, compromisso, respeito, amor e flexibilidade com prováveis travessuras. Os cães anseiam nos doar seu amor e são gratos a este amor que recebem.

 

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Talita-Maite_Sinoe-Vaz_02OBlumenauense: Como vocês administram a vida social com tantos animais de estimação? 

Talita Maitê: Requer atenção, espaço, alimento, higiene, viver próximo, basicamente aos pés e levar pra passear quando possível. Caso venha a morar no quintal, dispor de uma casinha, um local de abrigo. Ter tolerância com os previstos latidos e usar formas de entretê-los. Revezá-los em espaços diferentes para ir criando harmonia. Gradativamente a euforia diminui até que o convívio equilibra. Tem esse lado bom de tê-los como fiéis guardiões, nessa ansiosa alegria por nos proteger. E contamos com bons amigos sensíveis à causa, que se disponibilizam quando acontece de viajarmos.

Referente a alimentação, existem inúmeras alternativas viáveis que reduzem significativamente custos. Um exemplo é o uso do arroz especifico para cães onde podemos adicionar legumes e enriquecer a ração normalmente oferecida, que irá render por muito mais tempo. Em geral é necessário espaço; e o primeiro espaço a ser aberto é na consciência.

Livro-O-amor-caesA cooperação é um caminho de crescimento interior, de alma. Parece impossível? Realize. E o impossível se tornará realidade. E de repente: é simples!!! Para conhecer a dinâmica e as motivações de forma aprofundada sugiro a leitura do livro – “Viver o Amor aos cães” de Ana Regina Nogueira. E aqui na região o especial trabalho e dedicação realizado no sítio da Dona Lucia, que é um dos maiores abrigos de animais em Santa Catarina, e merece constante suporte social e apoio. Sempre é possível ser um elo na corrente do Bem.

OBlumenauense: E para finalizar, o que você pensa do comércio e reprodução de cães de raça pra venda?

Talita Maitê: Cães não são propriedades, nem objetos para serem vendidos. Tem emoções como nós. A intenção dos criadores de cães de “raça”, de aparência idealizada é enriquecer e ganhar prêmios em exposições, o que não traz benefícios para o cão, pelo contrario. Cruzamentos entre parentes próximos ou indivíduos de genética semelhante trazem sérios problemas, como saúde deteriorada e deformidades.